Nos últimos dez anos, Germán Efromovich transformou a Avianca Holdings
SA de uma companhia aérea em processo de recuperação judicial e abalada por um
atentado do narcotráfico, em uma das empresas líderes na América Latina. No
percurso, ele converteu uma aposta de US$ 64 milhões em estimados US$ 1,5
bilhão.
A companhia aérea colombiana
coroou sua volta por cima com uma emissão de ADRs na Bolsa de Nova Iorque
ontem, captando pouco mais de US$ 400 milhões no primeiro dia de negociações,
que serão usados para dar continuidade a planos de expansão.
Hoje, a Avianca possui uma
frota de 140 aviões, uma clientela crescente e voos para mais de 100 cidades.
Sua virada se deve a um investimento feito há nove anos por Efromovich, agora
presidente do conselho, que construiu sua fortuna no setor de petróleo e gás no
Brasil e lidera o conglomerado Synergy Group Corp.
A listagem em Nova Iorque,
disse Efromovich recentemente, "dará mais visibilidade à companhia e
facilitará a obtenção de empréstimos e financiamentos em condições mais
favoráveis".
A Avianca é a mais antiga
companhia aérea da América Latina e tem origem numa empresa fundada em 1920.
Sua frota é a segunda maior da região, atrás apenas da Latam Airlines Group SA,
fruto da fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN.
A virada da Avianca reflete
mudanças na Colômbia. Em 1989, o narcotraficante Pablo Escobar ordenou a
explosão de uma bomba em uma aeronave da companhia, matando 107 pessoas, com a
meta de assassinar um possível candidato à presidência que não havia embarcado.
A imagem da empresa sofreu outro abalo em 1990, quando uma das suas aeronaves
que ia de Bogotá a Nova Iorque caiu perto do seu destino final, matando 73
pessoas. Em 2004, a empresa enfrentava um processo de recuperação judicial em
Nova Iorque.
Foi nesse momento que
Efromovich chegou, injetando na empresa US$ 64 milhões e assumindo US$ 220
milhões em dívidas em troca de uma participação acionária controladora.
O momento era perfeito. A
Colômbia, graças ao bem-sucedido apoio militar dos Estados Unidos contra as
guerrilhas comunistas, se tornou um país mais seguro, estimulando a economia, o
que ajudou a criar uma nova classe média que passou a gastar mais em viagens
aéreas.
A frota da Avianca mais do que
triplicou, para cerca de 140 aviões com idade média de quatro anos. Em 2004,
eram 40 aviões com uma idade média de 13 anos. A empresa planeja investir até
US$ 5 bilhões nos próximos seis anos para expandir e modernizar a frota e a
estreia de seus ADRs em Nova Iorque ajudará a bancar esses planos. Em 2010, a
Avianca ampliou seu alcance e reduziu custos através de uma fusão com a Taca,
da América Central.
Os novos aviões da Avianca, as
refeições oferecidas como cortesia e as telas de entretenimento individuais,
mesmo na classe econômica, a tornou popular entre os viajantes. Ela transportou
16,3 milhões de passageiros nos primeiros oito meses deste ano, 8,3% a mais que
no mesmo período do ano passado.
A família Efromovich também
está presente no Brasil, onde estreou no setor aéreo em 2002, com a criação da
OcenAir. Em 2010, ela passou a se chamar Avianca Brasil, mas é uma empresa
independente da irmã colombiana. Ela é presidida por José Efromovich, irmão de
Germán. Apesar de a Avianca Brasil ainda estar longe das líderes no mercado
local, a TAM e a Gol, ela vem crescendo. Sua participação de mercado quase
dobrou nos dois últimos anos e em setembro estava em 7,39%, segundo a Agência
Nacional de Aviação Civil.
Efromovich, de 63 anos, pode
ser visto às vezes no aeroporto de Bogotá, testando os quiosques de check-in da
Avianca e monitorando as operações de embarque. A Avianca não respondeu a um
pedido de entrevista com ele.
"O maior desafio desde a
compra tem sido mudar a percepção da marca e recuperar a fidelidade dos nossos
clientes", disse o diretor-presidente da Avianca, Fabio Villegas, em
entrevista ao The Wall Street Journal.
Ainda assim, a empresa
enfrenta vários desafios, incluindo o risco da flutuação do câmbio que pode
corroer os lucros, concorrência dentro de casa da LAN e as condições do
aeroporto de Bogotá, que analistas e executivos da Avianca dizem ser pequeno
demais.
No segundo trimestre, a
Avianca obteve lucro de US$ 70,3 milhões, 6,6% menos que no trimestre anterior.
O peso se desvalorizou em relação ao dólar em meio às expectativas de que o Federal Reserve, o banco central
americano, comece a reduzir sua política de estímulo. As incertezas também tem
levado os consumidores da região a viajar menos para a Europa e os EUA.
A saturação do novo aeroporto
de Bogotá torna difícil para atender a todos os seus voos. "É um grande
desafio conectar passageiros e uma dor de cabeça operacional às empresas.
Quando este aeroporto estiver concluído ele já estará pequeno demais para a
demanda", diz Carlos Ozores, da consultoria da área de aviação ICF
SH&E.
Efromovich continua com seus planos de expansão. No ano passado, por
meio da Syngery, ele fez uma oferta para comprar a portuguesa TAP Airlines, que
acabou rejeitada pelo governo de Portugal. Recentemente, ele disse que
continua avaliando uma aquisição na Europa.
Nascido na Bolívia, Efromovich
entrou no setor aéreo de uma forma inusitada, há 14 anos, quando um cliente do
setor de petróleo lhe pagou o que devia, entregando-lhe um avião turboélice.
Esse seria o primeiro de uma frota de quatro aeronaves de uma empresa que o
empresário criou para levar funcionários para campos de petróleo no Brasil.
Hoje, seu império está
espalhado por quase toda a América do Sul em áreas como serviços para os
setores de petróleo e gás, agricultura, hotelaria, construção naval e usinas de
energia.
Filho de imigrantes poloneses,
ele chegou a vender enciclopédias porta a porta. Depois criou codornas e fundou
uma escola voltada para a educação de trabalhadores adultos, onde chegou a dar
aulas. Entre os alunos, estava Luiz Inácio Lula da Silva.
Título e Texto: Darcy Crowe e Sara Schaefer Muñoz, The Wall Street Journal, de Bogotá.
(Colaborou Silvana Mautone.)
Valor Econômico, 07-11-2013
Ué... esse tal aluno adulto do texto estudou ?
ResponderExcluirCom relação à trajetória do dono da Avianca, conheço algo muito parecido por aqui, por terras tupiniquins
Aliás,foi um prazer enorme passar dias observando a desenvoltura de uma aérea Colombiana na ponte aérea Rio-São Paulo.
Outro espanto Tupi-Guarany.
Terra dos espantos, essa nossa, porquanto acaba com as suas produções e importa a produção dos outros.
É por isso que.............pois é, aí vem um cara lá da Austrália e ido que disse.
E, pior , é que ele tem razão
Acho que o melhor é antes de embarcar, apagar a luz
José manuel