John Wolf
Irei tentar ser brando e
comedido no uso das palavras, quando, em abono da verdade, o presidente da
Câmara Municipal de Lisboa (CML) mereceria ser insultado.
As famílias lisboetas bateram
com a cara no portão do Parque Recreativo do Alvito neste 1 de Maio. Em pleno
dia do trabalhador (ou o raio que o parta), António Costa demonstra
inequivocamente (e mais uma vez) que não tem nível para interpretar o
sentimento colectivo.
O "povo" já muito
zangado, cabisbaixo e frustrado com o estado da nação, não tem margem de
manobra para aturar idiotices autárquicas. Como ousa a CML fechar o Parque
Recreativo do Alvito neste dia, quando tantas famílias aí encontram o seu
refúgio gratuito, a sua tranquilidade, o seu descanso? Dia do trabalhador? Ou
Dia do Autarca Atrasado Mental?
Provavelmente a resposta do
chefe Costa seria qualquer coisa do género: "Há que respeitar o descanso
do trabalhador neste dia com forte carga política e ideológica". Ah, sim?
E que tal o respeito pelas crianças e as respectivas famílias? Não arranjam um
porteiro e dois assistentes? Então façam uma requisição civil de dois ou três
funcionários para abrir o parque do Alvito neste esplendoroso dia de
piqueniques e convívio familiar.
O presidente da CML demonstra
grande insensibilidade. Francamente. Quanto custa um beberete nos Paços do
Concelho para receber um dignatário vindo do reino da Noruega? Quanto custam as
belas projecções luminosas da Praça do Comércio?
Quanto vale a felicidade de
tantos miúdos e graúdos que não dispõem de meios para dar um saltinho a Londres
para umas compras de ocasião?
António Costa pode invocar o Santo e a
Trindade, o livro sagrado da ideologia da Esquerda, os cadernos eleitorais, mas
nada servirá para desculpar esta rudeza, este insulto aos seus munícipes.
Um cidadão nacional, com quem
troquei algumas palavras em frente ao excelso portão trancado, despejou
singelas frases de desencanto. Retenho estas em particular: "Fui emigrante
vinte e dois anos na Suiça. Voltei em 2007. Se soubesse que iria encontrar esta
merda, nunca tinha tirado os pés de Lausanne. Estou arrependido por ter voltado
a esta miséria".
E eu acrescento; os lisboetas
não podem admitir ser enxovalhados deste modo. Espero que caia uma chuva de
reclamações na secretária do magnífico presidente da CML.
Título, Imagem e Texto: John Wolf, Estado-Sentido,
1º de maio de 2014
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