Caro Canídeo Tabagista,
A pergunta que realmente
importa não é esta, ou seja, a que quer saber o que há de errado com o povo brasileiro...
Na verdade, a pergunta correta
é "O QUE HÁ DE ERRADO COM O ELEITORADO E A DEMOCRACIA BRASILEIRA?".
Aí a minha resposta é a que
venho dando sempre em meus escritos: NÍVEL
DE ESCOLARIDADE, DE EDUCAÇÃO E DE POLITIZAÇÃO.
Embora sendo visceralmente
contra, aceitaria, de bom grado, até uma funesta reexperimentação de um regime
socialista se tal decisão fosse tomada por um eleitorado brasileiro composto
por pessoas que tivessem, pelo menos, o segundo grau de escolaridade e educação
oficial do país, algo que, a propósito, é exigido pelos próprios governos como
condição sine qua non para que alguém
seja admitido para o funcionalismo público, por mais humilde que seja o cargo,
como por exemplo, para gari municipal.
Como tal exigência pode ser
considerada correta se esses mesmos governos a esquecem na hora de admitir
candidatos, eleitores, eleitos e indicados a cargos de confiança? Ora, isso nos
parece um absurdo amplamente conformado.
Evidente que, se tal exigência
fosse aplicada ao colégio eleitoral, um eleitorado de muito melhor nível
surgiria e uma das primeiras preocupações por parte desse corpo de eleitores
seria, acredito, exigir probidade (ficha limpa), competência, preparo técnico e
plataformas de atuação bem claras e definidas por todos aqueles que viessem a
postular cargos eletivos e de confiança no país, em todos os níveis.
É evidente que isso anularia,
na base, diversas ignomínias que enfraquecem o nosso sistema democrático e nos
empurram para regimes autoritários, tais como a compra de votos mediante
benesses estatais distribuídas entre os mais pobres e ignorantes sem qualquer
contrapartida por parte dos beneficiários, a vista grossa ao crime e aos grupos
de baderneiros que agem sob a égide governamental sob a alcunha de
"movimentos sociais", o aparelhamento sistemático do estado por um
partido político mediante a compra de partidos nanicos com o mesmo viés ideológico,
fatos que geram uma corrupção endêmica agravada pelo crescimento do pior dos
capitalismos, o capitalismo de estado.
As pessoas estudadas,
educadas, politizadas, são as que aprenderam a ler e a interpretar todas as
correntes filosóficas, principalmente as que mais se conflitaram ao longo do
século XX. Se as decisões locais, regionais e nacionais ficassem por conta
desse tipo melhor de pessoas, e por conseguinte, de uma cidadania mais
qualificada, o resultado seria uma democracia com instituições muito mais
fortes, e uma atividade econômica muito mais produtiva e com base num
capitalismo de viés eminentemente privado e produtivo, como nos ensina a grande
lição - embora não aprendida ainda por alguns - oferecida pela história do
Século XX. E isso ocorreria em benefício direto dos que ainda não tenham
adquirido tais condições mínimas para o exercício da cidadania.
No Brasil, os "currais
eleitorais" não acabaram, mas apenas se "modernizaram"...
Título e Texto: Francisco Vianna, 13-09-2014
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