segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Programas/comerciais eleitorais na TV: a verdadeira audiência

Cesar Maia
           
1. Os aparelhos de TV ligados não alcançam 50% a cada momento. Durante os programas eleitorais na TV, nessa campanha, a audiência tem caído 40%. Os comerciais têm audiência igual às dos programas na mesma faixa de horário. Mas menor atenção. Os mais açodados acham que, por isso, a TV nas campanhas tem muito menor audiência que anos atrás.
           
2. E mais ainda se pode dizer. Antes, a audiência das TVs não baixava na primeira semana. Depois caía e só crescia na última semana. Com isso, a atenção aos impactos das mensagens pelos marqueteiros ocorria no início e no final das campanhas. Agora a queda de audiência aconteceu logo após o início das campanhas eleitorais pelas TVs.
           
3. Tudo isso é verdade. Mas não são as mesmas pessoas que assistem aos programas num dia e em outro dia, numa hora e em outra hora. Com isso, em vez de audiência a cada momento, se deve pensar em audiência cumulativa. Ou seja, hoje são umas pessoas que assistem, amanhã não são as mesmas necessariamente e assim por diante. Dessa forma, a audiência cumulativa é bem maior que a audiência medida num certo momento.
           
4. Essa nova dinâmica exige das produções variações de tema sobre uma mesma mensagem ou linha de comunicação. É como se o perfil e a imagem do candidato fossem sempre os mesmos. As narrativas sempre as mesmas. O que muda é o tema ou a história, contadas reforçando o personagem. Assim, do ponto de vista do expectador de um dia e de outro dia, a imagem do candidato é sempre a mesma, realçada por história ou temas distintos.
           
5. Um erro fatal com as audiências e as atenções atuais é variar a imagem do candidato com a variação do tema. O publicitário e a produção são pressionados ao sabor das pesquisas e as equipes e os próprios candidatos exigem que “o programa mude”. Às vezes essa radicalização culmina com a mudança da própria equipe de comunicação, contratando um publicitário/produtor “mais ousado, mais agressivo”.
           
6. Esse erro fatal afeta a cumulatividade e surge na telinha outro personagem. Sendo assim, a audiência – no momento da mudança – inicia um novo ciclo de cumulatividade. Quando isso ocorre no início da campanha pela TV a perda é menor. Mas quando ocorre do meio para o final, será fatal. A audiência acumulada não consegue mais transmitir uma imagem do candidato, não dá tempo, não há audiência acumulável.
           
7. Onde ocorre essa mudança de equipes, anotem: a probabilidade da derrota informada pelas pesquisas se acentua e passa a ser muito maior. O socorro produz uma queda de intenção de voto ainda maior que a anterior. Produz – quase sempre – a derrota.   
Título e Texto: Cesar Maia, 08-09-2014

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