Gabriel Mithá Ribeiro
«Antigamente nós não éramos assim. O próprio colono mudou-nos. Construções,
esta língua que estamos a falar para nos entendermos, por exemplo. Aprendemos
essa linguagem. Posso dizer que o colono civilizou-nos. Trouxe escola, trouxe
educação. Hoje em dia temos fábricas. (…) Embora tenham trazido progressos, no
lado negativo posso dizer que desses progressos havia poucos benefícios para
nós. O benefício maior era para o lado deles. Eles ensinaram-nos as coisas,
demonstraram as coisas, como se faziam, mas os benefícios eram para o lado
deles. Eu posso dar um exemplo daqui. Ensinaram-nos a explorar as minas, mas os
lucros iam para o lado deles. Os moçambicanos trabalhavam, mas não ganhavam
nada. Escravatura: também levavam pessoas para lá [Portugal e outros países
coloniais]. (…) Se valeu a pena ser colonizado? Valeu, valeu. Pelo menos temos
uma linguagem oficial e outra coisa foi o progresso. As coisas negativas eram
próprias desse tempo. Isso não foi só no nosso país. Se não houvesse
colonização não estaríamos desta maneira [desenvolvidos].»
Registro de trabalho de campo – Moçambicano, negro, 30 anos, Cidade de
Tete/Moçambique, 29-7-2004.
Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, Vice-Presidente do CHEGA!, 30-12-2020
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O tumor maligno entre Poder e Povo. Três teses. Tese Um
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