quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

[Diário de uma caminhada] Os patetas do «populismo» de «extrema-direita» face à força messiânica de André Ventura


Gabriel Mithá Ribeiro

Nos textos que publico e intervenções que faço tenho a preocupação insistir no fundamental, no que determina o resto. É o caso da particularidade que nos define enquanto espécie humana, o pensamento. Quando procuramos captá-lo, compreendê-lo, interpretá-lo, valorizá-lo preservamos o hábito saudável de ver a árvore, mas revelamos enormes dificuldades em abandonar o erro crasso de não vermos a floresta. Daí em diante a compreensão do mundo fica turva, até o óbvio fica difícil de enxergar.

A árvore é o pensamento individual. É o pensamento do intelectual, do filósofo, do escritor, do ensaísta, do romancista, do poeta, por aí adiante. São aqueles indivíduos, alguns notáveis, que traduzem o seu pensamento em livros e escritos. É para esses que tendemos a reservar a categoria de pensador. A floresta é outra coisa, é o nosso lado cego, abandonado, é o pensamento social ou pensamento coletivo. A floresta é o pensamento de senso comum que as sociedades produzem à medida que os indivíduos se relacionam uns com os outros nas ruas, cafés, zonas de residência, locais de trabalho, transportes, convívios, redes sociais, por aí adiante.

Porque essa é a natureza humana, a árvore e muito mais floresta do pensamento nunca são estáticas no tempo e no espaço, estão em reinvenção permanente. Por essa e por todas as razões, na sua eterna caminhada o ser humano necessita de liberdade para se ir adaptando com sabedoria ao mundo.

Sociedades que são sociedades renovam-se pensando por si mesmas sem pedir licença a quem quer que seja, muito menos a umas quantas figuras intelectuais ou políticas, tanto pior quando a sua credibilidade é duvidosa. Perceber e respeitar as sociedades é, acima de tudo, tratá-las como sujeitos coletivos que pensam, atitude reveladora de uma forma superior de inteligência que alguns indivíduos possuem por intuição ou por via da reflexão, do estudo, da meditação. É uma das qualidades de André Ventura.

Por defeito congénito ou teimosia, os seus adversários acantonados na comunicação social, nos partidos políticos do regime, nos meios académicos, intelectuais e artísticos para parecerem muitos, mas que representam quase nada no universo coletivo pensante, manifestam ufanamente possuir uma dimensão fundamental da sua inteligência castrada, justamente a que lhes permitiria compreenderem o mundo além do seu umbigo, o sentido da realidade vivida pelas pessoas comuns tal como se manifesta nos seus quotidianos. Enquanto uns aprendem a corrigir-se, outros julgam disfarçar o seu estado de inteligência seriamente danificada insistindo em acusar quem a possui integral e saudável de populista de extrema-direita, o que agrava o seu narcisismo patológico herdeiro direto da castração mental imposta pelos soviéticos. 

Só quem tem em conta a árvore e a floresta é que consegue aproximar-se e identificar-se com noções equilibradas e tão completas quanto possível do que é a complexidade do pensamento humano. Na prática, só dessa forma é possível respeitar a plenitude do ser humano, aquilo a que estamos moral e civicamente obrigados.

Quem apenas enxerga uma das metades da condição humana – a biológica ou a mental; a afetiva-emotiva ou a racional; a teórica ou a prática; a especulativa ou a empírica; o coração ou a cabeça; a tradição ou a modernidade; a individual ou a coletiva –, o mesmo que dizer que quem só enxerga a árvore e não enxerga a floresta ou, enxergando ambas, despreza uma das dimensões para sobrevalorizar a contrária acabará por interpretar erradamente o mundo. Essa é a génese dos fenómenos de alienação social que são, antes de mais, fenómenos de alienação mental socialmente disseminados por quem controla os meios para o fazer.

Desde o século XX, a novidade foi a da alienação social passar a ser imposta pela casta minúscula referida (académicos, intelectuais, jornalistas, autodenominados agentes da cultura como músicos, atores, artistas plásticos, entre outros) que substituiu, com grande eficácia, a fontes populares ou religiosas de alienação social dos séculos precedentes. Aos olhos de tal casta, ai do desalinhado que ouse comprovar e defender publicamente que a floresta existe, que as sociedades pensam, sentem e têm o direito de se manifestar e decidir por si mesmas sem a tutela de uns quantos iluminados, sem a tutela de uma casta autoconvencida que é dona exclusiva do pensamento e sentimento humanos ou, pelo menos, que é dona do pensamento e sentimento corretos. Esse desalinhado será estigmatizado como perigosíssimo populista de extrema-direita. Felizmente que o senso comum não é ignorante nem intelectualmente estúpido, e não é por acaso que as suas tradições e crenças não morrem, antes podem melhorar com a passagem das gerações.

Caro Leitor, espero que entenda o valor moral, intelectual e cívico de André Ventura e o quanto lhe devemos e deveremos. Votar na sua candidatura presidencial, apelar ao voto nela, combater quem a combate é o mínimo que a minha consciência e inteligência exigem. Não só pelas razões abstratas referidas, mas também por razões concretas, por vivermos num país no qual a dignidade existencial e as condições de vida dos portugueses comuns têm sido gravemente incompreendidas, ignoradas, humilhadas, ostensivamente prejudicadas por todo um regime, a Terceira República.

O destino decidiu, finalmente, colocar-lhe um travão através de uma força messiânica que está acima do carisma, este a autoridade natural da capacidade de liderar, aquela uma qualidade humana ainda mais rara. Todavia, força messiânica não significa necessariamente enviado de Deus, apenas alguém cujas convicções íntimas instigam transformações de uma sociedade inteira, acima de tudo por razões morais para pôr cobro a um pântano existencial nascido do desrespeito pela plenitude da condição humana. André Ventura é essa força, a força fundadora da Quarta República.

De resto, até nos elogios um medíocre é medíocre, por isso não poupe nuns e noutros quando lhe parecer justo perante evidências irrefutáveis e persistentes. Pouco mais de um ano de André Ventura contra os quarenta e seis anos do regime chegam e sobram.

Sobretudo a partir das eleições presidenciais de 24 de janeiro, que 2021 marque decisivamente a continuação da Caminhada da Restauração do Amor-Próprio e da Esperança dos Portugueses e de Portugal!

Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, Vice-Presidente do CHEGA!, 31-12-2020

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