quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

[Aparecido rasga o verbo] Dois Natais completamente distintos....

Aparecido Raimundo de Souza

O QUE AS PESSOAS, de um modo geral, tem para comemorar neste Natal? Quando falamos em ‘pessoas, de um modo geral’, fazemos referência, evidentemente ao povão brasileiro. Ao sofrido, ao desgraçado, ao ‘não quem sou eu mesmo?!’, que sai às cinco horas da manhã, em busca do ‘venha a nós, o Vosso Reino, pelo amor de Deus’. 

Sinalizamos aqueles cidadãos e cidadãs que fazem parte do cotidiano, do corriqueiro, do banal, ou seja dos pais e mães de famílias, dos trabalhadores e das trabalhadoras -, grosso modo, dos assalariados, das professorinhas que apanham dos seus alunos, dos motoristas de ônibus e cobradores que são assaltados...

Também listamos neste rol, os mecânicos, as vendedoras, as faxineiras, as domésticas, os feirantes, os comerciantes... Mencionamos, sem exceção, as demais criaturas irmanadas numa gigantesca procissão de atolados e desmilinguidos, que dão as suas vidas e, com elas, o sangue, o suor, o cansaço, a fadiga, o agastamento para colocarem o pão de cada dia nas mesas de seus lares para que seus filhos não passem fome.

Quando falamos em ‘pessoas, de um modo geral’, estamos englobando (e repetindo, para que fique gravado na mente dos seres viventes ), os casais comuns, os favelados, os moradores de ruas, os padeiros, os porteiros, os taxistas, os vulgares, os acanhados, os demais mergulhados até os fundilhos de seus pescoços em dúvidas e dívidas.

Apontamos, no mesmo saco de sofrimentos e mazelas (a banda podre derrubada, desnivelada, sacrificada, qual seja, a pluralidade dos decentes que sobrevivem aos trancos e barrancos em lugarejos, vilas e cidades, país ‘à-dentro-e-a-fora’) e tentando trazer, de roldão, à baila, a distinção dos que não conseguem guardar um centavo para promoverem a seus consanguíneos, uma ceia de natal digna.

Esta parte consorciada da confraria de bravos e heróis anônimos, que não sabe o que será, ou como será o seu amanhã. Em vista deste quadro lúgubre, desastroso, a indagação que queremos deixar no ar: COMO SERÁ A NOITE DE NATAL DESTES DESTEMIDOS, DESTES CAMPEÕES, DESTES VERDADEIROS PALADINOS?

Provavelmente, a mais calamitosa, a mais degradante e deprimente, a mais ignominiosa e ultrajante de todos os tempos. Temos plena certeza que não haverá uma alma decente que tenha coragem suficiente para nos responder, e se o fizer, será em forma de sacanagem, de chacota, de gozação. Neste brazzzil de picaretas e flibusteiros, de piratas e punguistas, de safardanas e corruptos, de enganadores e bucaneiros dos milhares e milhões de Manés e Descabeladas, o Natal se traduzirá em apenas três palavrinhas simples: ‘SEM NATAL FELIZ’.

Em contrapartida, para os nossos ladrões (entendam como ladrões, não os que estão nas cadeias, enjaulados), cumprindo penas. Proclamamos, com todas as letras, os LADRÕES, os velhacos de colarinho branco, os senhores que se acham os donos do Poder, os que nos surrupiam, os que nos afanam, os que nos furtam, nos roubam, minuto a minuto, os que nos usurpam em ‘crimes continuados’, sem armas, sem darem um tiro.

Os verdadeiros ladrões do povo, os vigaristas das enxurradas, são estas infâmias que metem, na cara de pau, as mãos em nossos bolsos e carteiras, em nossas contas bancárias e poupanças, em nossos ganhos e salários... Acreditem, não outros senão os larápios-cinco-dedos que nos submetem a uma espécie de campo de concentração dos tempos modernos, todavia, se revisitado por uma ótica mais aprofundada, atinaremos, espantados e boquiabertos, com vastíssimos campos de concentração nos moldes de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ou Vaivara, na Estônia.

Para estes parasitas, para estes sacripantas e roedores, o natal será alvissareiro e promissor, estes bandidos terão as mesas fartas, com os melhores vinhos e guloseimas importados. Devemos ter em conta, que o brasileiro é, antes de qualquer coisa, um covarde. Um medroso, um imbecil, um pau para toda obra. O brasileiro é um ludibriado; um ‘alexandre-vai-com-os-outros ‘i’-morais'’; um sem porto; sem noção; desconhecedor de seus direitos. Porém, indubitavelmente, é um Teimoso, um Destemido, um ‘VENCEDOR’.

Apesar das montoeiras de lixos podres e mal cheirosas, dos dejetos fedidos e hircosos, das bostas e catinguentos que temos acumulado em Brazzzilia, mormente das doenças contagiosas que por lá abundam, malefícios que nenhum médico (por mais moderna que seja a sua medicina), consegue topar com a cura, o brasileiro segue adiante. O cabeçudo consegue, apesar do terreno irregular, dar uma de 'Noite Ilustrada', aquele cantor mineiro que, não importava a situação pela qual estivesse passando: ‘levantava, sacudia a poeira e dava a volta por cima’.

O dia que conseguirmos extirpar da face da terra, arrancando os achaques e as moléstias pelas raízes, ou mais precisamente, o dia em que conseguirmos mandar para os quintos do inferno, os amargores, as lesões, as feridas, os descalabros incuráveis que assolam a Capital do 'capital fedemal’...

...O dia em que dermos nosso grito de guerra e um basta definitivo nos verdadeiros filhos do Capeta, a saber, os deputados, os senadores, os (mi’SI’nistros estes, diga-se de passagem ‘deuses-fajutos’, excrementos da pior qualidade, enfiados iguais urubus em busca de carniças naquele pardieiro conhecido como ‘Corte Suprema’, ou STF), passaremos a respirar ares melhores.

Outrossim, usufruiremos dias de sol maviosos.  Mesmo norte, a termos vida plena. Todos nós, pobres e indigentes, seremos beneficiados por uma VACINA DIVINA SALVADORA, que nos deixará imunes de todas estas calamidades e aflições, destas úlceras e fístulas que carcomem a nossa vida, que arruínam nosso chão, que puxam nossos tapetes, que desmoralizam a nossa vergonha, que mancham e maculam a nossa paz, que pisoteiam a nossa moral, que denigrem o nosso ego e escafedem a nossa felicidade.

A partir daí, os entristecidos e falidos, os submissos e desabonados, bem ainda os marginalizados por esta sociedade de cafetões e putas, vagabundas e rameiras, poderão bater forte nos peitos e gritarem, à altas vozes: ‘ESTE ANO, TEREMOS UM FELIZ NATAL’.

Enquanto este dia não chegar, ou não se materializar, enquanto permitirmos que a contaminação dos soberanos e biltres, trastes e escrotos comandem as nossas vidas, ou nos tratem como paus mandados, a degenerescência, a perversão e o vício intocável de uma meia dúzia de bêbados e Damares, Sapas e Maias, Sapos e Alcolumbres, Lulas e rãs, Dilmas e Dórias, Covas e Boulos, ‘Pesãos’ e Crivellas continuem nos dando ordens e vomitando o que devemos ou não fazer, não seremos uma NAÇÃO PORRETA, DONA DO PRÓPRIO DESTINO.

Face a tudo o que acima foi escrito, nos resta acreditar piamente que FELIZES SÃO TODOS AQUELES QUE MORRERAM, QUE SE FORAM, QUE PARTIRAM DESTA SITUAÇÃO CAÓTICA, DESTA BABEL CARNAVALESCA, PARA OS CONFINS DO ALÉM-TÚMULO.

O NATAL DESSA TURMA DE FALECIDOS É QUE GOZA, EM TODO O SEU DESLUMBRAMENTO, A TRANQUILIDADE E OS BENFAZEJOS DO PAI MAIOR. SEM DÚVIDA ALGUMA, SERÁ, PARA ELES, OS NOSSOS ENTES E AMIGOS QUERIDOS, O MELHOR E O MAIS PERFEITO E, POR QUE NÃO DIZER, A MAIS COBIÇADA NOITE DE NATAL DO PLANETA?!

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo., 24-12-2020

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