Aparecido Raimundo de Souza
O
QUE AS PESSOAS, de um modo geral, tem para
comemorar neste Natal? Quando falamos em ‘pessoas, de um modo geral’, fazemos
referência, evidentemente ao povão brasileiro. Ao sofrido, ao desgraçado, ao
‘não quem sou eu mesmo?!’, que sai às cinco horas da manhã, em busca do ‘venha
a nós, o Vosso Reino, pelo amor de Deus’.
Sinalizamos
aqueles cidadãos e cidadãs que fazem parte do cotidiano, do corriqueiro, do
banal, ou seja dos pais e mães de famílias, dos trabalhadores e das
trabalhadoras -, grosso modo, dos assalariados, das professorinhas que apanham
dos seus alunos, dos motoristas de ônibus e cobradores que são assaltados...
Também
listamos neste rol, os mecânicos, as vendedoras, as faxineiras, as domésticas,
os feirantes, os comerciantes... Mencionamos, sem exceção, as demais criaturas
irmanadas numa gigantesca procissão de atolados e desmilinguidos, que dão as
suas vidas e, com elas, o sangue, o suor, o cansaço, a fadiga, o agastamento para
colocarem o pão de cada dia nas mesas de seus lares para que seus filhos não
passem fome.
Quando
falamos em ‘pessoas, de um modo geral’, estamos englobando (e repetindo, para
que fique gravado na mente dos seres viventes ), os casais comuns, os favelados,
os moradores de ruas, os padeiros, os porteiros, os taxistas, os vulgares, os
acanhados, os demais mergulhados até os fundilhos de seus pescoços em dúvidas e
dívidas.
Apontamos,
no mesmo saco de sofrimentos e mazelas (a banda podre derrubada, desnivelada,
sacrificada, qual seja, a pluralidade dos decentes que sobrevivem aos trancos e
barrancos em lugarejos, vilas e cidades, país ‘à-dentro-e-a-fora’) e tentando
trazer, de roldão, à baila, a distinção dos que não conseguem guardar um
centavo para promoverem a seus consanguíneos, uma ceia de natal digna.
Esta parte
consorciada da confraria de bravos e heróis anônimos, que não sabe o que será,
ou como será o seu amanhã. Em vista deste quadro lúgubre, desastroso, a
indagação que queremos deixar no ar: COMO SERÁ A NOITE DE NATAL DESTES
DESTEMIDOS, DESTES CAMPEÕES, DESTES VERDADEIROS PALADINOS?
Provavelmente, a mais calamitosa, a mais degradante e deprimente, a mais ignominiosa e ultrajante de todos os tempos. Temos plena certeza que não haverá uma alma decente que tenha coragem suficiente para nos responder, e se o fizer, será em forma de sacanagem, de chacota, de gozação. Neste brazzzil de picaretas e flibusteiros, de piratas e punguistas, de safardanas e corruptos, de enganadores e bucaneiros dos milhares e milhões de Manés e Descabeladas, o Natal se traduzirá em apenas três palavrinhas simples: ‘SEM NATAL FELIZ’.
Em
contrapartida, para os nossos ladrões (entendam como ladrões, não os que estão
nas cadeias, enjaulados), cumprindo penas. Proclamamos, com todas as letras, os
LADRÕES, os velhacos de colarinho branco, os senhores que se acham os donos do
Poder, os que nos surrupiam, os que nos afanam, os que nos furtam, nos roubam,
minuto a minuto, os que nos usurpam em ‘crimes continuados’, sem armas, sem
darem um tiro.
Os
verdadeiros ladrões do povo, os vigaristas das enxurradas, são estas infâmias
que metem, na cara de pau, as mãos em nossos bolsos e carteiras, em nossas
contas bancárias e poupanças, em nossos ganhos e salários... Acreditem, não
outros senão os larápios-cinco-dedos que nos submetem a uma espécie de campo de
concentração dos tempos modernos, todavia, se revisitado por uma ótica mais
aprofundada, atinaremos, espantados e boquiabertos, com vastíssimos campos de
concentração nos moldes de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ou Vaivara, na
Estônia.
Para estes
parasitas, para estes sacripantas e roedores, o natal será alvissareiro e
promissor, estes bandidos terão as mesas fartas, com os melhores vinhos e
guloseimas importados. Devemos ter em conta, que o brasileiro é, antes de
qualquer coisa, um covarde. Um medroso, um imbecil, um pau para toda obra. O
brasileiro é um ludibriado; um ‘alexandre-vai-com-os-outros ‘i’-morais'’; um
sem porto; sem noção; desconhecedor de seus direitos. Porém, indubitavelmente,
é um Teimoso, um Destemido, um ‘VENCEDOR’.
Apesar das
montoeiras de lixos podres e mal cheirosas, dos dejetos fedidos e hircosos, das
bostas e catinguentos que temos acumulado em Brazzzilia, mormente das doenças
contagiosas que por lá abundam, malefícios que nenhum médico (por mais moderna
que seja a sua medicina), consegue topar com a cura, o brasileiro segue adiante.
O cabeçudo consegue, apesar do terreno irregular, dar uma de 'Noite Ilustrada',
aquele cantor mineiro que, não importava a situação pela qual estivesse
passando: ‘levantava, sacudia a poeira e dava a volta por cima’.
O dia que
conseguirmos extirpar da face da terra, arrancando os achaques e as moléstias
pelas raízes, ou mais precisamente, o dia em que conseguirmos mandar para os
quintos do inferno, os amargores, as lesões, as feridas, os descalabros
incuráveis que assolam a Capital do 'capital fedemal’...
...O dia
em que dermos nosso grito de guerra e um basta definitivo nos verdadeiros
filhos do Capeta, a saber, os deputados, os senadores, os (mi’SI’nistros estes,
diga-se de passagem ‘deuses-fajutos’, excrementos da pior qualidade, enfiados
iguais urubus em busca de carniças naquele pardieiro conhecido como ‘Corte
Suprema’, ou STF), passaremos a respirar ares melhores.
Outrossim,
usufruiremos dias de sol maviosos. Mesmo
norte, a termos vida plena. Todos nós, pobres e indigentes, seremos beneficiados
por uma VACINA DIVINA SALVADORA, que nos deixará imunes de todas estas
calamidades e aflições, destas úlceras e fístulas que carcomem a nossa vida,
que arruínam nosso chão, que puxam nossos tapetes, que desmoralizam a nossa
vergonha, que mancham e maculam a nossa paz, que pisoteiam a nossa moral, que
denigrem o nosso ego e escafedem a nossa felicidade.
A partir
daí, os entristecidos e falidos, os submissos e desabonados, bem ainda os
marginalizados por esta sociedade de cafetões e putas, vagabundas e rameiras,
poderão bater forte nos peitos e gritarem, à altas vozes: ‘ESTE ANO, TEREMOS UM
FELIZ NATAL’.
Enquanto
este dia não chegar, ou não se materializar, enquanto permitirmos que a
contaminação dos soberanos e biltres, trastes e escrotos comandem as nossas
vidas, ou nos tratem como paus mandados, a degenerescência, a perversão e o
vício intocável de uma meia dúzia de bêbados e Damares, Sapas e Maias, Sapos e
Alcolumbres, Lulas e rãs, Dilmas e Dórias, Covas e Boulos, ‘Pesãos’ e Crivellas
continuem nos dando ordens e vomitando o que devemos ou não fazer, não seremos
uma NAÇÃO PORRETA, DONA DO PRÓPRIO DESTINO.
Face a
tudo o que acima foi escrito, nos resta acreditar piamente que FELIZES SÃO
TODOS AQUELES QUE MORRERAM, QUE SE FORAM, QUE PARTIRAM DESTA SITUAÇÃO CAÓTICA,
DESTA BABEL CARNAVALESCA, PARA OS CONFINS DO ALÉM-TÚMULO.
O NATAL
DESSA TURMA DE FALECIDOS É QUE GOZA, EM TODO O SEU DESLUMBRAMENTO, A
TRANQUILIDADE E OS BENFAZEJOS DO PAI MAIOR. SEM DÚVIDA ALGUMA, SERÁ, PARA ELES,
OS NOSSOS ENTES E AMIGOS QUERIDOS, O MELHOR E O MAIS PERFEITO E, POR QUE NÃO
DIZER, A MAIS COBIÇADA NOITE DE NATAL DO PLANETA?!
Título e
Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha no Espírito Santo.,
24-12-2020
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