Terça Livre não é o único: cresce censura a
perfis conservadores nas redes sociais
Cristina Graeml
Censura a perfis conservadores
nas redes sociais é algo que vem ameaçando a liberdade de expressão há alguns
anos, mas que ficou evidente em 2020 e cresce a olhos vistos neste início de
2021.
A vítima mais recente foi o
canal Terça Livre, banido do YouTube de maneira sumária nesta quarta (3) sob a
alegação genérica de que a empresa violou “diretrizes da comunidade”.
Segundo seus donos, a
plataforma não deu qualquer explicação sobre qual diretriz foi violada, mas a
punição pode ter sido resultado dos ataques constantes da milícia digital
Sleeping Giants, conhecida por promover campanhas sobre anunciantes de veículos
com os quais não concordam.
O perfil, conhecido por
assediar anunciantes e ameaçar difamar as marcas que não se renderem à pressão e
mantiverem contratos com as empresas das quais discorda, é um dos que espalham
a cultura do cancelamento na internet.
Inspirados nessa milícia
usuários das redes sociais fazem campanha contra perfis e canais conservadores
e denunciam em massa os perfis de pessoas e empresas por suposta produção de
conteúdo falso ou disseminação de ódio. Assim como anunciantes ameaçados de
difamação, as redes sociais, aparentemente, cedem à pressão sem maiores
checagens.
Censura a conservadores
Coincidentemente, no mesmo horário em que os jornalistas Allan dos Santos e Italo Lorenzon, fundadores e principais nomes do Terça Livre, anunciavam nas redes sociais a censura que sofreram no YouTube eu entrevistava a economista e empresária Renata Barreto, censurada na semana passada pelo Instagram.
No fim de janeiro Renata Barreto, dona de um perfil com quase 400 mil seguidores no Instagram, viveu uma experiência que beira o absurdo. A economista e empresária teve duas publicações apagadas pela plataforma sob alegação de que estava espalhando notícias falsas.
O que ela havia feito foi
simplesmente compartilhar reportagens publicadas por toda a imprensa, com a
notícia de que o ditador da Nicolás Maduro afirmou, em vídeo, que pesquisadores
da Venezuela desenvolveram supostas "gotinhas milagrosas" contra a
Covid-19.
Por acaso uma das matérias que
Renata compartilhou foi publicada na Gazeta do Povo. A outra era da rede de televisão CNN Brasil. A notícia não era
falsa. Maduro não só disse realmente isso, e em vídeo, como publicou em sua
própria conta no Twitter.
Falta clareza às redes sociais
Estranhamente o tweet de
Maduro não foi apagado e o ditador não sofreu qualquer ameaça de ter o perfil
banido do Twitter, como ocorreu no início de janeiro com o então presidente dos
EUA Donald Trump.
A conta de Trump, com 90
milhões de seguidores, foi apagada sob alegações vagas de que ele havia
incitado à invasão do Capitólio, acusações estas jamais provadas por um único
print de texto ou replicação de vídeo publicado por ele.
Maduro, sim, deveria ter sido
questionado pela plataforma quanto à veracidade do que dizia. Quanto à notícia
sobre o que ele disse, nenhuma rede social apagou as publicações da Gazeta do
Povo e da CNN divulgando suas próprias matérias para suas centenas de milhares
de seguidores. Também não houve questionamento, nem mesmo pelo Instagram, sobre
o conteúdo divulgado.
Por que, então, a
influenciadora digital que compartilhou as publicações sofreu punições? Por que
outros perfis que compartilharam a mesma notícia não foram punidos?
O fato de Renata usar o
Instagram para desmistificar o socialismo e divulgar dados estatísticos sobre
os benefícios que o capitalismo trouxe ao mundo seria coincidência?
Punições e perdão, sem explicação
Além de ter duas publicações
apagadas, Renata foi proibida de fazer lives por uma semana. Pediu explicações,
mas não obteve resposta da plataforma. Dias depois constatou que os conteúdos
apagados voltaram a aparecer em sua conta e percebeu que estava novamente
autorizada a fazer transmissões ao vivo.
Isso tudo só ocorreu, porém,
depois que ela anunciou que havia acionado um advogado para interpelar o
Instagram judicialmente. Assista à entrevista em vídeo para conhecer mais
detalhes dessa história.
Verá também uma análise
profunda sobre censura a conservadores nas redes sociais, cultura de
cancelamento, fake news (reais, não imaginárias). e agências de
"checagem", a verdadeira personificação do "Ministério da
Verdade" imaginado por George Orwell em seu perturbador livro 1984.
Título, Texto e Vídeo: Cristina
Graeml, Gazeta do Povo, 4-2-2021, 17h03
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