domingo, 2 de maio de 2021

[Versos de través] Com licença poética

Adélia Prado






Quando nasci um anjo esbelto, 
desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher, 
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Título e Texto: Adélia Prado

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O sonho 
No meio do caminho 
RX10 Futebol 
Se as penas com que Amor tão mal me trata 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades 
Perseguição 
Se tanta pena tenho merecida 
O meu primeiro amor
 

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