João Távora
Ontem à noite num inadvertido e preguiçoso zapping pelos canais de notícias, senti-me agredido ao constatar que no Expresso da Meia-noite da SIC Notícias, a propósito das eleições de 30 de janeiro, o convidado a representar o CDS era Telmo Correia - um dos mais enfadonhos parlamentares das últimas décadas e opositor figadal à direção de Francisco Rodrigues dos Santos. À mesma hora na CNN (cof, cof) num debate sob o mesmo tema, o interlocutor democrata-cristão era Cecília Meireles que esconde mal o seu desejo por uma rotunda derrota do seu partido. (Já repararam que neste moderníssimo canal, à falta de uma formulação eficaz em português para “Notícia de Última Hora” anuncia-se em rodapé “Breaking News”– certamente para atrair as audiências estrangeiras?).
Evidentemente que as
televisões convidam quem querem para os debates, mas depois não se venham
queixar que a nossa democracia não convida à renovação de protagonistas, que se
arrastam como que bacilos induzidos para a degradação do pântano que promove os
extremos e consequentes parangonas indignadas e excitação das audiências em
debandada.
Digo isto porque me parece
medianamente óbvio que, se não for para prestar vassalagem à “aristocracia”
regimental, a incluírem-se representantes do CDS nos debates televisivos
dever-se-iam convidar elementos da direção nacional do partido que irá a votos
nas próximas legislativas. Isso sim é serviço público, caso contrário fica-se
com a estranha (?) sensação de que as redacções obedecem a agendas políticas de
interesses duvidosos. Como perpetuar a degradação da frágil democracia e o
poder socialista.
Título e Texto: João Távora,
Corta-fitas,
11-12-2021
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