Países de baixa renda receberão ajuda em campanhas de imunização
Alex Rodrigues
O Ministério da Saúde
anunciou, hoje (20), que doará ao menos dez milhões de doses de vacinas contra a
covid-19 para nações de baixa renda, por meio da aliança internacional Covax
Facility, conduzida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como para
países vizinhos. Foto: Tiksa Negeri/Reuters
A iniciativa foi detalhada há
pouco, pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e pelo embaixador Paulino
Franco de Carvalho Neto, que está respondendo interinamente pelo Itamaraty.
Segundo eles, o presidente da República, Jair Bolsonaro, já assinou uma Medida
Provisória (MP) autorizando o Poder Executivo federal a doar os imunizantes em
caráter de cooperação humanitária.
Segundo Queiroga, é possível
que, além das 10 milhões de doses iniciais, mais 20 milhões de doses sejam
doadas posteriormente, totalizando ao menos 30 milhões de unidades da vacina. A
efetivação da doação dependerá da manifestação de interesse e anuência de
recebimento do imunizante pelo país beneficiado.
“Guiados pelo princípio da
solidariedade, favoreceremos operações juntos ao mecanismo Covax, de forma a
permitir que as vacinas cheguem aqueles que mais necessitam”, disse Queiroga.
Já o ministro-interino das Relações Exteriores detalhou que, "graças ao
avanço e ao sucesso da campanha nacional de vacinação", o Brasil decidiu
apoiar países da América Latina, Caribe e África, "com significativa
doação de doses".
Queiroga garantiu que a iniciativa não comprometerá a estratégia de imunização da população brasileira. “Gostaria de indicar que as doações a serem efetivadas pelo governo brasileiro não comprometerão nossa bem-sucedida estratégia de imunização, incluindo a distribuição de doses de reforços para todos os públicos, para todas as faixas etárias que, eventualmente, forem incluídas em nosso Programa Nacional de Imunizações.”
O ministro da Saúde também
destacou que o enfrentamento à pandemia exige a cooperação entre países.
“Sabíamos que as vacinas eram a esperança para conter o caráter pandêmico da
covid-19. Como todos sabem, [no Brasil] chegamos ao fim de 2021 com números que
atestam o sucesso da estratégia diversificada do governo de assegurar o acesso
da população brasileira aos imunizantes. Com o avanço da vacinação [no país]
foi possível reduzirmos em mais de 90% o número de óbitos e de casos da doença
em comparação ao pico da pandemia, em abril de 2020. [Mas] é importante
recordar que, neste momento, alguns países registram uma nova onda de
infecções, com preocupante aumento no número de casos, em especial devido à
variante Ômicron. Apesar do reconhecimento da imunização extensiva como um bem
público global, apenas 5,2% da população de países de baixa renda receberam ao
menos uma dose da vacina. Noventa e oito países ainda têm menos de 40% de
cobertura vacinal. Quarenta e um não chegam nem mesmo a 10%. Só estaremos
seguros quando todos estiverem seguros.”
De acordo com o Ministério da
Saúde, mais de 381 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 já foram
distribuídas aos estados e municípios brasileiros. Destas, mais de 315 milhões
de doses já foram aplicadas, de maneira que, segundo Queiroga, mais de 90% do
público-alvo apto a ser vacinado já recebeu ao menos uma dose do medicamento e
mais de 80% deste mesmo universo de pessoas estão completamente imunizados.
"Acho que estamos muito
alinhados com a própria OMS, que preconiza que devemos ampliar o acesso à
população que ainda não recebeu a primeira dose. Muitas vezes, há um anseio
para que avancemos na dose de reforço, para atingirmos outras faixas etárias,
mas o mundo precisa de vacinas para quem não recebeu sequer uma dose",
acrescentou Queiroga.
Em um vídeo exibido durante o
anúncio, a diretora-geral-adjunta para Acesso a Medicamentos e Produtos
Farmacêuticos da OMS, Mariângela Simão, apontou a desigualdade entre os países
no acesso às vacinas como um problema para evitar o surgimento de novas
variantes do novo coronavírus. "Um dos maiores desafios continua sendo a
enorme inequidade existente no acesso às vacinas. Este ambiente favorece o
surgimento de variantes. Estima-se que, no continente africano, apenas um em
cada quatro trabalhadores da Saúde está completamente vacinado. A meta da OMS
era que cada país tivesse alcançado um mínimo de 40% de cobertura vacinal até o
fim deste ano. E 98 países certamente não vão alcançar esta meta. Portanto,
este é um momento em que a solidariedade entre países é mais importante que
nunca", disse Mariângela ao apontar o Brasil como "um dos
poucos" países de renda média/alta a doar imunizantes ao Mecanismo de
Acesso Global a Vacinas contra a Covid-19 (Covax).
Título e Texto: Alex
Rodrigues; Edição: Pedro Ivo de Oliveira – Agência Brasil, 20-12-2021, 12h45
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