sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Liberdade ou morte

Rodrigo Constantino 

Bolsonaro disse que prefere perder a vida que a liberdade. Foi a senha para que inúmeros antibolsonaristas histéricos destilassem em redes sociais seu baixíssimo apreço pela liberdade. Passaram a repetir que só pode ser livre quem está vivo – uma obviedade ululante, mas que ignora o cerne da questão: seres humanos precisam sempre questionar qual vida pretendem ter.

Uma vida não examinada não merece ser vivida, diria Sócrates. E uma vida sem liberdades básicas tampouco. Estou chocado (ou não) com a quantidade de gente que está diminuindo a importância da liberdade, repetindo que “proteger a vida” (como se fosse o caso) é bem mais importante. Ou seja, não se importam de ser escravos se “alguém” lhes oferecer (falsa) segurança. É gado que chama?!

Lord Acton lamentava que a liberdade sempre contou com poucos amigos sinceros ao longo da história. O que ele queria dizer com isso é que poucos valorizam a liberdade como um princípio, preferindo defender interesses, suas “verdades”, sem se importar com o direito dos outros. Poucos levam a sério a frase atribuída a Voltaire, de que poderia não concordar com uma só palavra de Rousseau, mas defenderia seu direito de expressão até a morte. Muitos se colocam como um tirano e querem impor suas preferências.

Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança, disse Benjamin Franklin. O ser humano não nasceu para ser escravo, para ser controlado por “especialistas”, que justificam seu autoritarismo alegando que buscam proteger o próprio indivíduo de si mesmo.

Vivemos tempos estranhos, sombrios. O Ocidente, outrora livre, flerta com o totalitarismo. A pandemia escancarou a fragilidade da fé na liberdade. Uma multidão acovardada entrega de bandeja suas liberdades para quem jura estar apenas preocupado com a defesa da vida. Na Nova Zelândia, ficam impedidas de comprar cigarro pessoas nascidas depois de 2008 caso seja promulgada uma nova lei ano que vem. “Queremos garantir que os jovens nunca comecem a fumar”, disse a ministra da Saúde do país. Não vai funcionar, e é autoritarismo puro.

O paternalismo estatal avança à medida que os indivíduos cedem ao pânico e abandonam a responsabilidade individual. Não faltam “liberais” aplaudindo o passaporte vacinal e a ingerência do Supremo sobre o Poder Executivo, por exemplo. É tudo para “salvar vidas”, claro, não para controle social. Será que essa gente toda desconhece que o nazismo tinha como um dos seus pilares a higienização da população, segregando o povo entre os “saudáveis” e os “párias”? As campanhas sanitárias dos nazistas seriam apoiadas na íntegra pelos “progressistas” de hoje, eis a verdade inconveniente para a esquerda.

Título e Texto: Rodrigo Constantino, Diário de São Paulo, 10-12-2021 

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