quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

[Aparecido rasga o verbo – Extra] O homem que fazia cair o manto da mentira e mostrar a nudez forte da verdade

Aparecido Raimundo de Souza 

FALECEU, AOS 81 ANOS, em São Paulo, vítima de complicações com um AVC, o jornalista, cineasta e escritor carioca, ARNALDO JABOR [foto], vindo ao mundo, no pacato bairro do Rocha, Zona Norte desta Cidade Maravilhosa, aos 12 de dezembro de 1940. Era filho de Salomão Jabor, oficial da aeronáutica e da senhora dona Diva Hess.

Escreveu os livros “Amor é prosa, sexo é poesia”, “Infância”, “Sanduíches de realidade”, “A Invasão das Salsichas Gigantes”, “Amigos ouvintes”, “Brasil na cabeça”, “Eu sei que vou te amar”, e “Os canibais estão na sala de jantar”, além de uma série de artigos enfaixados no livro “O Malabarista”.

Arnaldo deixa os filhos Carolina Jabor, Juliana Jabor, João Pedro Jabor e a única neta, a Alice Jabor Arraes, essa jovem fruto do casamento de Carolina Jabor com Guel Arraes. Como cineasta, Arnaldo Jabor produziu os filmes “O Circo”, “A Opinião Pública”, “Pindorama”, “Toda Nudez Será Castigada”, adaptação de uma peça de Nelson Rodrigues, seguida depois pelo “O Casamento”, de 1975, também de autoria de Nelson Rodrigues. Sua vida como produtor de visão inusitada, não parou ai: vieram “A Suprema Felicidade” e “Tudo bem”, entre outros.

Escreveu para o Jornal O Globo de 1995 a 2016, colaborando com artigos e crônicas semanais no Segundo Caderno. Algumas de suas escritas famosas: “O amor atrapalha o sexo”, “O Cinema Novo nasceu num botequim”, “A verdadeira vida”, “No Brasil o perigo está bem”, “Entrevista comigo mesmo”, “Só nos restam as maldições”, e “A volta da caretice”.

O corpo de Arnaldo será velado em São Paulo (somente para familiares) e depois virá aqui para o Rio, onde poderão participar de um segundo velório, amigos, artistas e admiradores que trabalharam ou fizeram parte da sua intensa vida pública. Arnaldo será velado no MAM, Museu da Imagem do Som, a partir das 13 horas.

Em seguida seu corpo será cremado. O derradeiro trabalho de Arnaldo Jabor, levaria o nome de “O Delator”, de um texto de Rubem Fonseca. Todavia, virá à público como “Meu último desejo,” obra ainda em fase de finalização. Arnaldo Jabor deixa para todos nós, jornalistas e escritores, uma saudade imensa, uma saudade grandiosa demais.

Por ser assim, a gente não consegue contê-la, tampouco permitir que permaneça aprisionada, ou retida dentro da alma. É uma saudade perene e imorredoura, que não se guarda e nem cabe no coração. Ela simplesmente escorre pelos olhos da nossa infinita tristeza. Uma melancolia ímpar que não vai embora e se perpetua como se fizesse parte do nosso DNA.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, do Rio de Janeiro. 16-2-2022

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