Humberto Pinho da Silva
Muitas vezes, quando estou na Póvoa do Varzim,
vejo passar peregrinos que se dirigem para Santiago de Compostela.
Alguns são idosos, outros, bastante jovens – quase adolescentes – que caminham aos pares ou isoladamente, levando, em regra, a tradicional vieira.
Admiro a coragem dessas gentes – quase todos
estrangeiros – que se aventuram a percorrer caminhos quase desertos, expondo-se
à intempérie, aos salteadores e às frias Nortadas, por lugares ermos e
perigosos.
O governo da Galiza, a bem da sua terra, tem
realizado convincente propaganda, difundindo e reavivando os antigos caminhos
que levam à catedral do Santo.
Certa ocasião, estando na esplanada de bar, em A –
Ver – o – Mar, ouvi conversa do proprietário com um desses peregrinos, que
vinha pedir a colocação de carimbo da firma, garantindo, assim, que passou por
ali. Admirei-me que os "peregrinos" estejam interessados em tais
carimbos!...
Admirei-me, mas rapidamente me informaram estar na
moda, e até é chique fazer tais "peregrinações."
Soube, também, por jovens, que alguns fazem o percurso de carro, atravessando apenas as povoações a pé.
Onde chega o esnobismo, a vaidade ou a ânsia de
ser importante! Como se isso desse alguma importância!...
Bem diferente são os peregrinos de Fátima, que
caminham em grupo, rezando e cantando, palmilhando por atalhos e estradas, e
muitos chegam ao Santuário em lamentável estado de saúde.
São devotos de Nossa Senhora. Não colhem carimbos,
nem se hospedem em hotéis, nem comem em restaurantes elegantes, nem intercalam
etapas de carro e a pé.
Uns vão a Compostela para fazerem turismo, por
estar na moda; outros vão a Fátima para cumprir promessas e pedir graças.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, julho
de 2022
Quando se coloca " trancas" à porta...
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Atribulada viagem: Aveiro - Porto
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Os malefícios da novela
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