quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Reino Unido: Polícia Metropolitana prende 14 menores de "extrema-direita"

Paulo Hasse Paixão


A Polícia Metropolitana de Londres está focada no “terrorismo de direita” que é “cada vez mais significativo na ideologia dos jovens”, com o chefe da luta contra o terrorismo Dominic Murphy a afirmar orgulhosamente que a força que dirige prendeu 14 menores por “visões de terrorismo de extrema-direita” no ano que decorreu entre julho de 2022 e junho de 2023.

Reparem que o agente da Gestapo de sua Majestade não se refere a atos, mas a “visões”. Crime do pensamento, portanto. Nas suas mais recentes e aberrantes declarações, Murphy enfatiza o seu raciocínio que cabia por inteiro num Relatório Minoritário que nem Philip K. Dick ousou imaginar:

“Uma das coisas que é surpreendente nos últimos dois anos é o volume de jovens envolvidos no terrorismo. Recentemente, prendemos um rapaz de 17 anos no sul de Londres [por suspeita de] colocar online material de apoio ao Hamas, mas esse rapaz de 17 anos é apenas um dos muitos jovens adolescentes que estão agora a ser alvo do nosso trabalho. É desagradável ter de considerar o risco, o dano e a ameaça que estes jovens representam para o público em Londres. Em média, 27 crianças foram presas por ano desde julho de 2020 – isso é mais do que o dobro da nossa média de 20 anos de crianças presas.”

Estas palavras são excessivamente demoníacas para não serem tiradas de um romance distópico de segunda categoria. Mas são reais.

Depois de mencionar o Hamas, Murphy foi rápido a enfatizar a suposta ameaça de extrema-direita, sublinhando que

“das 25 crianças detidas nos 12 meses até junho deste ano, 14 tinham opiniões de terrorismo de extrema-direita, em comparação com nove pró-islamistas”.

“Opiniões”. Este homem está a gabar-se de prender crianças pelas suas opiniões.

Apesar dos delírios dantescos de Murphy, o número de ataques terroristas de direita executados com sucesso no Reino Unido é muito inferior ao número de ataques terroristas islâmicos bem-sucedidos – apesar de os muçulmanos representarem uma percentagem muito menor da população britânica do que os brancos nativos – e o comandante da polícia teve de admitir, muito a custo, que o islamismo continua a ser a principal ameaça terrorista do país.

Uma fuga de informação de 2022 sugere que, nos últimos anos, as autoridades britânicas têm estado obcecadas com o extremismo de direita, dedicando recursos desproporcionados à procura de potenciais suspeitos, enquanto ignoram o risco muito maior dos muçulmanos radicais.

Prender menores por delito de opinião é agora motivo de orgulho para a polícia metropolitana de Londres. Enquanto em todo o país são presas em média 9 pessoas por dia, por “crimes” de discurso online.

É este o ponto distópico a que chegou o Reino Unido.

E este breve artigo foi mesmo muito difícil de escrever.

Título, Imagem e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 11-1-2024

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