Márcio Accioly
Profundamente iludido é quem
acreditar que um país como o Brasil, loteado por classe de “dirigentes” como a
que temos, e esse tipo de população manipulada nas 24 horas do dia pela
televisão, futebol, novela e pornografia (além de inominável violência que se
multiplica), irá dar a volta por cima.
As leis são afrouxadas para
beneficiar criminosos, em especial os de menor idade que matam e mutilam nas
ruas sem correrem risco de punição. Com relação aos que frequentam os cofres
públicos (ah! os que frequentam os cofres públicos), esses entendem que estão
salvando a si e aos seus. Mas ninguém escapará de tal enrascada.
O noticiário político é de
estarrecer e as maiores infâmias ganham ar de “normalidade”. O que se afirma
agora, com todas as letras, é que o PMDB está pressionando (e o governo já
aceitou), para que se aprove sigilo “nas licitações de todos os aeroportos”.
O que se fala a respeito do
trem-bala, cujo orçamento alcançou a casa dos 35 bilhões de reais (no projeto
inicial custaria 19 bilhões), mas que já se tem como certo irá ultrapassar 50
bilhões de reais, é inacreditável! A impressão claríssima é a de perda de
controle. Não há mais como segurar.
O então presidente Dom Luiz
Inácio (PT-SP) passou os oito anos de seu mandato falando na herança maldita
deixada por FHC (cujo corrupto governo parece agora conto de fadas), tirando de
foco o esquema que repassava à sucessora, um dos mais apodrecidos que esse
sistema de administração conseguiu nutrir.
A coisa chegou a tal ponto de
deterioração que a presidente da República não consegue mais sequer demitir um
diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit
-, no caso, Luiz Antônio Pagot. Ele disse não aceitar “ser afastado”.
Pior, o senador Blairo Maggi
(PR), ex-governador do Mato Grosso, e protetor de Pagot, faz pressão direta
pela permanência do afilhado no cargo. Maggi disse esperar que Pagot reocupe o
posto “quando retornar das férias”. Essa arrumação de governo foi toda ela
estruturada por Dom Luiz Inácio.
Não se tem dinheiro para as
estradas, para o sistema de saúde, porque os desvios dos recursos financeiros
públicos acontecem à luz do dia e existe sentimento de impotência e de
conformidade. Prova disso é a proposta de sigilo nas licitações, defendida até
pelo presidente do TCU, ele próprio acusado de vários desmandos.
O matemático gaúcho Gilberto
Flach, na edição do jornal Zero Hora (RS), da última segunda-feira (4),
estabeleceu comparações entre a construção da ponte chinesa de 42 km,
recentemente construída sobre a baía de Jiaodhou, e o projeto da nova ponte do
Rio Guaíba, em Porto Alegre. Os números são devastadores!
A ponte do Guaíba terá dois
quilômetros e 900 metros de extensão e deverá custar um bilhão e cento e
sessenta milhões de reais (sem os aditivos). A ponte da China (42 km) custou
dois bilhões e 400 milhões de reais.
Cada km de ponte na China
custou 57 milhões de reais. Cada km de ponte no Guaíba irá custar 400 milhões
de reais. Na China foram necessários 35 dias para que cada km da ponte ficasse
pronto. Aqui, serão necessários 503 dias para o mesmo km de construção.
O que se tem como certo é que
o Brasil mete medo em quem observa e acompanha com atenção o desenrolar dos
acontecimentos na administração pública. É como se estivéssemos cercados de
assaltantes, bandidos da pior qualidade, intimidando a população, mas exigindo
respeito. Não se tem como esperar desfecho positivo.
Título e Texto: Márcio Accioly
Colaboração: Everaldo Moura
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