Sindicato diz que encontrou no
governo interlocutor interessado em envolver os pilotos na privatização
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Foto: António Pedro Santos |
O i sabe que os pilotos participaram numa reunião com a tutela,
primeiro com o secretário de Estado do Emprego, Sérgio Monteiro, e depois com o
ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, antes de desconvocarem a primeira
parte da sua greve de Dezembro.
Fontes próximas do processo
confirmam que o sindicato “foi encostado à parede” com a situação da empresa e
do país. O executivo não cedeu a nenhuma exigência relativa à entrada dos
pilotos no capital da empresa. O governo terá dito que os pilotos se arriscam a
negociar com os compradores da TAP em muito pior situação e sem nenhum espaço
negocial, num momento em que o país, mas também o sector, vive uma crise
profunda.
O i sabe que nas negociações entre a administração da TAP e os
pilotos “foram identificadas” algumas matérias do acordo de empresa que motivam
interpretações diversas entre as partes sobre a aplicação do mesmo. A empresa
limitou-se a manifestar disponibilidade para um diálogo futuro sobre os pontos
em discórdia nessas matérias ligadas a horários de trabalho.
Uma das exigências dos pilotos
era que os trabalhadores pudessem assegurar o direito a uma fatia do capital da
TAP no quadro da privatização da empresa. Os funcionários reclamam, desde que
se fala na privatização, cerca de 20% da empresa. Nem governo nem TAP parecem
dispostos a ceder nesta matéria. Apesar disso, o sindicato já recuou uma vez na
convocação da greve.
O argumento para desconvocar a
primeira fase da paralisação está expresso no comunicado do sindicato em que
este garante que “o SPAC encontrou um interlocutor sério” no governo. A
justificação para desconvocar uma greve parece curta.
Relativamente ao segundo
período da paralisação, a TAP disse ao i
que se mantém na expectativa de que a greve dos pilotos marcada para os dias 3,
4, 5 e 6 de Janeiro de 2012 será desconvocada na assembleia- -geral dos pilotos
marcada para sexta-feira, segundo o porta-voz da companhia.
Interrogado sobre os
fundamentos dessa expectativa, António Monteiro sustentou que a mesma “se
baseia no comunicado distribuído pelo SPAC após a desconvocação da primeira
parte da paralisação”.
“O comunicado dá-nos a
expectativa de que o sindicato, de acordo com os seus mecanismos de
funcionamento, tenha necessidade de realizar esta assembleia geral, mas que a
greve será levantada”, declarou ao i o porta-voz da transportadora aérea
nacional.
O assessor do SPAC, Luís
Rosendo, escusou-se a tecer qualquer comentário antes da assembleia geral e
remeteu para o comunicado entretanto emitido pelo SPAC.
O sindicato justificou, em
comunicado, o cancelamento afirmando que obteve “as garantias suficientes para
que o acordo de empresa seja cumprido” e de que “haverá a recuperação de um
clima laboral saudável, através da equidade no tratamento entre pilotos e
chefias”.
Os pilotos da companhia contestam
ainda os aumentos efectuados em Janeiro último nos subsídios de funções em
terra de 15 cargos de chefia. A última greve da TAP durou dois dias e decorreu
em Setembro de 2009.
Título e Texto: Sérgio Soares,
jornal “i”, 14-12-2011
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