terça-feira, 14 de maio de 2013

Maduro - o aprendiz de ditador da vez na Venezuela - culpa a oposição pelo fracasso do regime 'bolivariano' chavezista

Francisco Vianna
O rígido controle cambial e a fuga de capitais e de mão-de-obra qualificada da Venezuela, após 14 anos de políticas estatizantes e socialistas, têm causado uma rápida deterioração do sistema produtivo privado e estatal, inclusive, do setor petrolífero, com uma queda crescente da produção da PDVSA (a Petrobras deles lá), ao ponto de o país estar mergulhando num processo de “cubanização” acelerado onde aumenta o desabastecimento desde alimentos nos supermercados até medicamentos nas farmácias. 

Maduro é o aprendiz de ditador da vez na Venezuela e culpa a oposição e ao "império" pelo fracasso do 'socialismo bolivariano'
Além de o povo estar passando por todas essas provações – típicas do socialismo – ainda tem que aguentar o aprendiz de ditador da vez, Nicolás Maduro, dizer em cadeia nacional de rádio e TV, que “tudo é culpa da oposição e da ‘guerra econômica’ orquestrada pelo Império Ianque”. Acrescenta ainda que o pouco de iniciativa privada que ainda persiste no país – na esperança de melhores dias – exibe uma “avareza exagerada” e um “ódio pelo próximo” sem precedentes, numa conversa fiada que a maioria do povo já considera como uma lorota consumada.
O “presidente ilegítimo”, como o considera pelo menos a metade da população venezuelana, resolveu então vir ao Brasil pedir “ajuda” ao vizinho ainda capitalista, mas governado por um regime “sucialista”, ou seja, um governo que pratica uma espécie de socialismo de súcia, de quadrilha, que não encontra paralelo no mundo e que exerce o capitalismo de estado com base no clientelismo de monopólios e oligopólios e arranca o couro do sofrido e explorado povo brasileiro. E, como não podia deixar de ser, foi bem recebido por Dilma Roussef que ganhou um quadro de Hugo Chávez Frias, o presente mais medíocre que um “chefe de estado” – mesmo fajuto – poderia dar a outro.

Maduro com a Presidente do Brasil durante a viagem em que foi possível negociar a remessa de alimentos. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
À presidente brasileira, Maduro repetiu a arenga que reza para o seu próprio povo, de que “Hay una guerra para desabastecer el país de los productos necesarios, lanzar una inflación incontrolada e impedir el logro crédito internacional para Venezuela […] Que nadie se confíe, sino fuera por la fortaleza que tenemos ellos hubieran avanzado y destruido, más, nuestro país”, uma explicação da situação na qual nem os petistas acreditam, embora acenem como vaquinhas de presépio por puras razões ideológicas.
Maduro, que segue a cartilha populista e demagógica de seu falecido chefe, porém sem exibir sequer uma fração do seu carisma, e cujo governo se debate em meio a um crescente descontentamento popular e de acusações de ter fraudado extensivamente as últimas eleições presidenciais de abril, diz que “a sabotagem econômica procura desestabilizar o seu governo para derrubá-lo do poder”. Afirma o ‘herdeiro’ de Hugo Chávez que “essa é uma estratégia que não dará resultado para os que a empregam e se alguém entre esses acreditam que agindo dessa forma (guerra econômica) vai derrubar o presidente e o regime está muito equivocado e precisa tomar cuidado pois o derrubado será ele, e que não se engane de novo nem se deixem levar pelos que pregam o fracasso, porque eles prejudicam a pátria e a sociedade”.
O que ele não disse em Brasília, mas que todo mundo já sabe, é que a crescente escassez de produtos básicos, de alimentos, medicamentos, a queda da produção petrolífera – principal e quase única fonte de renda do país – é decorrente da hiperinflação real que surge no horizonte, da inflação oficial fantasiosa e maquiada, e do resultado das políticas socialistas adotadas ao longo da chamada “Revolução Bolivariana”, que no seu afã de exercer um controle estatal cada vez mais intenso sobre a economia, só produziu a interrupção dos investimentos externos, a fuga acentuada dos capitais internos e a saída de mão-de-obra qualificada para a vizinhança sulamericana onde as pessoas são mais livres para trabalhar, ganhar dinheiro e investir em ambientes de maior segurança jurídica.
Tudo isso fez com que a Venezuela sofresse um longo processo de estagnação, e de desinvestimento que desmantelou o aparato produtivo do país.
Ora, a situação não causa surpresa alguma para a quase totalidade dos economistas venezuelanos e estrangeiros que acompanham com atenção o que ocorre no país, e que há anos vêm advertindo sobre o que agora está a ocorrer. Mesmo assim, o aprendiz de ditador da vez se nega a considerar inclusive as avaliações de seus próprios assessores econômicos segundo as quais o país se transformou numa “bomba-relógio” e que não há outro caminho a seguir senão o de criar condições para que a mão-de-obra qualificada e os capitais que se evadiram retornem ao país. Só que, para isso, o regime teria que dar uma guinada de 180º em suas políticas sociais e abandonar uma ideologia que parecia definitivamente morta e sepultada após a queda do muro de Berlim.
O encontro de Maduro com Dilma, independente das afinidades ideológicas, deve ter mostrado ao presidente fajuto da Venezuela que o Brasil ainda está muito distante de ser uma imensa Cuba, apesar dos esforços petistas nesse sentido, coisa que já segue em adiantado estágio no vizinho do norte.
Daí a visita de Maduro a Brasília para pedir ajuda ao Palácio do Planalto no sentido de enviar um “reforço” nos gêneros de primeira necessidade e para tentar evitar que a economia venezuelana entre em colapso, que pode se estender ao regime político. Por isso também a arenga do chavezismo de que não há alternativa além de atribuir a crise à oposição e, em particular, ao que ainda resta do depauperado empresariado privado do país.
Enquanto o Palácio Miraflores se empenha em acusar empresários de reter estoques de alimentos para fins especulativos, como a farinha pré-cozida de milho, por exemplo, ainda escassamente produzida localmente, tais empresários tentam dialogar com o governo. Na verdade, o governo é a única entidade que recebe dólares – cada vez menos – da única fonte de riqueza do país que é o petróleo, importando tudo com esse dinheiro e vendendo tudo para os empresários que ainda atuam por lá. Ou seja, o governo se tornou um agente atacadista intermediário entre os fornecedores que levam comida e demais produtos ao consumo por um lado e por outro de um altamente ineficiente distribuidor dos mesmos a um povo progressivamente empobrecido e miserabilizado pelo “socialismo bolivariano”, por ação de um grupo que vive nababescamente organizado como politiburo estabelecido em Caracas.
Esse é o sistema básico de qualquer forma de socialismo, que a humanidade precisa reconhecer e criar condições para que não se repita em nenhum lugar do mundo.

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