O rígido controle cambial e a fuga de capitais e de mão-de-obra
qualificada da Venezuela, após 14 anos de políticas estatizantes e socialistas,
têm causado uma rápida deterioração do sistema produtivo privado e estatal,
inclusive, do setor petrolífero, com uma queda crescente da produção da PDVSA
(a Petrobras deles lá), ao ponto de o país estar mergulhando num processo de
“cubanização” acelerado onde aumenta o desabastecimento desde alimentos nos
supermercados até medicamentos nas farmácias.
Além de o povo estar passando por todas essas provações – típicas do socialismo
– ainda tem que aguentar o aprendiz de ditador da vez, Nicolás Maduro, dizer em
cadeia nacional de rádio e TV, que “tudo é culpa da oposição e da ‘guerra
econômica’ orquestrada pelo Império Ianque”. Acrescenta ainda que o pouco de
iniciativa privada que ainda persiste no país – na esperança de melhores dias –
exibe uma “avareza exagerada” e um “ódio pelo próximo” sem precedentes, numa
conversa fiada que a maioria do povo já considera como uma lorota consumada.
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Maduro é o aprendiz de ditador
da vez na Venezuela e culpa a oposição e ao "império" pelo fracasso
do 'socialismo bolivariano'
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O “presidente ilegítimo”, como
o considera pelo menos a metade da população venezuelana, resolveu então vir ao
Brasil pedir “ajuda” ao vizinho ainda capitalista, mas governado por um regime
“sucialista”, ou seja, um governo que pratica uma espécie de socialismo de
súcia, de quadrilha, que não encontra paralelo no mundo e que exerce o
capitalismo de estado com base no clientelismo de monopólios e oligopólios e
arranca o couro do sofrido e explorado povo brasileiro. E, como não podia
deixar de ser, foi bem recebido por Dilma Roussef que ganhou um quadro de Hugo
Chávez Frias, o presente mais medíocre que um “chefe de estado” – mesmo fajuto
– poderia dar a outro.
À presidente brasileira,
Maduro repetiu a arenga que reza para o seu próprio povo, de que “Hay una
guerra para desabastecer el país de los productos necesarios, lanzar una
inflación incontrolada e impedir el logro crédito internacional para Venezuela
[…] Que nadie se confíe, sino fuera por la fortaleza que tenemos ellos hubieran
avanzado y destruido, más, nuestro país”, uma explicação da situação na qual
nem os petistas acreditam, embora acenem como vaquinhas de presépio por puras
razões ideológicas.
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Maduro com a Presidente do
Brasil durante a viagem em que foi possível negociar a remessa de alimentos.
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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Maduro, que segue a cartilha
populista e demagógica de seu falecido chefe, porém sem exibir sequer uma
fração do seu carisma, e cujo governo se debate em meio a um crescente
descontentamento popular e de acusações de ter fraudado extensivamente as
últimas eleições presidenciais de abril, diz que “a sabotagem econômica procura
desestabilizar o seu governo para derrubá-lo do poder”. Afirma o ‘herdeiro’ de
Hugo Chávez que “essa é uma estratégia que não dará resultado para os que a
empregam e se alguém entre esses acreditam que agindo dessa forma (guerra
econômica) vai derrubar o presidente e o regime está muito equivocado e precisa
tomar cuidado pois o derrubado será ele, e que não se engane de novo nem se
deixem levar pelos que pregam o fracasso, porque eles prejudicam a pátria e a
sociedade”.
O que ele não disse em
Brasília, mas que todo mundo já sabe, é que a crescente escassez de produtos
básicos, de alimentos, medicamentos, a queda da produção petrolífera – principal
e quase única fonte de renda do país – é decorrente da hiperinflação real que
surge no horizonte, da inflação oficial fantasiosa e maquiada, e do resultado
das políticas socialistas adotadas ao longo da chamada “Revolução Bolivariana”,
que no seu afã de exercer um controle estatal cada vez mais intenso sobre a
economia, só produziu a interrupção dos investimentos externos, a fuga
acentuada dos capitais internos e a saída de mão-de-obra qualificada para a
vizinhança sulamericana onde as pessoas são mais livres para trabalhar, ganhar
dinheiro e investir em ambientes de maior segurança jurídica.
Tudo isso fez com que a
Venezuela sofresse um longo processo de estagnação, e de desinvestimento que
desmantelou o aparato produtivo do país.
Ora, a situação não causa
surpresa alguma para a quase totalidade dos economistas venezuelanos e
estrangeiros que acompanham com atenção o que ocorre no país, e que há anos vêm
advertindo sobre o que agora está a ocorrer. Mesmo assim, o aprendiz de ditador
da vez se nega a considerar inclusive as avaliações de seus próprios assessores
econômicos segundo as quais o país se transformou numa “bomba-relógio” e que
não há outro caminho a seguir senão o de criar condições para que a mão-de-obra
qualificada e os capitais que se evadiram retornem ao país. Só que, para isso,
o regime teria que dar uma guinada de 180º em suas políticas sociais e
abandonar uma ideologia que parecia definitivamente morta e sepultada após a
queda do muro de Berlim.
O encontro de Maduro com
Dilma, independente das afinidades ideológicas, deve ter mostrado ao presidente
fajuto da Venezuela que o Brasil ainda está muito distante de ser uma imensa
Cuba, apesar dos esforços petistas nesse sentido, coisa que já segue em
adiantado estágio no vizinho do norte.
Daí a visita
de Maduro a Brasília para pedir ajuda ao Palácio do Planalto no sentido de
enviar um “reforço” nos gêneros de primeira necessidade e para tentar evitar
que a economia venezuelana entre em colapso, que pode se estender ao regime
político. Por isso também a arenga do chavezismo de que não há alternativa além
de atribuir a crise à oposição e, em particular, ao que ainda resta do
depauperado empresariado privado do país.
Enquanto o Palácio Miraflores
se empenha em acusar empresários de reter estoques de alimentos para fins
especulativos, como a farinha pré-cozida de milho, por exemplo, ainda
escassamente produzida localmente, tais empresários tentam dialogar com o
governo. Na verdade, o governo é a única entidade que recebe dólares – cada vez
menos – da única fonte de riqueza do país que é o petróleo, importando tudo com
esse dinheiro e vendendo tudo para os empresários que ainda atuam por lá. Ou
seja, o governo se tornou um agente atacadista intermediário entre os
fornecedores que levam comida e demais produtos ao consumo por um lado e por
outro de um altamente ineficiente distribuidor dos mesmos a um povo
progressivamente empobrecido e miserabilizado pelo “socialismo bolivariano”,
por ação de um grupo que vive nababescamente organizado como politiburo
estabelecido em Caracas.
Esse é o sistema básico de
qualquer forma de socialismo, que a humanidade precisa reconhecer e criar
condições para que não se repita em nenhum lugar do mundo.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia
internacional), 14-05-2013
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