terça-feira, 7 de maio de 2013

"Não se deve gastar acima do que se ganha." Ponto final!

Otacílio Guimarães
Caro Constantino, 
Desde a crise de 2008, os Estados Unidos, a União Europeia e países da Ásia e Oceania, ou seja, os principais atores da economia globalizada, vêm adotando medidas de ajustes e correção de rumos de suas economias de modo a escapar da crise com o menor número de arranhões possível. São medidas de austeridade uma vez que concluiu-se quase que por unamidade que as causas da crise global que assolou o planeta foi a violação de uma norma econômica que, sempre que violada, provoca desastres de grandes proporções e de difícil reversão. É uma norma simples que pode ser explicada em poucas palavras: 
Não se deve gastar acima do que se ganha.  
Esta norma é válida tanto para pessoas, famílias, empresas, quanto para as nações. Os líderes mundiais perceberam, portanto, que as causas da crise situavam-se na gastança irresponsável e no excesso de crédito que levou as populações dos países afetados a se endividarem além do limite tolerável e as dívidas públicas a superarem o limite do aceitável. A prova disso é que os países que não adotaram essa política e conduziram suas economias com responsabilidade e austeridade, não entraram em crise. Os exemplos são os países escandinavos e alguns outros ao redor do mundo que, apesar da crise global continuaram crescendo a taxas superiores a 3% ao ano.  
É emblemático verificar que os países mais afetados pela crise e cuja recuperação está mais difícil, são justamente aqueles que adotaram o tal socialismo democrático como sistema político e o assistencialismo como sitema econômico. Nesses, a situação é bem pior e sem ajuda externa e medidas extremas de austeridade, não sairão da crise tão cedo. São os casos de Espanha, Portugal, Itália, Grécia e, o pior de todos porque a partir de agora é que as coisas vão acontecer para valer, é a França que não se desapega do socialismo e trata de encarar a realidade inserindo sua economia no verdadeiro capitalismo de mercado e põe sua população para trabalhar. 
É interessante observar que somente nos países acima citados houve movimentos populares contra as medidas de austeridade, justamente porque quando as benesses são concedidas, não se permite mais tirá-las. Imagine-se o que aconteceria hoje no Brasil se o governo resolvesse acabar com o Bolsa Família e fazer um ajuste na previdência social tornando todos iguais. Haveria uma guerra civil com certeza.
O artigo abaixo destaca o caso brasileiro como talvez único no planeta. Apesar da crise global, o Brasil não tratou de promover as reformas estruturais necessárias e muito menos adotou políticas de austeridade em seus gastos públicos, muito pelo contrário. Não se fala em reformas e os gastos públicos crescem vertiginosamente. Se a economia se desenvolve “aos trancos e barrancos”, isto se deve a fatores especiais, como o fato de ser uma economia movida a capitais externos e produtora de comodities dos quais o mundo precisa. Entretanto, os investimentos públicos no Brasil são praticamente inexistentes e o privado, interno e externo, foi expulso do país em função da política econômica vigente, hostil ao capital. Na forma como está, só um louco investiria no Brasil. Como as comodities estão com tendência de baixa, as portas da recessão estão escancaradas e ninguém no governo é capaz de enxergar isto.  
A frase abaixo, inserida no final do texto, esquece um fato importante: ao longo das últimas três décadas o crescimento médio do PIB brasileiro ficou muito aquém de suas necessidades de desenvolvimento. Enquanto isto, problemas graves foram se acumulando e hoje estão pipocando igual milho de pipoca na panela, tais como a infraestrutura em estado lamentável, o endividamento público em níveis perigosos com os gastos públicos crescentes, a indústria em recessão, as vendas externas em queda livre, o câmbio controlado, total falta de critérios nos gastos públicos que não levam em conta as prioridades e as maiores carências do país, como bem provam os bilhões que estão gastando para promover a copa do mundo e as olimpíadas, sem falar em projetos inúteis como a transposição do rio São Francisco e o projetado trem bala que queira Deus não saia do papel. Deixemos de lado, por desnecessário, os serviços públicos dignos dos piores países africanos, por ser um problema crônico.
Ora, num quadro como este, sobra pouco espaço para o otimismo, sobretudo considerando que o governo Lula foi avaliado pela maioria da população como ótimo e o atual de sua invenção como excelente, tanto que sua reeleição está praticamente garantida em primeiro turno. Um povo que pensa assim não terá um futuro brilhante, pois demonstra gostar do que é péssimo.  
Isto posto, eu acrescentaria que daqui para a frente, não haverá tranco nem barranco que evite o país entrar numa recessão de consequências imprevisíveis.  
Abraços, 
Otacílio Guimarães, 07-05-2013

O lado positivo é que a história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia brasileira aos trancos e barrancos consegue se desenvolver.

Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 29 de abril a 6 de maio).
Cenário de lento crescimento e gradual recuperação da economia mundial continua se concretizando. As principais economias seguem processo de reequilíbrio, enquanto seus bancos centrais tentam, através de injeções maciças de liquidez, sustentar a economia, evitando cenário de ruptura, até que o organismo econômico possa se auto sustentar.
Apesar de alguns dados de atividade mais fracos, números recentes do mercado de trabalho nos EUA surpreenderam positivamente. Junto com a capacidade de geração de novos postos de emprego, o setor imobiliário e a confiança do consumidor norte-americano são pontos animadores e sustentam um cenário de recuperação gradual dos EUA. Na Zona do Euro, após largo período de enfraquecimento, vemos alguns sinais de estabilização e uma possível recuperação, ainda que incipiente, nos próximos meses ou trimestres. Acreditamos que exista alguma probabilidade de surpresas positivas vindas da economia europeia. O que foi, durante um bom tempo, a draga da economia global pode surpreender e passar a ser fator positivo para o mundo. Enquanto isso, a China se rebalanceia, melhorando a qualidade do perfil de crescimento, mas mantendo taxas bastante elevadas de expansão.
O lado doméstico continua sendo o ponto mais desanimador do nosso ambiente de investimento. A atual gestão econômica vem conseguindo retirar as mínimas condições, que antes existiam, para que a economia funcione de forma eficiente. Não que antes o modelo fosse perfeito ou eficiente, longe disso, mas existia um mínimo de condições para que o sistema pudesse tentar se desenvolver. O lado positivo é que a história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia brasileira aos trancos e barrancos consegue se desenvolver.
O ambiente de liquidez global abundante tem conseguido evitar eventos de cauda, porém, uma expansão fundamentada somente ocorrerá através de reformas e ajustes estruturais, que precisam de tempo e consenso político. A liquidez é a ponte para se chegar no acordo político e nas reformas. Porém, sem os ajustes necessários, será uma ponte para lugar nenhum e voltaremos ao ambiente de crises e incertezas.
Rodrigo Constantino, 06-05-2013
Destaques: OG

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-