Caro Constantino,
Desde a crise de 2008, os
Estados Unidos, a União Europeia e países da Ásia e Oceania, ou seja, os
principais atores da economia globalizada, vêm adotando medidas de ajustes e
correção de rumos de suas economias de modo a escapar da crise com o menor
número de arranhões possível. São medidas de austeridade uma vez que
concluiu-se quase que por unamidade que as causas da crise global que assolou o
planeta foi a violação de uma norma econômica que, sempre que violada, provoca
desastres de grandes proporções e de difícil reversão. É uma norma simples que
pode ser explicada em poucas palavras:
Não se deve gastar acima do
que se ganha.
Esta norma é válida tanto para
pessoas, famílias, empresas, quanto para as nações. Os líderes mundiais
perceberam, portanto, que as causas da crise situavam-se na gastança
irresponsável e no excesso de crédito que levou as populações dos países
afetados a se endividarem além do limite tolerável e as dívidas públicas a
superarem o limite do aceitável. A prova disso é que os países que não adotaram
essa política e conduziram suas economias com responsabilidade e austeridade,
não entraram em crise. Os exemplos são os países escandinavos e alguns outros
ao redor do mundo que, apesar da crise global continuaram crescendo a taxas
superiores a 3% ao ano.
É emblemático verificar que os
países mais afetados pela crise e cuja recuperação está mais difícil, são
justamente aqueles que adotaram o tal socialismo democrático como sistema
político e o assistencialismo como sitema econômico. Nesses, a situação é bem
pior e sem ajuda externa e medidas extremas de austeridade, não sairão da crise
tão cedo. São os casos de Espanha, Portugal, Itália, Grécia e, o pior de todos
porque a partir de agora é que as coisas vão acontecer para valer, é a França
que não se desapega do socialismo e trata de encarar a realidade inserindo sua
economia no verdadeiro capitalismo de mercado e põe sua população para
trabalhar.
É interessante observar que
somente nos países acima citados houve movimentos populares contra as medidas
de austeridade, justamente porque quando as benesses são concedidas, não se
permite mais tirá-las. Imagine-se o que aconteceria hoje no Brasil se o governo
resolvesse acabar com o Bolsa Família e fazer um ajuste na previdência social
tornando todos iguais. Haveria uma guerra civil com certeza.
O artigo abaixo destaca o caso brasileiro como talvez único no planeta. Apesar da crise global, o Brasil não tratou de promover as reformas estruturais necessárias e muito menos adotou políticas de austeridade em seus gastos públicos, muito pelo contrário. Não se fala em reformas e os gastos públicos crescem vertiginosamente. Se a economia se desenvolve “aos trancos e barrancos”, isto se deve a fatores especiais, como o fato de ser uma economia movida a capitais externos e produtora de comodities dos quais o mundo precisa. Entretanto, os investimentos públicos no Brasil são praticamente inexistentes e o privado, interno e externo, foi expulso do país em função da política econômica vigente, hostil ao capital. Na forma como está, só um louco investiria no Brasil. Como as comodities estão com tendência de baixa, as portas da recessão estão escancaradas e ninguém no governo é capaz de enxergar isto.
O artigo abaixo destaca o caso brasileiro como talvez único no planeta. Apesar da crise global, o Brasil não tratou de promover as reformas estruturais necessárias e muito menos adotou políticas de austeridade em seus gastos públicos, muito pelo contrário. Não se fala em reformas e os gastos públicos crescem vertiginosamente. Se a economia se desenvolve “aos trancos e barrancos”, isto se deve a fatores especiais, como o fato de ser uma economia movida a capitais externos e produtora de comodities dos quais o mundo precisa. Entretanto, os investimentos públicos no Brasil são praticamente inexistentes e o privado, interno e externo, foi expulso do país em função da política econômica vigente, hostil ao capital. Na forma como está, só um louco investiria no Brasil. Como as comodities estão com tendência de baixa, as portas da recessão estão escancaradas e ninguém no governo é capaz de enxergar isto.
A frase abaixo, inserida no
final do texto, esquece um fato importante: ao longo das últimas três décadas o
crescimento médio do PIB brasileiro ficou muito aquém de suas necessidades de
desenvolvimento. Enquanto isto, problemas graves foram se acumulando e hoje
estão pipocando igual milho de pipoca na panela, tais como a infraestrutura em
estado lamentável, o endividamento público em níveis perigosos com os gastos públicos
crescentes, a indústria em recessão, as vendas externas em queda livre, o
câmbio controlado, total falta de critérios nos gastos públicos que não levam
em conta as prioridades e as maiores carências do país, como bem provam os
bilhões que estão gastando para promover a copa do mundo e as olimpíadas, sem
falar em projetos inúteis como a transposição do rio São Francisco e o
projetado trem bala que queira Deus não saia do papel. Deixemos de lado, por
desnecessário, os serviços públicos dignos dos piores países africanos, por ser
um problema crônico.
Ora, num quadro como este,
sobra pouco espaço para o otimismo, sobretudo considerando que o governo Lula
foi avaliado pela maioria da população como ótimo e o atual de sua invenção
como excelente, tanto que sua reeleição está praticamente garantida em primeiro
turno. Um povo que pensa assim não terá um futuro brilhante, pois demonstra
gostar do que é péssimo.
Isto posto, eu acrescentaria
que daqui para a frente, não haverá tranco nem barranco que evite o país
entrar numa recessão de consequências imprevisíveis.
Abraços,
Otacílio Guimarães, 07-05-2013
O lado positivo é que a
história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia brasileira aos
trancos e barrancos consegue se desenvolver.
Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 29 de
abril a 6 de maio).
Cenário de lento crescimento e
gradual recuperação da economia mundial continua se concretizando. As
principais economias seguem processo de reequilíbrio, enquanto seus bancos
centrais tentam, através de injeções maciças de liquidez, sustentar a economia,
evitando cenário de ruptura, até que o organismo econômico possa se auto
sustentar.
Apesar de alguns dados de
atividade mais fracos, números recentes do mercado de trabalho nos EUA
surpreenderam positivamente. Junto com a capacidade de geração de novos postos
de emprego, o setor imobiliário e a confiança do consumidor norte-americano são
pontos animadores e sustentam um cenário de recuperação gradual dos EUA. Na
Zona do Euro, após largo período de enfraquecimento, vemos alguns sinais de
estabilização e uma possível recuperação, ainda que incipiente, nos próximos
meses ou trimestres. Acreditamos que exista alguma probabilidade de surpresas
positivas vindas da economia europeia. O que foi, durante um bom tempo, a draga
da economia global pode surpreender e passar a ser fator positivo para o mundo.
Enquanto isso, a China se rebalanceia, melhorando a qualidade do perfil de
crescimento, mas mantendo taxas bastante elevadas de expansão.
O lado doméstico continua
sendo o ponto mais desanimador do nosso ambiente de investimento. A atual
gestão econômica vem conseguindo retirar as mínimas condições, que antes
existiam, para que a economia funcione de forma eficiente. Não que antes o
modelo fosse perfeito ou eficiente, longe disso, mas existia um mínimo de
condições para que o sistema pudesse tentar se desenvolver. O lado positivo é
que a história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia
brasileira aos trancos e barrancos consegue se desenvolver.
O ambiente de liquidez global
abundante tem conseguido evitar eventos de cauda, porém, uma expansão
fundamentada somente ocorrerá através de reformas e ajustes estruturais, que
precisam de tempo e consenso político. A liquidez é a ponte para se chegar no
acordo político e nas reformas. Porém, sem os ajustes necessários, será uma
ponte para lugar nenhum e voltaremos ao ambiente de crises e incertezas.
Rodrigo Constantino, 06-05-2013
Destaques: OG
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