sábado, 20 de junho de 2015

A linguagem das coisas

Nota:
Este é um texto de opinião – a minha. Não questiono – apoio – quem está na linha de frente buscando uma saída nas questões Varig/Aerus. Mas não me agradou a nota  Esclarecendo que parece, salvo equívoco, nos considerar pessoas incapazes de pensar por si próprias. Autorizo a divulgação mas dezautorizo o uso do texto para ataques a pessoas, grupos e a quem quer que seja.
José Carlos Bolognese 

A Linguagem das Coisas

Os trabalhadores da Varig estão sendo massacrados há mais de nove anos. Os aposentados sendo tungados em 92% de suas pensões, humilhados em todas as instâncias da vida civil, não podem exigir isonomia com a expropriação que sofreram – um... Bolsa Calote – pagar apenas 8% por qualquer coisa que consumam, supérfluas ou não. Mas, drasticamente reduzidos a satisfazer somente as mínimas necessidades, ainda assim não se encontram em condições de fazê-lo sem a ajuda de familiares e amigos, isto, os que ainda têm essa “felicidade”. Para os demais sobram a penúria, a desilusão e até a morte. Fatos.

Foram necessários mais de oito anos para que movimentos mais ou menos consistentes na justiça reacendessem as esperanças dos sobreviventes. E o fenômeno que se nota quando algum desses “movimentos” sobressai e é noticiado, é uma pasmaceira, uma parada geral nas reivindicações como se a última escala do horrível voo pinga fosse a que ficou para trás. As “novidades” do Aerus em 2014 só se tornaram concretas  – de forma excludente e em reduzidíssima parte – no início deste 2015. Melhor do que tudo o que veio antes, foi a cortina de fumaça perfeita, como se produzida por um finíssimo e aromático incenso inebriando mentes e desligando neurônios tão necessários ao alerta de que, de fato, nada se resolveu.

Alerto que qq iniciativa sobre o judiciário pode ser prejudicial aos mais de 20.000 participantes

Os protestos dos combalidos variguianos jamais serão uma ameaça ao judiciário – e a si mesmos – pelo óbvio e ululante motivo de que esses trabalhadores nunca fazem reclamações fora da lei, portanto, não podem tomar qualquer (por extenso, como se deve) iniciativa sobre o judiciário usando o próprio... judiciário. Elementar.

Nenhuma instituição da República está isenta de uma participação negativa nos eventos que causaram o fim da Varig e o massacre de seus trabalhadores. O Judiciário não é uma exceção, no mínimo por sua paquidérmica lentidão em descompasso com as necessidades de seres humanos que não vivem séculos.

Felizmente, tudo leva a crer que o próprio Judiciário está acordando e se vendo na sua correta função  republicana de poder independente. Nossas pequenas vitórias variguianas podem estar sendo parte disto. Tomara.

Portanto todo cuidado é pouco.

Concordo. Nossos cuidados sempre foram poucos e muito aquém da devida reação à iniquidade que nos foi imposta. Ao sabor de qualquer notícia, desligamos as máquinas e reassumimos logo em seguida o Mito de Sísifo ao empurrar a rocha morro acima que fatalmente rolará de volta em nossos cansados lombos.

Depois não adianta achar culpados ou chorar.

Culpado não é – qualquer indivíduo, qualquer grupo – que esteja sinceramente em busca de uma solução.

Culpados não são os que reclamam, com certezas ou equívocos, com os dois ou sem nenhum posto que suas razões há muito – e contra sua vontade foram-lhes impostas. Culpados, sabe-se muito bem, existem, pois não há crimes sem criminosos. E o choro é o direito até de quem erra querendo acertar e, no nosso caso, de não poder pegar os culpados e fazê-los pagar.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 20-6-2015

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