Cristina Miranda
Mais dois ataques com facas, um em Londres outro em Haia,
vieram-nos lembrar que o terrorismo vive silenciosamente no meio de nós e
somos alvos muito fáceis ao contrário do que nos querem fazer crer. Estes
assassinos não precisam de armas compradas em lojas. Com facas e explosivos de
fabrico artesanal matam e fazem-se explodir apenas por motivações
ideológicas. E nós, nem com medidas de segurança sofisticadas estamos a salvo.
Essa é a triste realidade.
Sou do tempo em que na Europa,
quando se falava de terrorismo, ou era a ETA ou o IRA cujo alvo eram membros
dos governos ou juízes. Ataques com facas e homens suicidas no meio de
multidões de civis só mesmo no médio oriente. Como é que importamos isto?
A resposta podemos encontrá-la
num magnífico documentário – Borderless – da jornalista canadiana
Lauren Southern. Infiltrada durante 4 meses, entrevistou traficantes, migrantes
e responsáveis por estas passagens para a Europa. Um trabalho jornalístico de
alto risco, mas muito revelador do tráfico humano, um negócio milionário.
A crise das migrações deu-se
em 2010 com a Primavera árabe e o fim dos ditadores que trouxe uma onda de
deslocados para a Turquia, Líbano, e Jordânia com muitas incompatibilidades
culturais pelo meio. Em Ayvalik na Turquia a jornalista falou com locais que
revelaram que “esta rota abriu em 2013 para a Grécia e que desde então as
mulheres da região já não podiam ir para os campos sozinhas; que por ali
passam milhares de seres humanos por dia; que os traficantes agem como
uma máfia e estão armados com AK47; a população vive com medo. O preço da
passagem para Lesbos e outros destinos são 1000, 2000, 3000, 4000 dólares.
Não são refugiados porque esses não têm meios económicos, nem são pobres nem
crianças. E também não é trabalho humanitário”. Outra travessia deste “negócio”
dá-se por Marrocos para Espanha. Os passaportes e documentação são
propositadamente destruídos para que não sejam deportados.
Em Lesbos são colocados
num campo para 3000 pessoas, mas que já excedeu os 11000 “refugiados”.
Nele há assassínios, violações, estupros. É um lugar perigoso onde matam
enquanto dormem porque está cheio de grupos étnicos diferentes que não se
toleram. Os migrantes não se sentem seguros e muitos dizem-se arrependidos.
Alguns denunciam à jornalista
subornos pedidos por médicos gregos do Governo para conseguirem a legalização –
“os Papeis” – que é um pedido médico atestando que aquela pessoa tem um
problema grave de saúde e tem de ser transferida urgentemente para Atenas
ficando assim automaticamente “legal”. Denunciam ainda que o ISIS está no meio
deles disfarçados de refugiados. Dizem que há no campo 2000 ou mais de
ISIS que fugiram do Iraque e Síria porque foram derrubados nos seus países e
atacam com facas ateus, cristãos, judeus, jazidis e curdos no acampamento.
Chegam a pedir câmeras de vigilância às autoridades para os protegerem, mas
ninguém se importa com isso.
Estes “refugiados” têm o
suporte do Departamento Europeu do Conselho dos Direitos Humanos da ONU que vai
aos campos fazer entrevistas para rastreios. De 2015 a 2016, dos 80% dos
pedidos de asilo de sírios e 20% de outras nacionalidades, só 3% foram
rejeitados.
A jornalista fez uma gravação
de uma entrevista a uma CEO da ONG “Advocates Abroad” que faz assessoria
aos migrantes – Ariel Riker – onde ela explica que os ensina a mentir aos
guardas costeiros, como ajuda a criar um falso perfil fazendo-os passar
por cristãos, encenando uma narrativa credível junto dos representantes da
ACNUR. A gravação saiu nos média. Você ouviu alguma coisa? Houve consequências?
Pois...
Os repórteres também se
infiltraram nos barcos das ONG e entrevistaram um comandante que afirmou que
apenas “salva vidas” e que não lavou a quantia de dinheiro de que era acusado.
“No máximo 500 mil, muito
menos que outras ONG´s” – disse seu advogado. Provou-se que o que alimenta este
“humanitarismo” são os milhões que o sustentam. Milhões! Nada mais.
Consequências? Zero. A “missão” prossegue.
Esta imigração ilegal
financiada custa cerca de 200 biliões de euros por ano aos 27 países da
UE. Não é sustentável. Toda a imigração que vai além das necessidades
de cada país, provoca sérias dificuldades econômicas e muita pobreza não só aos
nativos como aos que chegam. Mas isso não parece preocupar ninguém. Muito menos
UE e ONU. Esquisito.
A jornalista quis saber o que
era feito daqueles que se aventuraram a sair dos seus países e se tinha valido
a pena. Em Paris um migrante do Mali, a viver debaixo de uma ponte, conta que
foi um erro. Que esperava ser legalizado, trabalhar e mandar dinheiro para a
família. Sente-se traído.
Foi saber de outros que
entretanto conseguiram asilo na Irlanda. Uma refugiada política do Zimbabué por
oposição a Mugabe, outra da África do Sul por perseguição à sua integridade
física por suspeita de ser lésbica, explicam que são gratas ao povo que as
recebeu e compreendem a animosidade dos irlandeses que não os veem com agrado
porque têm receios, compreensíveis, pelo seu futuro.
Na verdade, a Irlanda nem nos
piores momentos econômicos do país teve sem abrigos a viver na rua, mas agora o
cenário é devastador. Os escassos recursos estão a sair para estrangeiros.
Deixar entrar o 3º mundo, sem quotas,
para colocar os nativos em dificuldades, por dinheiro, é desumano e dão uma
visão negativa da imigração. Não se pode ter fronteiras escancaradas quando
não se tem condições para cuidar do próprio povo que trabalhou e descontou para
ter uma vida digna. Mostrar insatisfação pela situação é
considerado “racismo e fascismo”, a arma de silenciamento preferida dos que vivem
à custa desta exploração da miséria sem nenhuma preocupação com o
destino que estes têm depois de entrarem na Europa.
Não são todos invasores, assassinos,
nem tão pouco são todos fugitivos de guerra. São pessoas, a maioria migrantes
econômicos que venderam tudo o que tinham para pagar uma travessia onde lhes
prometeram acesso fácil ao “paraíso social”. Estas pessoas
compraram uma mentira por muitos milhares de dólares. Um crime ironicamente
“abençoado” pela UE e ONU. Por quê?
Veja aqui o documentário
completo:
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 2-12-2019
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