António Ribeiro Ferreira
Os socialistas do não pagamos
e os bobos da corte socrática merecem todo o apoio
O país não está bem-disposto,
os portugueses não andam alegres. Percebe-se. Têm consciência de que o presente
e o futuro vai ser muito difícil e já sentem no bolso as consequências da
austeridade. Nestas ocasiões faz sempre falta um pouco de circo com os seus
inevitáveis palhaços. Podem ser ricos, pobres, péssimos, razoáveis ou muito
bons. Tanto faz. Fazem rir e aliviam um pouco a raiva de quem caiu em situações
dramáticas pela mão de um bando de criminosos que atirou o país para a
bancarrota e para anos de miséria. Na política nacional, os tais criminosos
foram duramente penalizados nas urnas. Nada de surpreendente. Acontece que em Portugal, um país de brando
costumes, estes energúmenos fizeram o que fizeram e na maior parte dos casos
saíram do poder com dinheiro mais que suficiente para se rirem na cara dos que
sofrem a bom sofrer as consequências dos seus crimes. É a justiça a que não
temos direito, mas agora, nesta fase do campeonato, não vale a pena chorar por
leite derramado. E como tristezas não pagam dívidas, importa registar e
divulgar por todos os cantinhos o que os bandidos, os assumidos e a sua imensa
corte de bobos anónimos, andam por aí a dizer, às escondidas ou às claras,
normalmente às escondidas, sobre a forma como Portugal está a tentar, com muitos
sacrifícios, reparar os males provocados por este imenso bando de predadores
das poucas riquezas nacionais. É claro que a pobre direcção do PS, que herdou
um partido completamente saqueado, tenta por todos os meios dar uma imagem de
seriedade, compostura e responsabilidade. Tenta, mas não consegue. Os
malfeitores estão bem instalados, não deitaram fora os instrumentos que foram
saqueando nos anos em que estiveram no poder e fazem a vida negra ao pobre
António José Seguro. E como a votação do PS no Orçamento do Estado não lhes
correu bem, apareceu a público uma intervenção do seu chefe, feita no seu refúgio parisiense, a dar o mote ao bando ainda meio atordoado pela abstenção
socialista. A ideia, claro, é desvalorizar os roubos cometidos e as dívidas criminosas
contraídas em seis anos de poder. Coisa de criancinhas isso de andar preocupado
com o pagamento de calotes. Está certo. Qualquer criminoso comum dirá
exactamente o mesmo e terá por certo argumentos muito fortes para justificar os
roubos, as dívidas e os crimes. Falou o chefe e logo os acólitos começaram aqui
e ali a imitá-lo com discursos arruaceiros a propósito de festinhas de Natal. O
caso mais notório é o de um jovem vice-presidente da bancada do PS, presidente
da federação de Aveiro, que num repasto em Castelo de Paiva puxou do não
pagamos com um chorrilho de ameaças aos banqueiros. Descontando alguma
alteração de discernimento, o discípulo do chefe tocou nos pontos que unem por
laços muito fortes os membros do bando. Ainda bem que assim acontece. Os
portugueses ficam a conhecer muito melhor o ideal do grupo e identificam bem os
membros do bando e os palhaços anónimos que tentam manter viva a chama do
crime. E como o povo é sábio, é normal que os mantenha afastados do poder por
muitos e bons anos. Um bando destes não é para ser levado a sério. E como não
pode ser preso, ao menos que faça rir.
Título e Texto: António Ribeiro Ferreira, jornal
“i”, 16-12-2011Relacionados:
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