terça-feira, 24 de julho de 2012

Governo e grevistas das federais: Dilma não cede a reivindicação que ela aplaudiu em SP quando o alvo era Serra.

Ou: O Encontro de dois atrasos
Reinaldo Azevedo
Espalhem este texto por uma questão de didatismo. É preciso deixar claro como age o PT quando está no governo e quando está na oposição!

Foto: AD
E lá se foi mais uma reunião entre o governo e os representantes dos professores das universidades federais, que estão em greve há mais de dois meses. Nesta terça, haverá uma nova reunião, mas Sérgio Mendonça, secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, afirmou que o acordo ainda está distante. O governo sustenta que o reajuste prometido já significa um gasto extra de R$ 3,9 bilhões nos próximos três anos.
“O governo tem que responder. A categoria está insatisfeita com a proposta apresentada. Se os professores continuam em greve, a responsabilidade é dele. Nossa greve não é ilegal, quem não avança é o governo”, afirmou ao jornal O Globo Marinalva Oliveira, presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).
É, minhas caras, meus caros, a negociação entre as lideranças do movimento grevista e o governo é, assim, uma espécie de confronto de dois atrasos… Por que escrevo isso? Bem, o governo é o principal responsável pelo impasse porque não se apressou em propor o prometido plano de carreiras, investiu de maneira irresponsável no inchaço das universidades federais e não pôde arcar com os custos de infraestrutura. Obra do genial Fernando Haddad, o queridinho de boa parte da imprensa paulistana.
Mas é evidente que a pauta de reivindicações dos sindicalistas traz o indisfarçável cheiro da naftalina das esquerdas d’antanho. Leiam esta outra declaração de Marinalva ao Globo:
“O governo achava que a proposta apresentada é um avanço, mas ela desestrutura a carreira. Queremos a correção das distorções salariais. Se um professor tem a mesma função, tem que ter o mesmo reajuste. A proposta atual é pior do que [a progressão de carreira] a que existe hoje; exige critérios de produtividade para progredir na carreira”.
Entenderam o busílis? A liderança do movimento grevista é contra uma coisinha básica, presente em todas as instituições e sociedades contemporâneas: a promoção por mérito. E o ministro Aloizio Mercadante, de modo acertado (nesse particular), afirma que esse é um fundamento irrevogável da proposta. Xiii, ele tem problemas com essa palavra, né?

Lembram-se da Apeoesp?
O interessante, morbidamente engraçado, nessa história é que, em São Paulo, a Apeoesp, sob o comando do PT, comandou, em 2010, uma verdadeira guerra contra o programa de qualificação dos professores, que prevê a promoção por mérito. Está na raiz das tentativas de greve que o sindicato tentou, sem sucesso, comandar no estado.
Dilma, agora, não quer ceder a uma reivindicação dos professores das universidades federais que ela aplaudiu em São Paulo, quando candidata à Presidência. Mais do que aplaudiu: recebeu a notória Bebel, presidente da Apeoesp, um dia depois de essa grande líder ter comandado uma manifestação de rua cobrando de Serra justamente o que os professores das federais cobram agora da governanta: o fim da promoção por mérito. Uma observação se faz necessária em nome da precisão: a pauta de Bebel era só pretexto. Ela fazia mesmo era campanha eleitoral — foi multada pelo TSE por isso.
Os professores das federais, ao menos, reconheça-se, têm uma pauta equivocada, mas não estão participando de uma conspirata eleitoreira.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 24-7-2012

Um comentário:

  1. Comentário de Batalha:
    Reinaldo de Azevedo, que considero um dos raros jornalistas com coragem de dizer a verdade, no caso da greve dos professores engana-se quando afirma: Entenderam o busílis? A liderança do movimento grevista é contra uma coisinha básica, presente em todas as instituições e sociedades contemporâneas: a promoção por mérito. E o ministro Aloizio Mercadante, de modo acertado (nesse particular), afirma que esse é um fundamento irrevogável da proposta. Xiii, ele tem problemas com essa palavra, né?
    Falta informação ao jornalista: ele confunde produtividade (medida que o MEC quer impor no Plano de Carreira) com titulação acadêmica (especialização, mestrado e doutorado). O mérito acadêmico, tradicionalmente, em todo o mundo, tem como principal indicador a titulação, além de outros como produção científica, participação em eventos importantes, dedicação exclusiva etc.
    Na verdade, que o jornalista não alcançou, a titulação não interessa ao MEC, que, em sua proposta, eliminou do plano de carreira o ingresso, por concurso público, de doutores no nível de professor adjunto, impondo o acesso como Auxiliar de Ensino I, piso da carreira, que, por definição (que o MEC não aceita mais) é destinado aos jovens formandos, dotados de elevado potencial, aferido pelo Histórico Escolar de Graduação, que não têm ainda pós-graduação. O MEC quer impor a PRODUTIVIDADE, falsa medida de mérito acadêmico no momento em que descaracteriza a titulação. A academia não é uma fábrica, em que o capataz vigia o operário na linha de produção exigindo dele o atingimento de metas de produtividade, como, por exemplo, a dos clássicos: medida de TIME & MOTION.
    Quanto ao ministro da Educação, ele parece não dar valor à sua titulação, talvez por ter sido, aparentemente, fruto de uma tese de doutorado eivada de chavões político ideológicos muito ao gosto dos petistas e que nada tem a ver com os fundamentos da Ciência Econômica.
    BATALHA

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