João Bosco Leal
Tanto entre os humanos quanto
entre os animais, existem mães e mães. Entre nós há as que trabalham e as que
não, as que bebem, usam drogas, são prostitutas, não se respeitam, mas mesmo
estas merecem e normalmente são respeitadas por seus filhos.
No mundo animal, há vacas que
protegem suas crias de qualquer um, que lutam desesperadamente contra quaisquer
predadores para não perder sua cria, e as que simplesmente observam a mesma ser
devorada por outros animais.
Outras que abandonam seus
bezerros logo ao nascer, deixando-os à própria sorte, os chamados “guachos”,
que, se encontrados a tempo por um humano, muitas vezes tornam-se mais fortes
do que seus contemporâneos, mesmo tendo crescido sem nenhum “afago” materno.
As galinhas cobrem com as asas
os pintinhos recém-nascidos, para que não sejam devorados por gaviões e para
que não sofram com a chuva e o frio. Existem, porém, aves que raramente chocam
o próprio ovo, como as galinhas d’angola, os marrecos e outras, que por esse
motivo, são de difícil procriação.
Entre os suínos e caninos, o
filhote que, desde os primeiros momentos de vida, tendo que disputar as tetas
com os irmãos, se esforça para mamar mais e fica cada dia mais forte que seus
irmãos, que não se esforçaram, e por isso ficam cada vez mais fracos.
Algumas mães, entretanto,
suprem seus filhos de todas as necessidades que estejam ao seu alcance, mesmo
quando o “filhinho” ou a “filhinha” já são adultos, mas assim como nos animais,
essa superproteção cria um ser fraco, que por nunca haver lutado por nada,
quando essa mãe não estiver mais presente, terá muitas dificuldades para
sobreviver num mundo onde há disputas por tudo.
Ao contrário de ajudar, elas
proporcionaram um enorme prejuízo a esses filhos, que sempre perderão, em todos
os sentidos, para os que cresceram fortes por terem tido de buscar, sem ajuda,
o que necessitavam.
No entanto, sem sua proteção e
tendo que buscar seu próprio sustento e programar seu futuro sabendo que nada
mais será ganho, aprenderá, ainda que tardiamente, assim como aquele filho ou
filha que foi desamparado, mal tratado, abandonado e até mesmo desprezado por
essa mãe, que por ter lutado sozinho por sua sobrevivência e aprendizado,
tornou-se um adulto mais forte e para ele nada mudará quando essa mãe partir.
Por isso e por mais que seja
dolorido, assim como ocorre em todo o reino animal, em determinado momento as
mães necessitam desmamar seus filhos, pois aquelas que contrariando a natureza,
escolhem dar proteção a um filho normalmente fracassam em seu sonho, e fazem
fracassar o filho protegido.
Perceber esse erro, certamente
gera uma enorme sensação de fracasso na mãe para a qual seu filho protegido
obteria somente sucessos, e essa descoberta normalmente provoca um
distanciamento cada vez maior desta mãe com o filho que ela desprezou e que
hoje é um forte.
Os que lutaram com suas
próprias mãos, certamente criarão seus filhos assim, dando-lhes amor, carinho e
apoio, mas ensinando-lhes a buscar seu lugar ao sol com seu próprio esforço,
pois o mundo não passará a mão na cabeça de ninguém, quando não tiverem mais a
retaguarda dos pais.
E quando a grande maioria
fizer o mesmo, nascerá uma nova geração de homens e mulheres fortes, que
construirão o futuro de um grande país, deixando de lado e para trás os fracos
que criaram filhos e nações fracas.
As nações são o resultado de como as mães criaram seus filhos nas
décadas anteriores.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, jornalista, escritor e
produtor rural
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