Cesar Maia
1. Hugo Chávez comemorou em
seu Twitter a decisão da presidente Dilma, escoltada pelos presidentes Cristina
e Mujica, de fazer ingressar a Venezuela no Mercosul a fórceps político: "Tive uma conversa muito agradável com a
presidente Dilma, nossa querida companheira. Venezuela no Mercosul! Isso sim é
o novo! Uma nova América do Sul! Uma nova Geopolítica!". Em outra
declaração, o explícito co-chanceler brasileiro para a América Latina – Marco
Aurélio Garcia – afirmou semana passada no próprio blog da Presidência da
República, sobre a inclusão da Venezuela no Mercosul: "Reflete o consenso político" dos
presidentes do Brasil, Argentina e Uruguai. The
Economist, por seu turno, deixou claro que o "Mercosul se encaminha para uma união sócio-política, abandonando a estrutura
comercial original".
2. Sendo assim, as dezenas de
pronunciamentos e artigos de diplomatas e juristas mostrando a ilegalidade da
inclusão da Venezuela no Mercosul de nada serve aos promotores da mesma, unidos
pela própria natureza política. Tanto faz, pois a decisão é política. Assim
como foi política a decisão do Congresso do Paraguai de afastar o presidente
Lugo. Só que no Paraguai a decisão tinha um lastro na letra da Constituição. Na
semana passada, a executiva da UPLA (União de Partidos Latino-Americanos),
presidida pelo senador chileno ex-presidente do senado – Jovino Novoa; pelo
deputado uruguaio Jaime Trobo, presidente da comissão de assuntos
internacionais; e por mim, esteve em Asunción em reuniões com o presidente
Franco do Paraguai e seu chanceler, com o presidente do Congresso, com todos os
líderes dos setores empresariais, com ministros, com dirigentes dos dois
principais partidos, com jornalistas políticos e com o principal instituto de
pesquisas do país. Isso permitiu ter um quadro claro da dinâmica desse
processo, dos detonadores e das repercussões junto à opinião pública nesses
mais de 30 dias.
3. O processo de
desestabilização institucional caminhava a passos largos com vistas à
recondução, ao arrepio da Constituição, do presidente Lugo. O debate no
Congresso não ocorreu de repente. Mas houve dois detonadores. O primeiro foi a
compra de votos de parlamentares com vistas a interromper o debate e de se
iniciar o atropelo constitucional, com uma primeira oferta de 300 mil dólares
per capita. Chávez não escondeu isso, embora apenas falasse em tese. O segundo
foi a morte de 17 pessoas em confronto com os "carpeiros", o MST de
lá. Lugo, em seguida, nomeou o policial responsável para chefe da polícia. Os
acontecimentos, gravados em vídeo, do chanceler venezuelano propondo um golpe à
cúpula militar é conhecido de todos.
4. Em relação ao Brasil e Argentina, a decisão – política – de incluir a Venezuela no Mercosul já estava tomada. Mas como o senado paraguaio não aprovava, esperou-se o momento em que se poderia excluir o Paraguai e incluir a Venezuela a fórceps político. A nossa reunião com o presidente do Paraguai e seu chanceler convergiu para o entendimento que se trata da geopolítica do chavismo e seus sócios. E que realizar em Brasília uma reunião política agora e abrir o processo de inclusão (estimado pelo próprio governo brasileiro em pelo menos 4 meses, tinha um componente fundamental: a re-reeleição de Chávez em 7 de outubro. Os 20% a 25% de indecisos tornam o favoritismo de Chávez precário. Mas um ato desses impacta no país e o faz avançar sobre os indecisos.
5. As pesquisas realizadas no Paraguai antes dos fatos, nos dias seguintes, e agora mais de 30 dias depois, mostram que os paraguaios estavam divididos 60% a favor e 40% contra o impeachment e agora são 90% contra Brasil, Argentina e Uruguai, que chamam de Tríplice Aliança, fazendo memória à guerra de 1865-1870, que os confrontou. Triste momento contra um país pequeno (6 milhões de habitantes) e pobre. O chanceler carimbou com uma frase: "aos pequenos países cabe a coragem e a segurança jurídica internacional". Pelo visto, caberá a coragem deles e de todos aqueles que se somam contra a geopolítica chavista.
4. Em relação ao Brasil e Argentina, a decisão – política – de incluir a Venezuela no Mercosul já estava tomada. Mas como o senado paraguaio não aprovava, esperou-se o momento em que se poderia excluir o Paraguai e incluir a Venezuela a fórceps político. A nossa reunião com o presidente do Paraguai e seu chanceler convergiu para o entendimento que se trata da geopolítica do chavismo e seus sócios. E que realizar em Brasília uma reunião política agora e abrir o processo de inclusão (estimado pelo próprio governo brasileiro em pelo menos 4 meses, tinha um componente fundamental: a re-reeleição de Chávez em 7 de outubro. Os 20% a 25% de indecisos tornam o favoritismo de Chávez precário. Mas um ato desses impacta no país e o faz avançar sobre os indecisos.
5. As pesquisas realizadas no Paraguai antes dos fatos, nos dias seguintes, e agora mais de 30 dias depois, mostram que os paraguaios estavam divididos 60% a favor e 40% contra o impeachment e agora são 90% contra Brasil, Argentina e Uruguai, que chamam de Tríplice Aliança, fazendo memória à guerra de 1865-1870, que os confrontou. Triste momento contra um país pequeno (6 milhões de habitantes) e pobre. O chanceler carimbou com uma frase: "aos pequenos países cabe a coragem e a segurança jurídica internacional". Pelo visto, caberá a coragem deles e de todos aqueles que se somam contra a geopolítica chavista.
Título e Texto: Ex-Blog do Cesar Maia, 31-7-2012
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