Alberto Gonçalves
Recentemente, o jornal i perguntou a Vasco Graça Moura qual
seria a sua primeira medida caso fosse ministro ou secretário de Estado da
Cultura. Graça Moura respondeu: "provavelmente seria pedir a
demissão", no sentido de que não quereria ocupar nenhum dos cargos. Carlos
Zorrinho, astuto líder parlamentar do PS, ofereceu à humanidade a sua
inter-pretação da frase: dado que o secretário da Cultura depende do
primeiro-ministro, Graça Moura pediu a demissão do primeiro-ministro durante
uma entrevista em que se fartou de o elogiar.
Há dias, o referido Pedro
Passos Coelho gritou: "Que se lixem as eleições, o que interessa é o bem de Portugal", no
sentido, talvez fingido, de que se deve governar no interesse de todos ao invés
de o fazer em benefício das próprias clientelas. Num ápice, o dr. Zorrinho
explicou que quem se está a lixar para as eleições está a lixar-se para os
eleitores.
Assim é difícil. Uma coisa é a
sofisticação do nosso debate político andar pelas ruas da amargura. Outra é o
deputado Zorrinho conduzir o debate pelos becos da radical incompreensão. Não
tarda, sempre que um membro do governo ou alguém conotado com o PSD disser
"Bom dia!", logo saltará o dr. Zorrinho a explicar que o sujeito em
causa afirmou claramente o nojo ao povo português e o desejo de que este padeça
vítima de calamidades diversas. Para cúmulo, não adiantará ao sujeito tentar
esclarecer o equívoco, já que o dr. Zorrinho usará o esclarecimento a fim de
acusar o infeliz de maldades ainda piores. Consta que o dr. Zorrinho ensina
Gestão da Comunicação. Ensina, não aprende.
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