Israel acusa Hugo Chávez de
estar ajudando o Irã a construir a bomba nuclear
Francisco Vianna
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Ahmadinejad e Chávez sorrem no
Palácio Miraflores em Caracas em 22 de junho. AFP/Getty Imagens
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Tanto na área diplomática
quanto na área de comércio exterior, cada vez mais o regime de Caracas procura
ajudar o Irã a construir uma bomba nuclear e a escapar das sanções
internacionais impostas pela ONU a Teerã Venezuela e conseguir por vias
transversas tecnologia militar, como denunciou por esses dias, por escrito os
jornais ocidentais, Yigal Palmor, um porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores de Israel. Na sua carta aos jornais, comentou sobre a crescente
interação entre Caracas e Teerã, que se tornou uma aliança crucial para o
regime de Ahmadinejad.
No entanto, Palmor deixou
claro que, pelo menos por enquanto, Chávez não está financiando diretamente o
programa nuclear iraniano, mas apenas colaborando de modo indireto ou,
possivelmente, de modo secreto. “Mas o fôlego econômico que a Venezuela dá,
nesse momento, à economia iraniana em detrimento do rápido empobrecimento do
povo venezuelano – ao ajudar Teerã em desbordar as sanções internacionais da
ONU – especialmente através de sua assistência aos setores chaves, petroquímico
e de armamentos, além de um incansável respaldo político na arena
internacional, permite que o Irã possa concentrar seus recursos e esforços no
projeto nuclear. Toda a parceria entre ambos faz parte de um ‘grande
objetivo’”, disse Palmor. Disse ainda que “a complacência do regime de Caracas
tem sido essencial para que o Irã consiga o espaço de manobra que precisa para
tocar adiante seu programa nuclear e militar, que tem sido denunciado
internacionalmente”.
Os comentários de Palmor
seguem o tom das declarações feitas previamente pelo ministro das Relações
Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, que admitiu o fato de que, cada vez
mais, se justificam as razões para se suspeitar que a Venezuela esteja ajudando
ostensiva e secretamente o programa nuclear e militar do Irã.
A ação da Venezuela,
provavelmente, se dá pela promessa não divulgada explicitamente de Teerã de que
os avanços tecnológicos serão compartilhados com ambos os países, como sugeriu
numa conversa que teve com o vice-presidente da Costa Rica, Alfio Piva.
O colunista Uri Dromi, que
acompanha de perto os temas relativos à defesa do Estado de Israel, concordou
que a ajuda venezuelana se converteu numa ajuda incalculável para as aspirações
nucleares e militares iranianas. “Ao ajudar o Irã a desbordar as sanções da
ONU, a Venezuela está ajudando os persas a continuarem com seu programa nuclear
bélico”, comentou Dromi numa entrevista por telefone.
Estados Unidos e União
Europeia impuseram, através do Conselho de Segurança da ONU, uma série de
sanções econômicas contra o país islamofascista para obrigá-lo a permitir uma
ampla monitoração de seu programa nuclear pela AIEA, ante o temor de que seja
usado para desenvolver ogivas nucleares e armas de destruição em massa, uma
alegação que Teerã nega. Tais sanções, em sua maioria, têm a finalidade de
cortar o acesso aos mercados internacionais do petróleo persa e incluem
proibições a bancos e outras empresas integrantes do sistema financeiro
internacional a se envolverem nas operações de compra e venda de petróleo
iraniano.
Outras sanções também estão
dirigidas ao Banco Central Iraniano, uma vez que a União Europeia estabeleceu
um embargo ao petróleo desse país. Dromi disse ainda que o Irã não apenas está
recebendo ajuda material da Venezuela, mas que o país sulamericano está
exercendo um papel essencial nos esforços para conseguir respaldo no terreno
diplomático. “Nunca antes, a situação do Irã chegou a ficar tão sombria. As
sanções estão surtindo um efeito devastador… E agora, com a queda da Síria, um
aliado importante, os persas têm mais necessidade do que nunca de contar com os
poucos amigos de outros lugares”, explicou Dromi.
E a Venezuela se converteu
assim num dos melhores e mais amplos colaboradores do regime antissionista
persa, já com mais de 150 adidos diplomáticos creditados em Caracas e de outro
pessoal que toca um porto exclusivo cedido ao Irã pelo mandachuva venezuelano.
Com isso, o Irã já produz uma ingerência nos assuntos internos da Venezuela
comparável a exercida por Cuba.
A Venezuela, considerando-se o
tamanho do “corpo diplomático” iraniano, se converteu num importante centro de
operações antiamericanas e antidemocráticas da América do Sul, com um
contingente de inteligência iraniana e cubana agindo livremente no país.
Trata-se de uma aliança estratégica que permite ao regime de Teerã “estender
suas unidades militares” a toda a América Latina, o que significa que “pode
executar ataques terroristas” muito mais além de sua esfera geográfica e de
influência.
Chávez já revelou que está
construindo aviões não tripulados – “drones” – para Teerã, e em contrapartida
engenheiros persas supervisionam este e outros projetos militares venezuelanos.
Tem também enviado ao Irã um número ainda desconhecido de caças F-16, comprados
dos EUA, sob a alegação de “treinamento e de calibração de radar”, segundo
Palmor.
“Em troca, o Irã está montando fábricas para a
produção de petroquímicos e munições de armas leves na Venezuela, alem de ter
aberto sucursais bancárias e empresas de transporte de fachada para serem
usadas na evasão das sanções internacionais”.
Além disso, Chávez permite que o Irã obtenha tecnologia e conhecimentos
que precisa, e que de outra maneira seria impossível conseguir devido às
sanções impostas pela ONU, às quais está conseguindo contornar com a ajuda
venezuelana.
Palmor deu ênfase ao fato de
que as aspirações iranianas de desenvolver ogivas nucleares e a decisão de
Teerã de perpetrar ataques terroristas ao redor do mundo para alcançar seus
objetivos são as grandes preocupações de Israel, e deveriam ser também as do
resto do mundo. “Foi o regime dos aiatolás iranianos que criou o conceito
moderno dos “homens-bomba” e o introduziu no Oriente Médio, com base no
conceito teológico jihadista extremo de que o suicídio é bendito e recompensado
por Alá caso resulte na matança de soldados ou civis inimigos, como os judeus”.
“Pode-se dissuadir os que aderem à “glorificação do suicídio”? Essa é a razão
pela qual Israel considera essencial evitar que o Irã obtenha armas nucleares e
a razão pela qual a assistência venezuelana está dando ao regime islamofascista
dos aiatolás uma ajuda irresponsável e execrável”, disse o porta-voz.
A situação pode chegar a um
ponto de que, qualquer ação militar contra o Irã, subentenda a inclusão de uma
ação militar contra a Venezuela, concomitante.
Título e Texto: Francisco
Vianna, com base na mídia internacional, 23-7-2012
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