segunda-feira, 30 de julho de 2012

O fim do monopólio da notícia

Ilustração: Rodrigo FeOli

Carlos Lúcio Gontijo
Temos buscado tratar de assuntos mais ligados ao comportamento humano do que a temas da velha política, que insiste em ser a mesma de sempre, com os parlamentares cada vez mais corporativistas e cuidadores tão apenas de seus interesses particulares, com uns se dizendo praticantes do bem, mas vivendo espontaneamente no meio dos maus políticos, que são expurgados somente em caso de ser pegos com a boca na botija, quando então caem nas manchetes dos jornais. Ou seja, se não acontece o flagrante, todos convivem e usufruem fraterna e festivamente das benesses da república, tratada como coisa de ninguém, apesar de claramente pertencer a uns mais que a outros.

Os governos e toda a classe política, incluindo-se aí as tais autoridades constituídas, ainda não notaram, mas a grande verdade é que todos eles não passam de simples gestores que agem segundo os interesses dos conglomerados fabris e agropecuários, detentores e senhores do capital privado, que têm nas mãos as rédeas do sistema capitalista. A privatização do Estado é tão evidente e elástica que nem o exército norte-americano escapou, pois metade de seus soldados de guerra em nome da paz, que ocupam territórios conflagrados, é constituída por mercenários contratados por outras formas e meios.

A recente crise experimentada pela economia norte-americana é prova cabal de que os governos se veem obrigados a ter como opção a salvação daqueles para os quais governam. Ou seja, quando os que adquiriram imóveis financiados não dispunham de recursos para quitar as prestações que assumiram, devido aos baixos salários ou à perda do emprego, o Tesouro norte-americano preferiu, desabrida e explicitamente, socorrer os bancos.

Dessa forma, tomamos como agentes sociais, não mais as instituições governamentais e seus segmentos, mas sim o cidadão através do pleno exercício da cidadania, que encontra na força democrática da internet mecanismo apropriado para a criação de uma rede tanto de ação quanto de fiscalização dos magnatas do capital, que como os grandes jornais, antes proprietários do monopólio da informação e da notícia, utilizando-o como moeda de troca e, ao mesmo tempo, agindo como facilitadores do controle sobre o material jornalístico, uma vez que aos poderosos bastava meia dúzia de telefonemas para evitar a propagação de algum fato prejudicial a seus interesses, sempre superiores aos anseios da maioria. Hoje, não há mais como deter a força das redes sociais virtuais, que se agiganta diante de uma velha mídia atônita, por não saber editar sem o uso do partidarismo e da cultura da manipulação,  passando a ser imediatamente desmentida pela internet – a mídia de todos!

Abraçamos o limiar do novo tempo que se nos avizinha com alegria, pois ao que parece os cidadãos poderão enfim tomar nas mãos a construção de seu próprio destino, fazendo valer a velha premissa de que a maioria tem a força tanto de deliberar quanto de fiscalizar os que se nos apresentam como donos do capital e devem ser lembrados de que tal condição não os eleva como senhores do mundo e condutores do destino da humanidade. Talvez assim os que alicerçam a sua existência no poder e na riqueza abram espaço para a unção de Deus em nossas vidas prisioneiras a contas correntes e aos grilhões do egoísmo e do exacerbado individualismo, que se encontram embutidos no louvor ao materialismo desprovido da indispensável sensibilidade humana e do respeito ao santificado amor pelo próximo.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista, 30-7-2012

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