quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Folhas soltas ao vento"

Otacílio Guimarães

Veja bem, meu amigo cão fumante. Eu ando pensando muito a respeito do que estou fazendo com os meus escritos.
Está me parecendo folhas soltas ao vento e levadas para apodrecer em um pântano qualquer. Não será inútil, porque Lavoisier já dizia: "Na natureza, nada se perde e tudo se transforma". Sabe que este pensamento me trás uma enorme felicidade? É isto, não vou morrer definitivamente, apenas me transformar. Foi por isto que ao tomar conhecimento deste conceito puramente científico eu passei a acreditar na imortalidade. Estou piamente convencido de que, ao morrer, vou permanecer eternamente morto. Portanto, serei eterno.
O importante é o que você faz em vida. Viver é muito bom desde que você saiba fazer da sua vida uma existência proveitosa para si e para os demais que lhe são próximos, porque os que lhe estão distantes nem ligam para você e assim você nem pode ligar para eles, a não ser pelo celular. Milagre da tecnologia, o tal do celular.
Dia desses um garoto de oito anos me fez uma pergunta interessante. Ele é filho do meu sócio Jeff Bouzos, um sujeito que muito prezo. A pergunta foi:
- Mister, how are you?
Uma pergunta destas vinda de uma criança de oito anos me pôs a pensar.
Imediatamente me veio à mente aquele conceito espiritualista que diz: quem sou eu, de onde vim, para onde vou?
A única resposta que encontrei para a criança foi:
- No momento, eu sou apenas um ser vivente igual a você. A única diferença entre nós é que sou bem mais velho que você.
A pergunta seguinte quase me deixa desconsertado:
- Você vai morrer logo?
Pensei um pouco, tentei imaginar o que ia na mente daquele pequeno ser, e respondi:
- Jeffrey, nunca pense na morte. Todos nós vamos morrer um dia. Seu avô morreu, seu tio morreu, mas você, seu pai, sua mãe e irmãos, estão vivos. Portanto pense apenas na vida, na sua vida e na vida dos seus. E, enquanto você viver, tente ser o melhor sujeito do mundo.
Isto tem algo a ver com os meus escritos soltos ao vento que de repente foram cair no seu blog e que você, meu amigo cão viciado em tabagismo, publica e divulga. Então, não foi em vão. Quem sabe, depois de morto, me torne famoso pelo que escrevo. O importante é que você me deu a oportunidade de desabafar, de jogar para fora o lixo que corrói a alma, lixo que vem de fora e que se você não o expele, termina por lhe destruir, tornar sua mente um lixo igual. E quando você faz isto compartilhando com alguém, mesmo que poucos, resta aquela satisfação de ter pelo menos contribuido, através dos outros, a se tornar uma pessoa melhor. 
Agradeço-lhe imensamente pela atenção que me tem dispensado, meu caro cão fumante!
Vai aqui um conselho: pare de fumar, seu cão amável, porque o cigarro mata!
Um abraço fraterno,
Otacílio Guimarães, 18-7-2012
Otacílio, sem demagogia, particularmente gosto muito das suas folhas. Elas caem das árvores como pedras no marasmo do "politicamente correto", eufemismo para falta de assertividade e medo de se expor. Curiosa e coincidentemente, hoje recebi um e-mail de uma amiga que me fez destacar uma das suas frases: "não tenho mais saco para polêmicas burras e ignorâncias. Em minha opinião, opiniões se expõem, não se impõem."
Entonces, por favor, continue nos privilegiando com as suas folhas!
Obrigado e um abraço de amizade./-
Jim

E... a propósito de folhas...



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