A posição do Brasil sobre a
posse de Chavez na Venezuela foi tomada após uma viagem de Marco Aurélio Garcia
a Cuba.
Sem hesitar, Garcia se uniu
aos chavistas e cubanos na decisão de desrespeitar o dia da posse, 10 de
janeiro.
Os bolivarianos consideram a
posse apenas uma formalidade. E Garcia, por sua vez, admite a ausência
temporária do presidente eleito, mesmo antes de tomar posse.
A regra é clara, como diz o
comentarista de televisão Arnaldo Cesar Coelho. O presidente eleito precisa
tomar posse dia 10.
Duas coisas chamam a atenção.
Não está bem explicada ainda a importância de adiar a posse, pois ao que tudo
indica Chavez não voltará ao governo.
Cabello presidiria, haveria
eleições e, possivelmente, Nicolás Maduro venceria. Deve haver contradições
internas ao próprio chavismo, empurrando a posse para adiante, apesar da lei.
Maduro não confia em Cabello que não confia em Maduro.
Por outro lado, chamam também
a atenção a pressa e solidão com que Marco Aurélio Garcia define a posição
brasileira. Parece que ela a concebeu em Cuba e parece também que nessas
questões Havana é a capital do continente.
Os jornais venezuelanos
estampam hoje a interpretação brasileira e parece que foi o único país, até
agora,que realmente tomou posição sobre a posse de Chavez.
Não existem consultas. Não
existem mais audiências no parlamento. A política externa oscila de acordo com
a tendência ideologica do PT: no Paraguai houve golpe; na Venezuela é só uma
prorrogação perfeitamente legal da posse de Chavez.
É o caminho da perda da
credibilidade. Maquia-se tudo, do orçamento à constituição venezuelana.
Na semana passada, Dilma dizia
que era ridículo falar em racionamento de energia. Agora, convoca uma reunião
de emergência para tratar do tema e evitar o pior.
O desprezo pela coerência é
muito comum em governos autoritários. Ou então em governo que consideram o
apoio dos mais pobres um passaporte para qualquer política.
Somos populares, logo somos
onipotentes-parecem pensar os petistas. E além do mais, quem se preocupa com
política externa, além da midia golpista e elite reacionária?
Título, Imagem e Texto: Fernando Gabeira, 08-01-2013
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Gabeira seria uma das "viúvas do Muro de Berlim", não fosse o seu costumeiro bom senso, daí o seu valor como político e como pensador. Por isso mesmo, apesar de sua 'formação socialista', Gabeira não é bem visto pela 'PeTralhada', mas conserva o respeito que a maioria dos brasileiros lhe devota.
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