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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado |
A situação dos aposentados e
pensionistas do fundo de previdência Aerus foi lembrada nesta segunda-feira (4)
na audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa (CDH) para debater o tema “Os fundos de pensão e a dignidade das
pessoas”. Expositores e senadores avaliaram que o caso Aerus é o exemplo mais
emblemático dos problemas que os fundos de pensão podem acarretar aos
participantes se não forem respeitados os contratos.
O Aerus reúne dez mil
aposentados e pensionistas que trabalharam nas empresas aéreas Varig e
Transbrasil. Devido a um rombo financeiro, a entidade está sob intervenção e,
desde 2006, o valor de aposentadorias e pensões pagas mensalmente aos
ex-funcionários é de apenas 8% do valor devido, conforme as contribuições
feitas ao longo dos anos por cada funcionário.
A líder do movimento dos
aposentados do Aerus, Graziella Baggio, ex-dirigente do Sindicato Nacional dos
Aeronautas, observou que as pessoas estão envelhecendo e morrendo sem uma
decisão, situação que retira a dignidade desses trabalhadores. Ela se queixou
da demora do governo federal em sanar os problemas enfrentados pelos
aposentados e pensionistas do Aerus.
– A situação do Aerus é porque
os contratos não foram respeitados. Nem os contratos de renegociação [foram
respeitados]. O que envolve essa discussão é também a impunidade dos
administradores, não só dos fundos, mas dos patrocinadores – acrescentou.
Normas
Assim como Graziella Baggio, o
assessor jurídico do Grupo em Defesa dos Participantes da Petros, Rogério José
Pereira Derbly, considera que normas como a Resolução 26/2008, do Conselho de
Gestão da Previdência Complementar, que abriu a possibilidade de devolução de
parte do superávit dos fundos de pensão às empresas patrocinadoras; e a
Resolução nº 11, de 13 de maio de 2013,
que permite a retirada de patrocínio de um fundo de pensão, representam,
na prática, a possibilidade de quebra dos contratos firmados entre os fundos e
os trabalhadores participantes.
– Se todos tivessem cumprido
[os contratos] de forma fidedigna, [estaria] 'OK'. O Aerus é um mau exemplo
para os outros planos – assinalou Derbly.
Drama
Segundo os debatedores, as
possibilidades trazidas por essas normas, combinadas com uma gestão inadequada
dos recursos dos fundos são fatais podem gerar novas "tragédias" como
a do Aerus. O senador Paulo Paim (PT-RS) também cobrou uma definição sobre a
situação do fundo Aerus. O parlamentar, que tem participado de reuniões entre
representantes do governo e a comissão representativa do Aerus, lamentou a
demora em se chegar a solução.
– Virou uma situação de drama
permamente. Estão morrendo, em média, três pessoas [beneficiárias] do Aerus por
mês – disse.
Para a presidente da
Associação de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (AAPBB), Isa Musa
Noronha, a situação do Aerus pode se repetir em outros planos como o Previ, que
reúne os funcionários do BB. Em sua avaliação, os fundos de pensão não deveriam
ser utilizados como empresas privadas.
– Quem recebe benefício é
aposentado e pensionista. Patrocinador não pode nunca ser objeto de receber
aportes de seu fundo de pensão. O Banco do Brasil tem engordado seus resultados
milionários e aparecido na imprensa com destaque graças a os aportes que faz do
resultados da Previ – criticou.
Mudanças
Antônio Braulio de Carvalho,
diretor de planejamento e controladoria da Fundação dos Economiários Federais
(Funcef), que administra o plano de previdência complementar dos empregados da
Caixa Econômica Federal, observou que desde sua fundação os fundos têm buscado
se adaptar para garantir o equilíbrio entre interesses dos beneficiários e dos
patrocinadores. Ele reconhece que é chegado o momento de rever e promover
alterações nas regras da previdência complementar.
– Quando eu penso nos
patrocinadores, eles sempre vão querer pagar menos do que devem. Essa é uma
característica da relação capital-trabalho. E quando eu penso nos
participantes, eles sempre vão querer incluir benefícios que não estão
contratados. E quem vai pagar essa conta? – disse Carvalho.
O diretor-superintendente da
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), José Maria
Rabelo, reconheceu haver discordâncias com relação a resoluções e leis em
vigência sobre o funcionamento desses fundos, mas reiterou que a Previc, como
órgão fiscalizador, age dentro dos termos da lei.
Também participaram da
audiência o diretor jurídico da Federação Nacional das Associações de
Aposentados, Pensionistas e Anistiados do Sistema Petrobras e Petros (Fenaspe),
Paulo Brandão; a senadora Ana Amélia (PP-RS); e o senador Wellington Dias
(PT-PI).
Título e Texto: Rodrigo Baptista, Agência Senado, 04-10-2013
Com a outorga de quem ou de qual, alguém vai a uma audiência pública do senado da República, falar em nome do meu fundo de pensão, quando não tem representatividade nenhuma para tal, uma vez que não é advogada previdenciária, não pertence a nenhuma agremiação sindical,nunca foi funcionária da Varig ou Transbrasil e finalmente nunca foi assistida ou participante do fundo de pensão Aerus.
ResponderExcluirOu seja isto é mais um caso de " papagaio de pirata ", patrocinado pelos políticos que dirigem este pobre país, em decomposição moral e ética
José Manuel
E ainda por cima , não satisfeita e num momento crítico como o de ontem ( 4 ) e hoje ( 5 ), onde possivelmente será oficializado o acordo inter-partes, governo-Aerus, vem a publico em sua propaganda eleitoral noturna dizer que está armada com um plano "C", junto a mais 25 manifestantes presentes em Brasília.
ResponderExcluirIsto no mínimo é de uma irresponsabilidade sem par em um momento como este em que as partes tem que estar calmas e pacificadas para não gerar nenhum atrito que possa se transformar em adiamento ao acordo previsto.
A responsabilidade está lançada, espero que a assumam
José Manuel