Valdemar Habitzreuter
Não há explicação para tanto
descaso. Desde o dia 11 de dezembro, quando o processo da ação de defasagem
tarifária entrou em pauta para julgamento no STF, nada aconteceu. Era até
compreensível, pela agenda lotada de processos naquele dia, pois o da Varig
estava no final da lista. No dia seguinte, esperava-se que o processo viria à
tona automaticamente, mas outra frustração. No início desta semana, novamente
sem julgamento. Nem se sabe, agora, quando vai acontecer.
De frustração em frustração,
nós, ex-trabalhadores e aposentados da Varig, sentimo-nos como joguetes nas
mãos de autoridades sem senso de responsabilidade. Considero isto um massacre
psicológico. Onde querem chegar? Deixar-nos na penúria para que definhemos
lentamente sem que façamos jus aos nossos direitos? O Estatuto do Idoso parece
ser mera formalidade de caráter pomposo, mas sem utilidade alguma. É uma
balela. Por que prioridade para os idosos se é preferível que morram o quanto
antes?
Infelizmente, nesta nossa
democracia o povo não apita nada; nada, nadinha quando se trata de clamar por
seus direitos. É colocado por escanteio, marginalizado, tripudiado em sua
dignidade. Que democracia é esta? Presume-se que numa democracia os julgamentos
num Tribunal aconteçam com eficácia e lucidez para que os direitos de alguém
sejam garantidos, em caso de agressão às leis que o protegem. Mas, o que vemos
é uma Justiça inerte, sem rumo, sem cumprir à risca seus deveres morais com a
sociedade.
Portanto, eis-nos de novo na
estaca zero. Não se entende o porquê de tanto adiamento desse julgamento. Que
forças ocultas são essas que desde 2006 nos corroem os ânimos e a vontade de
viver? Estamos sendo amaldiçoados, condenados e linchados por um sistema
judiciário emperrado que nos desumaniza e nos trata como párias. Somos vítimas
de uma dupla cilada: a defasagem tarifária e a defasagem judiciária. Esta não
quer enxergar a premência de um julgamento que nos restitua o ânimo pela vida.
Não vê ela a urgência de se pôr um fim ao caso, uma vez que se trata da saúde
de muitos idosos que necessitam de remédios e afins?
A quem mais recorrer se a
suprema corte desse nosso país é pusilânime e sem interesse nos assuntos que
lhe são inerentes e obrigatórios, o dever de analisar e julgar os processos com
a maior presteza possível? Bem que poderíamos apelar a um Tribunal
Internacional para denunciar o descaso a que estamos sujeitos, e, talvez assim,
afugentar as forças daninhas ocultas que dominam nossa Justiça brasileira.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 17-12-2013
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Os aposentados têm pressa!!
ResponderExcluirMuito bom teu texto, Habitzreuter. Denúncia clara e objetiva do que sofremos.
ResponderExcluirO tratamento escabroso que idosos recebem, depois de dezenas de anos contribuindo para suas aposentadorias e impostos vários pagos, de nada valem num país que se diz democrata.
Ha alguns anos denunciei o caso Varig e as demissões em massa ocorridas em 2006 à OEA. Três meses depois recebi resposta dizendo que "nem todos os recursos jurídicos estariam esgotados". Devem ter consultado o Itamaraty ou outro órgão qualquer que forneceu esta informação. Maneira polida de dizer: - nos preocupamos, as ações seguem, virem-se!
Mas, acho que o caminho é este sim, cortes internacionais. Nos sítios destas entidades, OEA, ONU, etc têm como fazer a denúncia, preenche-se alguns poucos formulários, tipo um cadastro. O caminho é este. Aqui no Brasil não tem mais o que fazer de forma civilizada. Vamos à luta!
Forte abraço, amigo.
Fernando Vieira Dutra