Lula da Silva é certamente uma
das figuras da história contemporânea do Brasil. É muitas vezes sobrevalorizado
como pau de arara e sindicalista que acabou por presidir ao mais influente — e
simpático — país sul-americano. A simpatia pela sua ascensão inusitada não
sobreviveu ao conhecimento de todas as suas trapaças, artimanhas, alianças
esconsas, que deixaram uma nódoa inesperada no percurso de quem fez uma
reputação supondo moralizar a história política do seu país.
Nunca me hei-de esquecer
(vivia em São Paulo nessa altura) a expectativa criada por uma comunicação
política aquando do vórtice do Mensalão, que foi adiada por horas, em que se
esperava que ele admitisse decidir tudo aquilo, e acabou por negar tudo,
deixando cair todo o seu entourage
partidário, amigos duma vida, comparsas desde sempre.
Quando saiu do Planalto, teve
um cancro, que foi tratado em hospital paulista onde jamais entraria o Lula da
Silva de 1980 ou 1990, da mesma maneira que nenhum dos seus camaradas de
infortúnio tiveram nenhures a sua vidinha de luxos, pinga e charutos que foram
tema dos grandes caricaturistas que o Brasil felizmente tem. Lula fala como se
o seu partido não tivesse revertido o indispensável jogo democrático eleitoral
ao comprar com donativos aos pobres e desocupados dos estados medievais dum
país empreendedor e criativo a permanência governativa do seu partido, usando
dinheiros públicos para grandes eventos, deixando largas parcelas do gigantesco
território ao abandono e à criminalidade de todo o tipo.
O que Lula não é capaz
(desonesto que ele é) de reconhecer é que Marina Silva, cuja experiência de
vida se lhe assemelha de algum modo, é melhor candidata à presidência do país
do que Dilma Rousseff, seu clone. Manter o partido no controlo absoluto do
Estado é o seu alvo. A política internacional do Brasil cedeu a um evidente
anacronismo ideológico.
Há dias caiu dum palco, numa
campanha eleitoral em que se lançara, tentando conservar o índice do seu
partido e seus parceiros políticos, quaisquer que sejam, desde que a vitória
seja garantida. Estaria com os copos? Dizem que sim, o que a ninguém
surpreenderia.
Um país tão importante como o
Brasil merece mais e melhor do que isto.
Título, Imagem e Texto: Vasco M. Rosa, “Corta-fitas”,
05-09-2014
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