Jonathas Filho
Depois de tudo o que sabemos, ainda
não aconteceu nada. Continua tudo igualzinho como o que já esteve em cartaz. Os
sectários continuam a exercer os cargos e a ritualística no set continua a mesma. Todos querem
continuar as filmagens mantendo as mesmas fórmulas até então empregadas. Todo
mundo sabe de tudo, entretanto, ninguém tenta modificar o cenário do filme. Será
que vai haver modificações no roteiro? Continuarão mantendo as mesmas locações
e com os mesmos “artistas”? As falas empregadas são idênticas às anteriormente
utilizadas, umas dramáticas, outras simpáticas; muitas estrelas com olhares
lânguidos murmurando palavras sem nexo e alguns atores de olho grande bastante
conhecidos do público, falando de sexo, porém, decorando textos sem nenhum
entusiasmo. Ora, se isso é para o povo
ver... tá é bom demais.
Na grande maioria das vezes, o
vozerio ouvido é de uma euforia que vai se apagando e cessa ou se reduz a monossílabos
ditos com certa dificuldade após a chegada de alguns produtores que querem
manter o orçamento inicial do filme. Tem artista que nessas horas sai do local,
não dando entrevista nem para as revistas baratas do gênero tabloide
cinematográfico. Perguntam muitos dos interessados “quem foi que escolheu esse
elenco?”. E a resposta como sempre é: - Foi o público!
O que está feito, está feito e
ponto final. A repercussão tem um tempo, talvez umas três longas semanas, numa
espécie de ciclo que durará a vagarosa duração das histórias entediantes na
tentativa de mudar o script. Até lá, num
certo dia marcado para a edição dos takes,
saberemos se haverá estreia de um novo diretor ou será mantido o anterior. Isso
tudo será “montado” com uma certa dose de suspense para se saber quem sentará
na cadeira maior e mais bem estofada no set de filmagens. Então começarão as
projeções dos chamados copiões, com a
luminosidade sendo lentamente reduzida até a total escuridão. Verificarão se o enquadramento ficou de conformidade ou se
precisará de cortes. Cada fotograma é estático, sendo que a partir
de certos atores e/ou atrizes, há que se ter o devido cuidado, pois os quais,
projetados a uma certa velocidade, produzem a ilusão de movimento aos olhos
humanos. Aí é que mora o
perigo, pois alguns artistas, dependo da tomada,
fazem uma espécie de fade out, desaparecendo
com utilidades ou elementos necessários a mais uma obra das artes visuais.
Nesse Cine anteriormente
chamado Paradiso tem, de tempos em tempos, a tal da “dança das cadeiras”e
muitos dos que se acomodaram antes, voltarão a sentar ao lado de poucos que
experimentarão o conforto desses móveis pela primeira vez, momento no qual
solicitam aos cinegrafistas que se faça um fade
in com eles que é para aparecer. Cada cadeira dessas custa caríssimo
e quem nelas se abanca não deseja levantar, pois é de onde se olha a triste
realidade da nossa existência, apresentada tal qual sangrenta fratura exposta,
mas que eles tentam desassociar dizendo
que isso tudo é ficção com efeitos especiais e mantêm a afirmação que este
“cinema” é de fato o Paraíso. E “eles” dizem isso rindo... e muito!
E a plateia sem entender que
tem a obrigação de entender,
continua calada e ainda bate palmas.
Na verdade e no âmago de cada
um, excetuando-se aqueles que não pagam porque têm “bolsa entrada”, todos
não querem ver mais o que “O vento Levou” porque se sentem como se sentiu
Scarlett O’Hara ao dizer no final do filme que “jamais voltarei a passar fome”
e eu me pergunto se ela era do Aerus... e me foi respondido pelo bravo capitão
Rhett Butler, que até mesmo Alice está mais do que cansada de aturar as
maldades da Rainha de Copas, nesse País das Maravilhas. Que se toquem e troquem
o chip e o filme, pois nota-se a repetição dos mesmos títulos nesses doze anos
de festivais de películas das classes D, E e F com atuações idênticas já vistas
e revistas. Parece mesmo, uma pornô-chanchada demasiadamente salgada, sabendo
que temos de volta ao cenário pitoresco, a tiririca do brejo, os jovens
fúteis-bolísticos, os pastores de ovelhas negras desgarradas, os velhos lobos
babando esfaimados além dos ratos pestilentos, continuando assim tudo igual
nessa Cinelândia desvairada.
Minto! Muita coisa muda, a
começar pelos salários, gratificações & complementos dos velhos e novos
contratados para o lançamento nacional do melodramático “2015, A SURPRESA!”.
Pode ser que nesse filme que
entrará em cartaz no próximo dia 26, tenha como enredo uma comédia, ou então teremos
cenas novas e bastante fortes, como o ato de tragédia durante o duelo entre o
bem e o mal; quando o forasteiro com olhar duro, sem piscar... sacará da sua
arma calibre 45 e atirará,
espantando todos os corvos que sitiavam aos milhares, o milharal daquela
“fazendinha” outrora produtora, alegre, ensolarada e boa de se viver.
Será que o bonequinho vai se
levantar e sair, como faz nas críticas com relação às películas nonsense apresentadas nas matinées calorentas e úmidas dos
pulgueiros ou vai se levantar e bater palmas dentro de um cinema renovado,
refrigerado e limpo?
Eu, sinceramente prefiro que
ocorra a segunda opção.
Basta, chega de filmes de terror!
Título e Texto: Jonathas Filho, cinéfilo inveterado,
8-10-2014
Agora é a vez do cinema novo, parceiro de infortúnio, pois como você eu também já fui vítima desses filmes vagabundos apresentados e certificados por uma tal de ancine da vida.
ResponderExcluirEsses " artistas " que para apresentar o seu trabalho recorrem aos mais baixos expedientes já por demais conhecidos, serão todos defenestrados do novo " set " que se avizinha.
Fique calmo pois as faces vão mudar, a qualidade dos filmes também e principalmente o prédio do cinema velho que já ruiu, será reformado e terá uma arquitetura completamente diferente de agora em diante com os seus pilares mais bem estruturados e aparentes na sua nova fachada.
Assim será.Não se engane
José Manuel