José Manuel
Absenteísmo é uma palavra com origem no latim, onde absens
significa "estar fora, afastado ou ausente”. O absenteísmo
consiste no ato de se abster de alguma atividade ou função.
Tradução no Brasil: Tô fora.
Em cada dez frases ditas no
Brasil, uma delas a famosa "Tô
fora", está sempre incluída.
Por que somos assim e
cotidianamente absenteístas?
A penúltima e triunfal atitude
de absenteísmo foi o volume inacreditável de abstenções e votos anulados na
última eleição, proporcionando a vitória e reeleição a um governo
comprovadamente sem qualificações para continuar gerindo o país por mais quatro
anos.
Num universo de 140 milhões de
eleitores, o mesmo governo se reelegeu com 36% desse total, graças ao
absenteísmo cultural instalado em nossa sociedade, ou seja, em votos, uma
Argentina ou vários países europeus foram jogados no lixo em uma eleição
que poderia ter dado um novo rumo à nação, preparando-a para um salto moderno
ao futuro.
Neste caso em particular,
adjetivo "ausente", bem
que poderia ser o sinônimo da palavra que designa o natural, tal é a
relação íntima de um povo, com a ausência de atitudes.
O processo começa ainda na
infância, na ausência de diretrizes e educação a uma sociabilização correta do
indivíduo ainda criança, por parte dos pais, e se faz mais presente na
adolescência onde o absenteísmo escolar tanto de alunos como de magistério está
longe de ser aceitável.
Para se ter uma ideia do que
representa o absenteísmo docente, o fato em certa medida, explica os baixos
resultados na educação pública e é um dos problemas que tem desafiado a
capacidade dos sistemas de ensino no cumprimento do calendário letivo e dos
currículos, definidos nos parâmetros curriculares nacionais.
O descompasso entre o que é
ensinado nas escolas públicas e o padrão utilizado nas avaliações externas
decorre, em parte, da incapacidade dos sistemas de ensino assegurarem que os
conteúdos estabelecidos por série/ciclo sejam devidamente desenvolvidos.
E isto se dá particularmente à
ausência de professores em sala de aula.
A meu ver é exatamente aqui,
que essa síndrome da ausência
social começa a se definir, quando aqueles que estão sendo
preparados para a vida ainda na tenra idade começam a perceber os exemplos
daqueles que os orientam, o que não poderia jamais ocorrer.
Segundo UniCEUB, Centro Universitário de
Brasília, o absenteísmo laboral é uma outra fonte de prejuízos às empresas e até
mesmo ao Estado. O absurdo abaixo é por si só explicativo:
Durante o mês de Janeiro a Setembro de 2005, a Empresa de Correios
e Telégrafos registrou a ausência de, em média, 21.085 funcionários por
mês, não levando em conta o número de vezes que eles faltaram. Tais
funcionários foram responsáveis por 221.052 dias de ausência no período, e
esse número, levando-se em consideração que o mês tem 30 dias, significa o
mesmo que dizer que 7.368 pessoas faltaram o mês inteiro. Sendo o salário
médio de R$ 2.587,46, as despesas pagas ao mês para funcionários ausentes
por motivo de doença é de R$ 18.778.598,32 e no período dos nove meses, o
custo total foi de R$ 169.007.384,84.
O absenteísmo ou ausência está também no nosso cotidiano quando,
por exemplo, não fazemos questão de pedir a nota fiscal em um estabelecimento
comercial, facilitando a evasão fiscal, ou quando jogamos lixo nas ruas,
calçadas ou na praia. (Grifo do editor).
A nossa falta de
comprometimento com a cobrança política ou pública que são pagos pelos nossos
impostos é o fator determinante pelos últimos acontecimentos em que a corrupção
se generalizou, exatamente pela ausência de um policiamento mais eficaz por
parte da sociedade.
Estamos sempre delegando ao
Estado posicionamentos que são, em primeira instância, de nossa
responsabilidade civil e social para com o meio em que vivemos, como, por
exemplo, reclamar e fazer valer os nossos direitos, ou coibir abusos por parte
daqueles que, seja física ou juridicamente cometem infrações a todo o momento.
Um exemplo simples e claro é
que continuamos a torcer os tornozelos, tropeçar em buracos perenes em nossas péssimas
calçadas, via de regra com acidentes graves, sem que tomemos uma atitude
cidadã, com relação ao assunto.
"Isso não é problema meu", é geralmente o que
se ouve a respeito, inclusive por parte dos comerciantes que deveriam zelar por
suas fachadas. Isto chama-se ausência, e se restar alguma dúvida é só passear
virtualmente por qualquer uma das principais capitais do mundo e observar com
atenção como é o lado urbanizado e civilizado da vida.
Em nosso caso específico,
do AERUS, já
contabilizamos perto de duas mil mortes desde que perdemos o fundo de
pensão, somos em torno de vinte mil pessoas, entre as quais 50% em idade
avançada, mas a ausência da maioria é assustadora.
Salvo algumas atitudes
individuais ou de pequenos grupos, a grande maioria dos prejudicados prefere
continuar "aguardando" pacificamente
como se isso fosse possível, em um país assolado pela inércia, pelo descaso
e pela covardia para com o próximo, principalmente com
os seus idosos.
Em nove anos as nossas
atitudes foram-se esgotando e, por incrível que possa parecer, em momentos
inversamente proporcionais, ou seja, exatamente quando começamos a ganhar as
primeiras sentenças como no caso da ação civil pública e tutela antecipada,
ocorrido em 2012.
Dois anos e cinco meses são
passados, e quais foram, efetivamente, as nossas atitudes, enquanto coletivo?
Ser pacífico, ordeiro, é uma
coisa, mas ser passado para trás, levar a pecha de "trouxa" tanto por
um governo medíocre como por uma justiça que não cumpre o seu dever eficazmente
e que não se recorda que temos direitos jurídicos adquiridos, é outra
completamente diferente.
Resta-nos fazer valer a lei,
caso contrário, isto no meu ponto de vista, é absenteísmo puro, ausência
qualificada.
Somos vinte mil, e destes,
apenas alguns prejudicados continuam a escrever diuturnamente e a
incentivar, abrindo os olhos para o que pode e o que não pode ocorrer. É como
dar murros em ponta de faca porque os outros dezenove mil e tantos são
incapazes de expressar uma única opinião sequer, nem a favor nem contra.
Foi assim com essa ausência,
com essa abstenção, que começamos a perder a VARIG para essa mediocridade que aí está.
A última, no Dia da República,
só São Paulo colocou bem mais de dez mil pessoas para protestar contra a mediocridade e a corrupção
estabelecida.
É assim com essa ausência, com
essa abstenção, que começamos a perder o PAÍS, para essa mesma mediocridade, quando o
entregamos de bandeja nas últimas eleições.
Achar que o país irá melhorar
com as delações e as prisões que estão sendo efetuadas, é como acreditar em
Papai Noel e nas patinhas do coelhinho da Páscoa. A mudança está na cultura,
que de apenas reativa deve
passar a ser preventiva, e com urgência.
A cada ação, corresponde uma
reação de igual valor e sentido contrário (Terceira Lei de Newton-Galileo).
A cada ausência, abstenção
explícita, os paraísos fiscais ficam cada vez mais ricos, com os nossos
capitais expatriados. (Lei genérica da corrupção).
Título e Texto: José
Manuel, ex-tripulante Varig, 18-11-2014
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O conteúdo inserido no texto acima espelha o que muitos já perceberam : Os problemas enfrentados no brasil é uma questão cultural e nada mais . Há boas indústrias , grandes intelectuais , políticos éticos e esforçados ( sim , há ; não se pode generalizar o erro) , excelentes professores e gente correta e de talento . Talvez a grande massa de humildes , os dito "excluídos", não consiga alcançar acertar o passo por que não lhes dão oportunidades . Apenas os assistem com bolsas . Mas a questão cultural abrange o cotidiano dos primeiros , tanto quanto destes últimos . Muitos letrados , classe média alta e gente de talento veem a coisa pública como algo a dilapidar , pois aquilo não é "dele "; dar uma propina ao guarda de transito , burlar o fisco entre outras ações... Cada povo tem sua cultura local . A nossa é assim ( sem generalizar) , como a do estado islâmico é cortar cabeças dos "infiéis" . No Irã apedreja-se a mulher adúltera ( como no tempo de Jesus) . Povos primitivos africanos circumcizam o menino tirando a ponta do pênis com um facão certeiro sobre um toco de madeira . É a cultura deles . Quanto aos ex empregados da extinta Varig , os assistidos Aerus e seus familiares , dá-se o mesmo . Poucos dentro desse universo tem se manifestado e/ou tomado alguma(s) ação(ões) a favor de um todo. A percepção é que habita até hoje o conceito de superioridade de uns em relação a outros . Numa mega empresa como foi a Varig , com cerca de 27 mil empregados nos seus primórdios , isso soa natural .
ResponderExcluirHoje , se um ex-atendente de check-in esbarrar em um ex-diretor da empresa , ambos comprando o jornal de domingo na banca , estarão nivelados no mesmo patamar : aposentados de uma mesma fonte pagadora.
Uma boa quantidade desses aposentados , devido a diversos fatores , mal se governam sozinhos ou nem sabem o que está ocorrendo . Sabem das notícias quando encontram casualmente algum ex-colega mais informado.
Outros dizem: " Minha mulher não quer que eu me meta nessas passeatas" ; há também os que alegam: "Quem mexe no computador é o meu neto , eu nem sei como liga-lo" .
Entretanto , quem promove a mudança somos nós , como indivíduos . É inútil cobrar uma posição dos outros . Façamos a nossa parte e pronto . Cada qual sabe onde "lhe aperta o sapato" . É provável que muitos dos assistidos e seus pares se sintam ausentes de sí mesmos . Hoje em dia há em redor do globo terrestre um afastamento das pessoas em relação ao Altíssimo, o Mestre Criador ( seja qual for a crença religiosa) Isso faz toda a diferença . Este é um comentário com opinião pessoal.
que tenhamos todos um grande dia.
Sidnei Oliveira
Assistido Aerus - RJ
Meu caro José Manoel, o conteúdo dos seus escritos nos leva a mil reflexões e isso é bom, ante o "não tô nem aí" de muitas pessoas num Brasil nanico. Felicito-o sempre por expor suas idéias que mais que idéias são O NOSSO GRITO DE SOCORRO ! A propósito, sem sua autorização prévia, sempre redireciono seus briulhantes textos para minha página do Facebook, na expectativa de que muita gente pense conosco. Sobre o Natal que se aproxima ( de novo ), temo pelas suas cores e fantasias e mergulho de vez numa tristeza sem fim por não poder partilhar essa tal felicidade............... João Sobreira Rocha,aeroviário desasistido pelo maldito aerus. // Goiânia-Go.
ResponderExcluirO abandono é fruto do descaso dos governantes.
ResponderExcluirHoje é o dia da bandeira.
Não vi nenhuma manifestação.
Dia 15 festejou-se a nefasta república criada num falso iluminismo.
Já não há o ...Salve lindo pendão da esperança!
Nem obtemos o ...Salve símbolo augusto da paz!
Renegamos ...Tua nobre presença à lembrança
A Pequenez que transformaram ...A grandeza da Pátria nos traz.
Os valores perdidos são os estigmas que essa cultura nos traz.
É melhor vestir vermelho e branco, passar férias no vermelho, branco e azul da frança ou dos Estados Unidos. Vestir-se de verde, amarelo, azul e branco só como Pierrô nos carnavais de fevereiro.