Aparecido Raimundo de
Souza
GEORGE W. BUSH NÃO ia a lugar nenhum sem
antes falar com Barney. Estivesse na Casa Branca, no seu rancho em Waco, no
Texas, no banheiro fazendo a barba, tomando café, almoçando ou em altos
negócios a bordo do Air Force One, não importava, Barney tinha de estar junto,
ouvindo tudo, participando dos mínimos detalhes. Mesmo nas entrevistas com seus
ministros, chefes de Estado ou com o pessoal da imprensa. A cadeira de Barney
era sagrada e respeitada, o que equivalia dizer que, no seu lugar, ninguém
ousava sentar o rabo.
Bush, anos atrás, fez
o diabo para arranjar uma namorada séria para Barney. Foi assim que, depois de
muita procura, apareceu Miss Beazley, uma gostosona de pele macia, pernas
roliças e delicadas, o rosto de uma candura sem par e uns olhos graciosos que
muito vagamente trazia à lembrança a modelo tcheca Eva Herzigova por causa de
sua silhueta ereta e o jeito de andar de princesa. Barney, quando a viu pela
primeira vez, estava com Bush na varanda da suite presidencial e ela passeava
com um dos seguranças particulares pelos jardins quase encantados da Casa
Branca.
Nesse instante, o
pobre Barney coitado, cometeu em pensamento, os sete pecados capitais,
multiplicados setenta vezes sete, a começar pela cobiça. O resto veio em
consequência do seu “estado emocional” ter ficado fortemente abalado sem falar
naquela história para boi dormir de que a carne é fraca. Na época, o diálogo
que se seguiu entre Bush e Barney foi exatamente assim:
- Gege tenho que papar
essa raridade. Como é mesmo, o nome dela?
- Beazley. Miss
Beazley Não se preocupe. Ela será sua, meu amigo – disse o então presidente dos
Estados Unidos. Aliás, ela é sua. Desde já, ela é sua...
- Porei aos pés de
Beazley toda a luxúria do mundo. Nem que para isso precise mandar transportar
para cá os palácios de Saddam Hussein.
- Calma companheiro.
Antes precisamos colocar as mãos nos poços de petróleo.
- Por São Patrick,
você viu que soberba, que postura, que excelência? Note como caminha. Parece
flutuar. Diria que enfeita, com sua presença os jardins, melhor que as flores
cultivadas pela nossa Primeira Dama.
- Vejo que você tem
bom gosto. Desconhecia esse seu lado um tanto quanto, se me permite a
comparação, “humano!”.
- E quem não faria
aflorar seu lado sonhador vendo diante do nariz um pedaço assim de mau caminho
dando sopa? Tenho vontade, amigo Gege, de pular daqui, agora, latindo feito um
cão raivoso e me aninhar nos braços dela.
Risos.
- Diga amigo Barney:
se tivesse que escolher uma lembrancinha para dar a ela o que seria?
- Se não tivessem
derrubado o Word Trade Center eu daria para ela, de bom grado, as duas Torres
Gêmeas.
Alguns minutos de mais
profundo silêncio.
- Esqueça as torres.
Sempre que penso nelas, lembro, com raiva, da raça alienígena que o Roland
Emmerick trouxe para Manhattan junto com o seu pessoal do Independence Day. Mas
já passou. Que tal oferecer a ela a Estátua da Liberdade, na Ellis Island, o
Empire State Building, o Chrysler ou até mesmo o Rockefeller Center?
- Nem pensar!
- Então, meu velho?
- O que você acha do
Brasil?
Novos Risos.
- Primeiro temos que
tomá-lo do Lula.
- Impossível. Agora
vocês viraram amigos.
- Calma, Barney,
calma. Isso é só protocolo. Se faz mister mantermos as aparências. Tomar o
Brasil é fácil. Primeiro, deixa eu adoçar um pouco mais a boca do poderoso
imbecil do PT. Logo o peixe cairá em nosso anzol. Não dou muito tempo, ele
voltará por aqui, de pires nas mãos, atrás do FMI. Então, nesta hora, pegarei o
espertalhão de calças arriadas. Ai meu prezado, ferro no cu dele...
Risos, risos e mais
risos.
- Dizem que lá no
Brasil tem umas praias de deixar qualquer um falando sozinho...
- Eu sei.
- Porque não liga para
o Bin?
- Psiu! Fale baixo. As
paredes têm ouvidos. Mesmo aqui dentro do meu quarto, não estamos seguros. Na hora de explodir as Torres, Bin perdeu a
porra do celular.
- Que droga! Como foi?
- Osama emprestou o
aparelho para um dos seus sósias na hora de fugir do FBI, logo depois dos
atentados. O tal elemento foi detido no aeroporto e, na hora da confusão,
conseguiu dar um pinote. O celular caiu de seu bolso, em algum lugar que não
lembra onde.
- E agora?
- Bin não quis pegar
outro aparelho. Vou pedir ao Pentágono que entre em contato com ele, se isso o
deixa satisfeito. Mas espera aí: o que você tanto quer com o “nosso
terrorista?”.
- Que nos ajude a
botar as mãos no Brasil. A ideia dos aviões batendo nos prédios foi incrível.
Maneira, cara! Pensei no Congresso, em Brasília, na Câmara, na Torre de TV... a
propósito, onde ele está?
- Ele quem?
- Bin
- Neste exato momento
em uma missão especial. Cá entre nós: disfarçado de cardeal, em Roma.
- Para quê?
- A ideia é despachar
o Papa. Se der certo, aproveito a repercussão que a merda vai dar e jogo a
culpa no Schwarzenegger que está entrando agora na fita. Como fiz com o
Emmerick. Ao menos vão se lembrar do Arnold como o eterno “Exterminador do
futuro”, ou como o carrasco que despachou o líder dos católicos, sei lá. Mas
isso não interessa. Meu objetivo maior, no momento, é fazer os preparativos
para que seu namoro com a Miss Beazley deslanche e vocês dois acabem no altar.
Nada me fará mais feliz do que ver seu sangue unido ao dessa escocesa. O plano
é o seguinte: pretendo dar a vocês uma semana de descanso lá no Brasil, ou
melhor, em Brasília.
Nesse meio tempo ambos
terão oportunidade para se conhecerem melhor.
- Fala sério?
- Nunca falei tão
sério em minha vida. Nem quando disse o sim à Laura.
- E onde vamos ficar?
- Na Granja do Torto:
aliás, vou ligar agora mesmo para o Lula. Melhor já ir preparado o terreno...
Lula é igual mala velha...
- E por acaso ele nos
receberá?
- Barney, diga
sinceramente: quem tem coragem de me dizer não? Está pra nascer...
- Isto é certo.
- Por outro lado, o
Lula tem a Mel. Dizem que é um encanto. Você vai amar. Com certeza Miss Beazley
também. Ao lado dela vocês conhecerão a capital do país andando no carro
presidencial para baixo e para cima. Melhor da festa. Não vou gastar porra
nenhuma. Tudo por conta dos trouxas dos brasileiros.
- Entendi. Espera lá.
Ele também é chegado em cadelas?
- Certamente. E ainda
que não fosse lá em Brasília tem um monte de cachorros. Cadelas, então, nem se
fala. Uma verdadeira matilha. O mais fraquinho, meu amigo, devora pitbull e
espanta leão de seu posto.
- O leão do imposto?
- Não, Barney. Leão do
seu posto. Do seu posto de leão...
- Ah!...
- E gatos. Será que
por lá tem gatos?
- Nesse ponto o Lula
está emparelhado comigo e eu com ele. Como aqui, lá você não verá nenhum gato
rondando. Afinal, todos esses bichos são iguais: não perdem a velha mania de
caçar ratos. Chega de conversa. Vá tomar
banho e se arrumar para o jantar. Vamos ao The View.
- Sinto saudades do
Windows on The World, no 107. De lá se avistava toda a baía de Nova
Iorque...
- Esqueça as malditas
torres. Foca na Ellis, foca na Ellis.
Realmente, Barney
meses adiante, desposou Miss Beazley. O casamento dos dois foi ao ar, ao vivo,
no programa Late Show do apresentador da GNT David Letterman. Aliás, este foi o
primeiro casamento de animais de estimação das celebridades que teve sua
transmissão ao vivo pela TV. O cachorro do Bush, esteve com ele até o último
instante, morrendo anos depois, aos doze anos, vítima de um linfoma. Com seu
passamento, deixou viúva a cadela mais simpática de Nova Iorque.
Todavia, logo depois,
Miss Beazley se amigou com o cachorro de Bin Laden, deu uma de Bill Clinton que trocou a esposa
pela vira-lata Mônica Lewinsky e, em seguida, chutou seu traseiro, o que deu
origem a um escândalo que todo mundo conheceu e não será preciso mencionar nem
uma virgula do outro gume dessa maldita faca.
Post
Scriptum: com a morte de Bush, em 30 de novembro próximo
passado, aos 94 anos, vimos outro cachorro ao lado do caixão. Percebam a
bandeira americana na bunda do labrador. Como pode uma coisa assim?! Senhores,
por favor. Não é um cachorro qualquer. TRATA-SE DE SULLY. No Brasil, por exemplo,
se Lula morresse hoje, qual a cadela que estaria em seu funeral com a bandeira
do Brasil enfiada no rabo, digo, na bunda do cu? Seria a Mel? Jamais, caros
amados, jamais. Então??!! Acordem... a cadela seria a Dilma.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza,
jornalista. De São Paulo, Capital. 7-12-2018
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