Carina Bratt
“O dinheiro não lhe faz feliz. Torna você
uma besta humana ambulante desumanamente imbecil e entediada”.
Arthur Hailey, em seu livro “The Money Changers”. (Em português, ‘O
Dinheiro’).
Minhas amigas, vocês que são empregadas, dão um duro danado o mês
inteiro. Enfrentam ônibus lotados, trânsitos intensos e violentos (tanto na ida
quanto na volta), vão e retornam em pé para seus lares. Sem contar que são
assediadas, dividem o mesmo cheiro das axilas mal lavadas. Espirram com odores
de perfumes baratos em baixo de sovacos apodrecidos de suores. Tudo para no
final de trinta dias receberem a sua graninha mirrada.
As amigas leitoras saberiam dizer o que é o dinheiro? Desde quando
existe e qual o nome que ele recebe dependendo da profissão escolhida para
ganhar a vida? Vamos tentar explicar, sem complicar. Dinheiro é a mesma coisa
que moeda corrente. Só que sem corrente. Talvez, por isto, não pare em nossas
mãos. Quem sabe, se fosse acorrentado, ou usasse tornozeleira eletrônica,
saberíamos onde achá-lo quando dele precisássemos com certa urgência.
O governo fala que o dinheiro traz riqueza. Com certeza, trás mesmo. E
muita. Para os bolsos dele e seus familiares. Alguém já viu um político sem
dinheiro na carteira? Com certeza somente o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, o
único que é pobre. Coitado! Tentou comprar um apartamento na praia, em Guarujá
e um sitio, em Atibaia, em suaves prestações. Tudo financiado pela Caixa
Econômica Federal. Tomou doze anos nas costas pelo tríplex e mais doze no rabo,
pelo Sítio.
Acabou perdendo até as ceroulas, sem falar na moral, na dignidade e na
vergonha. Dinheiro traz soberba, ganância, olho grande, amigos, bens materiais,
e uma infinidade de outras comodidades. Entre elas, a falta de respeito por si
mesmo. Por isto, todo mundo se vira para consegui-lo. Uns matam, outros
esfolam, outros afanam na cara dura. Outros lavam, passam, dobram, despacham os
consanguíneos para verem Papai do céu mais cedo...
A origem do deus da terra, o dinheiro, se perde no contexto dos
alfarrábios. Os povos antigos (do período em que se pegava mosca com tapas e
sopapos, gonorreia ao invés da AIDS, sapinho no lugar de herpes, e se morria de
velhice e não de balas perdidas). Por esta razão, comum achar nestes idos,
moedas em túmulos de faraós, além de outros objetos de valores mutuários
correspondentes à idade de cem anos A.C.
Por falar N’Ele, em seu tempo, circulava na Palestina, o Siclo. Que
negócio é este? Siclo, nada mais que uma
peça redonda fundida em prata, que pesava cerca de 14,5 gramas. O “merréis”
oficial dos judeus. Um deles, amigo de Rodrigo Rocha Loures, teve a cachimônia
de vender o Salvador por 30 moedas. Na antiguidade, os soldados romanos
recebiam seus vencimentos em pedras de sal. Por isto fediam mal. Não podiam ver
água. O sal se dissolvia.
É provável que, em face disto, a palavra “salário” tenha se originado.
Posteriormente, na Roma dos Césares adotaram o Sestércio que se constituía numa
pequena moeda (também de prata) com a cara de Dercy Gonçalves no anverso. Da
outra, ou no reverso, a Hebe Camargo vestida de Carmem Miranda. Os
historiadores batem na tecla e perseveram que Augusto (não aquele vivido por
Marco Nanini em “Deus Salve o Rei”). Faço referência ao que fundou o império
romano e recebeu por testamento de seus amigos, entre eles Gilmarzinho Mendes,
14 milhões de Sestércios.
A carga pesava tanto, mas tanto, que precisaram contratar 513 jumentos
da câmara dos comuns e 81 cães do senado para levarem o tal fardo ao palácio do
Imperador. Até bem pouco tempo, em certas regiões da África, onde dificilmente
se manuseava o vil metal, mercadorias como sementes, cacau, coco, gado e até ovos
de gafanhotos e urubus em estado vegetativo, exerciam a função de moeda,
servindo como medidas de trocas.
Um rebanho de vacas leiteiras, de cabras, uma tropa de mulas, de
mendigos, de noiados e putas aposentadas por invalidez das partes baixas, bem como
um determinado número de camelos e dinossauros, serviam, por exemplo, para um
cidadão comprar uma noiva. Com direito a igreja, celebrante testemunhas e etc.
O dinheiro, propriamente dito, com este nome, ‘denáriu’, se constituía numa
idosa moeda romana que valia dez asses.
Foi também o nome de uma moeda portuguesa de cobre, cujo valor
primitivo, não se sabe ao certo, no tempo de Afonso V, valia a terça parte de
um Ceitil ou duas medalhas com um barbantinho numa das pontas para se carregar
no pescoço. Se tivesse til, valia mais. Ceitil, menos. A grana, conforme a
finalidade com que é paga sofre designações científicas. Vejamos agora algumas
delas. Como pagamento de autores por suas obras, DIREITOS AUTORAIS. De
acionistas de uma empresa, DIVIDENDOS.
De capelães e chapelões, CÔNGRUAS, de comerciantes, LUCROS. As domésticas e os garçons, além do fixo
compactuado com seus patrões, GORGETAS.
Do empregado comum, o boçal, o caraminguado, o Zé Povinho, a Maria
Catarrenta, ORDENADO ou SALÁRIO. Ao estado, pagamos IMPOSTOS, ou TRIBUTOS e
outras infinidades de TAXAS e COEFICIENTES. Aos herdeiros, HERANÇAS. Aos
intermediários de negócios, escusos ou não, COMISSÕES. Aos médicos, aos
engenheiros e advogados, entre outros de uma lista do tamanho da burrice
paquidermiana de Michel Temer, HONORÁRIOS. Aos militares, SOLDOS. Aos cartórios
para reconhecimentos de firmas, segunda via de documentos, casamentos,
nascimentos, óbitos, EMOLUMENTOS.
Aos mendigos, damos ESMOLAS. Aos noivos, nossos pais dançam na corda
bamba com os DOTES. Aos parlamentares e demais ladrões em Brasília, SUBSÍDIOS.
Aos juízes e promotores, REMUNERAÇÕES. Aos pensionistas do INSS, PENSÕES, assim
como aos proprietários de padarias casa de massagens, hotéis, motéis, açougues,
farmácias e supermercados, RENDAS. Sem calcinhas recheadas com duas ou três
mulheres dentro.
Aos prejudicados em catástrofes, como a queda de aviões, desastres em
rodovias federais envolvendo automóveis ou ônibus, derrubadas de pontes e
edifícios suntuosos que vem à baixo entre um rol de infortúnios imensuráveis
como os que vimos nas cidades de Mariana e Brumadinho, BANANAS, perdão,
INDENIZAÇÕES.
Aos soberanos, reis, rainhas, príncipes e princesas que hoje são
escassos, se conta usando os dedos dos pés, LISTAS CIVÍS. Aos padrecos e
pedófilos da Santa Madre Igreja Católica estes clérigos recebiam ESPÁTULAS,
quero dizer, ESPÓRTULAS. Diferente dos bispos, apóstolos, pastores e pastoras,
diáconos e reverendos, que dão um duro dos diabos (trabalham com afinco e
perseverança para enganar os trouxas e os cândidos de espíritos abertos e
desarmados) em troca dos surrados DÍZIMOS.
Nos Estados Unidos, não sei se vocês se lembram, em mil novecentos e lá
vai pedrada nas ventas, inventaram um aparelho ultrassônico de nome (JVS) que
limpava e desinfetava cédulas, principalmente as oriundas de paraísos fiscais,
de corrupções passivas ou apreendidas com pessoas honestas e sem máculas. A
geringonça JVS tinha por finalidade maior, remover sujeiras, gorduras e germes
(ou micróbios) das moedas.
O aparelho se livrava, igualmente, de matérias estranhas ou de indícios
que pudessem condenar, por exemplo, um inocente a passar um bom tempo na cadeia
vendo o sol nascer retangular através de uma janela oval. Em média, a engenhoca devolvia 5 mil moedas em
cada 12 minutos, que saiam literalmente impecáveis e higienizadas. Para
corroborar a veracidade, cada uma destas moedas vinha com um certificado de
autenticação de lavagem (ISO 1950) com a assinatura do médico sanitarista e
ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci.
Sem falar no melhor: a gronga despistava a turminha do leão do imposto
de renda e a galera tartarugueana da Polícia Federal. Depois entrava em cena
outra solução com bafejos de talco puro e a aspersão de perfumes franceses
vindos da zona franca de Manaus.
Níqueis muito desgastados dançavam como galinhas em churrasqueiras para
cachorros de rua, numa lavadura em regra, ou seja, num asseio mais profundo e
esmerado. Restavam jogadas, minutos depois, num imenso tanque de metal encheado
até a borda e submersiadas numa solução detergentiva onde se aplicavam
vibrações que variavam de 5, 8, 10 ou até 20.000 ciclos por segundos.
O dinheiro, a “bufunfa”, a reserva, o tutu, o básico essencial (ou
qualquer outro apelido pelo qual seja conhecida a “baba nossa de cada dia”, não
importa), é para a humanidade de pobretões e desprovidos da graça graciosa da
sorte, uma fonte eterna de INSEGURANÇA. Para os gananciosos espertalhões e
safados, a satisfação e o CONTENTAMENTO. Para os nossos representantes na
Capital (capital?!) federal, a ininterrupta e contínua SEGURANÇA.
Ao mesmo tempo, em fluxo paradoxal, costuma dar origem aos tormentos, às
tragédias, aos flagelos, aos danos, as fístulas, as derrotas e fracassos. Em
torno dele, o “FAZ ME RIR”, gira em sucessoras cambalhotas os atrativos e
interesses do mundo. Todos os engodos e escrúpulos do planeta. O bicho homem
foi, é e sempre será seu cativo, seu prisioneiro, seu ESCRAVO.
Entretanto amigas atentem para alguns detalhes importantes: com elas, as
cédulas, se adquire tudo o que se deseja. Compramos a comida, o alimento, mas
não o apetite. De modo igual, remédios, não a saúde. Travesseiros, lençóis,
camas, fronhas, amantes, namorados, ficantes, tico-tico no fubá, sem Zequinha
de Abreu, jamais um proveitoso e reconfortante sono reparador. Distrações,
viagens, parques com um leque de brinquedos de arrepiar até os cabelos das
churreias. Contudo, em tempo algum, a
consciência das aspirações completamente preenchidas.
Alcançamos o brilho, o estrelato, a fama, a gloria, o inalcançável.
Porém o aconchego... o carinho, Kikikikikiki estes passarão à léguas e léguas
de distância. Resumindo nossas danações. Compramos, adquirimos, angariamos,
captamos, abarcamos todas as bonanças e ventos calmos, abraçamos todas as
venturas. O mais importante, o essencial, o primordial. A paz, amigas leitoras.
O que, de fato conta. O que faz toda a diferença. A paz da alma. A PAZ na sua
verdadeira acepção. Esta, euzinha... esta PAZ SINCERAMENTE DUVIDO!
Título e Texto: Carina Bratt,
de São Paulo Capital. 10-2-2019
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Carina, minha linda, algum problema com a sua "Gorgeta?" Acaso ela está entre aspas?!
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza, São Paulo, Capital.
DINHEIRO ABARCA FELICIDADES, SAÚDE, CURA DEPRESSÃO, ESTRESSE E DÁ PAZ INTERIOR, EU DUVIDO APENAS DA PAZ EXTERIOR.
ExcluirACONCHEGO E CARINHO A TEMPO NOS AJUDA A ENCONTRAR.
Obrigada Roccha por ter lido meu texto. Agradeço de coração.
ExcluirPAZ!
Carina
Ca
ão Paulo, Capital
Engraçadinho. A 'gorgeta' é minha. A gor'j'eta do meu texto deveria ser com 'j' mas, na hora passou um jumentinho e me distraiu. Jumentinho?! Acho que foi um gatinho que me atrapalhou 'miando'.
ResponderExcluirCom todas as gorjetas e gor'g'etas, o que vale é a intenção de deixar o garçom feliz. Fica em paz!
Carina Bratt
Ca
de Vila Velha, no Espírito Santo ES