sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A campanha eleitoral luso-americana

João P. Figueiredo 

Senhora Diretora, escrevo-lhe antes de os Estados Unidos da América irem às urnas. Não sei quem irá ganhar e isso só muito indiretamente me interessará depois da eleição. 

Devo desde já declarar que não tenho qualquer preferência entre os dois candidatos presidenciais: o democrata parece-me um “idiota útil” da esquerda, o republicano é manifestamente desequilibrado, mas nada disto vale um caracol, pois quem vota neles é o povo norte-americano, e não quem escreve cartas aos jornais portugueses. 

Pouco importa o que nós preferimos ou deixamos de preferir. E, se refiro que, neste caso, não tenho preferência, faço-o apenas para sublinhar a independência do comentário que venho partilhar com os leitores do ilustre e corajoso semanário que V. Exª superiormente dirige. Agradeço antecipadamente o espaço que me possa conceder. 

Há muito tempo que uma campanha eleitoral não era vivida de forma tão apaixonada em Portugal, com o pequeno pormenor de esta ser uma campanha para uma eleição que decorre a sete mil quilômetros de distância e na qual os portugueses não têm direito a voto. Se este pormenor lhe parece estranho, Senhora Diretora, então já somos dois a estranhar. 

E esta estranheza já a tenho há quatro anos. Foi nessa altura, no preciso momento em que Donald Trump tomou posse em janeiro de 2017, que a campanha eleitoral teve início em Portugal, Lembra-se, Senhora Diretora? Nos jornais, nas televisões, entre os políticos e os ‘opinion makers’, a eleição daquela pessoa era inconcebível. Inaceitável. E como era inaceitável, a primeira coisa a fazer era desacreditar o eleito e, se possível, mandá-lo pela borda fora.


Esta atitude dos “inteligentes” portugueses foi uma mera cópia da atitude dos ‘opinion makers’ europeus, que há muito se arrogam o direito de decretar aos povos o que devem fazer e pensar. Como esta burguesia citadina “bem pensante” domina as universidades e os meios de comunicação social, não é difícil que dominem toda a opinião pública e deem a impressão de que aquilo que eles pensam é o que toda a gente pensa. 

Eu, que por vezes até estou de acordo com eles, rebelo-me contra esta ditadura opinativa pelo simples fato de me ser imposta. 

Sempre atenta às modas “lá de fora”, a saloiada nacional declarou imediatamente guerra ao presidente americano eleito. Quem ouvisse os noticiários portugueses dessa altura ficava com a ideia de que o ‘impeachment’ de Trump estava iminente, era apenas uma questão de fazermos mais uma forcinha e o bicho caía. Claro que entre os desejos delirantes da saloiada e a realidade havia um oceano de distância. 

Depois da campanha do ‘impeachment’ veio a campanha de descrédito do presidente eleito. Tudo o que fazia era horrível, tudo o que dizia era uma besteira e tudo o que pensava era lixo. 

Do mesmo modo, os pobres e ignorantes milhões de americanos que aplaudiam o monstro eram desprezados como inimputáveis. Creio que nem nos Estados Unidos a campanha de ódio contra Donald Trump foi tão intensa como em pequenos países insignificantes como Portugal. 

Finalmente, temos vivido nos últimos meses a apaixonada campanha eleitoral. Não houve bicho careta que não viesse espetar a sua fachadinha na besta moribunda, que não viesse “prever” a sua derrota estrondosa e a vitória radiante daquele velhinho meio tonto que lhe puseram à frente. 

Não sou apoiante de Donald Trump, repito. Sou apenas apoiante do jornalismo sério, como aquele que o jornal de V. Exª faz, e no qual já li artigos de várias tendências sobre o tema, sempre com grande elevação de análise. 

Esta campanha eleitoral portuguesa relativa à escolha de um presidente de um país estranho cheira muitíssimo a esturro. 

Serviu, pelo menos, para pôr bem à mostra a desqualificação da generalidade dos Media portugueses. Se eles se comportam assim num tema que nos é alheio, imagine-se só o que fazem para torcer a verdade nos temas nacionais. 

Título e Texto: João P. Figueiredo, Jornal O Diabo, 6-11-2020
Digitação: JP 

Alguns exemplos da campanha luso-americana:














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