sexta-feira, 20 de novembro de 2020

[Estórias da Aviação] Sem regulamentação

Alberto José 

Entre os anos 1972/1973 fui escalado para o voo RG 808 GIG/BSB/MAO/MQT/MIA no Boeing 727-100. Em Brasília ocorreu um atraso de manutenção que se repetiu em Manaus. Quando pousamos em Maiquetia (Venezuela) os tripulantes e passageiros já estavam cansados de tanto atraso. 

Ao fazer o cálculo da regulamentação, verificamos que iríamos pousar em Miami com mais de trinta minutos além do limite permitido pela regulamentação. Falamos com o Comandante e ele respondeu "que não ia ter problema, que tínhamos que vestir a camisa da empresa, que não havia acomodação local para acomodar os passageiros etc.". Nesse instante, o Primeiro Oficial reiterou que a regulamentação não daria para chegar a Miami. 

O Comandante, que era forte candidato a Diretor de Operações, respondeu que "a tripulação precisava colaborar, vestir a camisa da empresa e que o Thales, Gerente do Aeroporto tinha dito que não havia acomodação para todos os passageiros"! No cockpit o Primeiro Oficial respondeu o seguinte: "voar sem regulamentação é um risco muito grande e não vou comprometer a minha carreira com essa colaboração, portanto vou pegar o meu quepe e vou desembarcar"! e foi o que ele fez, sob a cara de surpresa do Comandante! 

A seguir, o Gerente Thales acomodou tripulantes e passageiros no Hotel Macuto Sheraton do aeroporto e todos foram dormir satisfeitos! 

Título e Texto: Alberto José, ex-comissário da Varig, 20-11-2020 

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