FratresInUnum.com
Na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, o arcebispo Dom Orlando Brandes [foto] fez, em seu sermão, uma afirmação politizada que despertou a cólera dos católicos: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. A retórica politiqueira é recorrente na boca de Dom Brandes na festa da padroeira. A tentação de transformar o altar em palanque é, para ele, irresistível demais. Não faltaram reações de crítica, muitas delas bastante contundentes, tanto por parte dos fiéis, quanto por parte dos jornalistas. O povo, em geral, desaprovou a “indireta” do arcebispo e o criticou duramente pelas redes sociais.
Pois bem, dois dias depois, no
dia 14 de outubro, o Deputado Estadual Frederico D’Ávila (PSL-SP) fez um
veemente pronunciamento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
(ALESP), em que xinga Dom Orlando Brandes, a CNBB e o Papa Francisco. Houve
destempero em sua fala, o que o faz perder muito de sua razão.
Ontem, a CNBB lançou uma forte
carta ao presidente da ALESP praticamente pedindo a cabeça do deputado e
dizendo que vão usar a força judicial contra ele. Em todos estes anos, talvez a
missiva de ontem tenha sido o escrito mais agressivo da CNBB; nada de diálogo
nem de misericórdia.
Na sequência, numerosos
bispos, padres e leigos replicaram a nota em suas redes sociais, na mais
rasgada demonstração de corporativismo, que é, no final das contas, a única
religião do clero e do laicato engajado. Não existe mais a Fé católica nem os
valores morais cristãos, não existe mais a honra de Deus nem a defesa da nossa
santa religião, a única coisa que restou é a replicação das posições
institucionais e a defesa dessas mesmas instituições; em suma, o bom-mocismo
característico de uma sociedade hierárquica que já não tem mais convicções
profundas.
Quiséramos ver tal demonstração de zelo quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi profanada num muro da cidade de São Paulo. Ali, Dom Odilo Scherer não fez nenhuma live de execração; mas ontem ele a fez para defender a CNBB. Em outras palavras, para ele e para os demais, a CNBB está acima de Nossa Senhora e merece defesa mais do que Ela. É isso que ele está confessando com os seus atos, ainda que de maneira inconsciente, pois está cegado pelo bom-mocismo institucionalista.
Do mesmo modo, não param de
acontecer profanações, blasfêmias e até sacrilégios por todo o país. Deus tem
sido continuamente ofendido, até escolas de samba agridem a Cristo de forma
proposital, enquanto o clero católico permanece imobilizado e mudo, como cães
que não sabem ladrar.
Contudo, a verdadeira razão
que está por traz de tão cenográfico chilique é evidentemente, aliás, como
sempre, de natureza política. O parlamentar ousou atacar a teologia da
libertação e colocou o dedo na ferida: o clero progressista é apenas
panfletário do petismo mais rançoso que existe, daquele esquerdismo que abençoa
invasões de terra e subscreve as ações da Via Campesina. Além do mais, foi
eleito pelo PSL, partido que elegeu o presidente Bolsonaro. Eles se sentiram
instigados em seu brio, o veneno da jararaca gritou feito demônio, foi
impossível conter a manifestação de ódio e de rixa.
Com tamanha efervescência de
instintos tão animais, quem na CNBB seria capaz do bom senso de perceber que o
deputado se excedeu, mas deu voz à revolta de milhares de fiéis? Quem tem a
sapiência de tirar a conclusão de que a Igreja está por demais politizada num
país dividido e que ela, a CNBB, é culpada por parte desta divisão, da qual se
tornou vítima? Quem tem a lucidez de perceber que o cenário que se abre para
2022 requer do clero muito comedimento, porque a situação será profundamente
mais agressiva que em 2018?
A resposta é simples: praticamente ninguém, pois os poucos sensatos jamais serão ouvidos por bispos que foram treinados para serem cabos eleitorais fanáticos de um partido político dos mais vergonhosos que jamais existiram neste país. Eles são os petistas mais fanáticos e pretendem mais uma vez usar a máquina eclesial como ferramenta de campanha para o Lula em 2022.
Dito de outro modo, tudo se
resume a isto: a campanha eleitoral já começou e quase ninguém ainda se deu
conta!
A declaração do deputado foi
ruim, mas a reação da CNBB e asseclas foi pior. Não há nada para ser louvado em
todo esse evento, a não ser a sensatez do povo, que manifestou o seu repúdio
sem perder o respeito pela Igreja, como de praxe em todo fiel católico
brasileiro, que há décadas tem de aguentar a apostasia esquerdista dos seus
pastores sem perder a linha nem a reverência pela sua santa religião.
E, para a CNBB um recadinho
bem à moda do povo: “quem fala o que quer, escuta o que não quer”. E ainda
mais: “aceita, que dói menos”. Dom Orlando quis usar o monopólio do microfone
para soltar indiretas contra o presidente sem lhe dar direito de resposta, mas
a resposta veio. E veio amarga. Agora, aguente!
Título e Texto: Fratres in Unum.com, 18-10-2021
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