Outro artigo, muito bem escrito, que traduz o que venho dizendo em agradáveis e sempre esperados jantares familiares e sociais mas que, evidentemente, não tenho a competência para escrever... que inveja!!
Um devoto anônimo da seita
antiamericana - a religião que mais cresce no mundo, mais até do que o Islã ou
os cultos evangélicos - me mandou um longo comentário em que se queixa,
chorosamente, da "excessiva atenção" dada nos últimos dias aos dez
anos da tragédia do 11 de setembro de 2001 nos EUA. Lembrando os bombardeios
atômicos a Hiroshima e Nagasaki na II Guerra Mundial, ele (ou ela) diz lamentar
o fato de que nenhum militar norte-americano (ou de qualquer país aliado,
enfim), ao contrário do que ocorreu com os alemães e japoneses, foi condenado
pelas atrocidades cometidas contra a população civil (na Alemanha e no Japão,
por exemplo). Afirma, ainda, ver "com indignação" as reportagens e
documentários sobre os ataques terroristas, pois, segundo diz, "há muito
não escuto falar nada sobre as atrocidades que os americanos cometeram contra o
mundo" (sic). No final, solta a seguinte pérola:
Aliás, os eventos do 11 de
setembro foram frutos dos presentes que a atrapalhada política internacional
americana deu ao mundo: Bin Laden, Talibãs, Saddam Hussein, todos são frutos da
burrice imperialista americana no Oriente Médio. E mesmo tendo armado todos
esses e muitos outros terroristas e tiranos ao redor do mundo, ainda olhamos
para os coitadinhos americanos com pena e dor. É lógico! Afinal, não foram os
americanos mortos nos atentados que produziram os terroristas; foram os
militares megalomaníacos e políticos gananciosos que o fizeram; os ataques não
mataram nenhum deles; mataram apenas civis, inocentes e desprotegidos, da mesma
forma que em Hiroshima e Nagasaki. Mas lá, como não foram americanos que
morreram, ninguém lembra, ninguém fala.
Confesso que tenho pouca
paciência para a discurseira antiamericana. Além de ser um trololó bucéfalo,
muitos que o repetem nem se dão conta de que são antiamericanos, e que estão
apenas justificando o que de pior existe na humanidade. Apenas repetem, mecanicamente,
uma lengalenga ideológica condicionada pelo ódio, que muitos não admitem que
sentem, contra os EUA - na verdade, contra a própria humanidade.
É exatamente esse o caso do autor do comentário acima. Aparentemente alguém indignado contra as injustiças da História (e o mundo é um lugar injusto, como todos sabem), acaba reproduzindo, na verdade, um dos discursos mais canalhas e criminosos de todos os tempos. Quase certamente sem o saber, acaba confessando-se cúmplice do terrorismo islamita, apelando para agravos passados.
O irritante desse discurso é
que ele seria somente idiota, se não tivesse seguidores. Enquanto o Sol brilhar
sobre a Terra, haverá gente, ingênua ou mal-intencionada, a lembrar as bombas
sobre o Japão para destilar o ressentimento (muitas vezes, misturado a
sentimentos inconfessáveis de inveja e admiração) contra os EUA e tudo que ele
representa - a democracia, principalmente.
Sim, é verdade que os EUA
cometeram ações que atingiram civis durante a II Guerra, como os bombardeios de
Hiroshima e Nagasaki. Assim como TODAS as grandes potências que participaram do
conflito, de ambos os lados, diga-se. Vistas à distância, quase 70 anos depois,
tudo parece um gigantesco assassinato em massa (e, em muitos casos, foi isso
mesmo). Mas pode-se abstrair daí o sentido da guerra? Os EUA mataram civis,
assim como os alemães e os soviéticos também o fizeram (e em escala bem maior).
Mas podem dizer que, ao contrário de seus inimigos, agiram em defesa de uma
causa justa, e também (no caso das bombas sobre o Japão) para abreviar a
guerra. Pergunte a um japonês o que ele acha do papel dos EUA na II Guerra e
ele, quase certamente, agradecerá pelo fato de hoje o Japão ser um país
pacífico e democrático, ao mesmo tempo em que se encolherá de vergonha pelo que
seus avós fizeram nos países invadidos pelas forças nipônicas (nem por isso,
porém, vou sair por aí insinuando que os japoneses "tiveram o que
mereceram"). Do mesmo modo, os alemães terão que purgar, por gerações, o
horror dos crimes nazistas (e não apenas contra os judeus). Sem falar nos
cidadãos dos países libertados do jugo nazista pelas tropas de Patton e
Eisenhower. Será que acreditam que os EUA deveriam se desculpar pelo que
fizeram?
Aliás, acho mesmo que faltou
alguém em Nuremberg: os soviéticos, que assinaram um pacto com os nazistas em
1939 e foram, assim, co-responsáveis pela eclosão da II Guerra. Sem falar nos
milhões de mortos pela URSS de Stálin - antes, durante e depois do confronto.
Para citar apenas um exemplo, ocorrido no começo da guerra: 25 mil soldados
poloneses capturados foram exterminados pela polícia soviética na floresta de
Katyn, em 1940. Somente alguns anos atrás, foi revelado que esse assassinato em
massa foi cometido pelos russos (durante décadas, a propaganda comunista culpou
os nazistas pelo massacre). E como esse há centenas, milhares de casos. Mas
onde está a indignação contra esses crimes?
Falando nisso, também vejo com
indignação a maioria das reportagens sobre o 11 de setembro veiculadas nestes
dias, mas por um motivo bem diferente: a maioria delas, como já escrevi aqui,
só faltam culpar os próprios EUA pelo ocorrido. Exatamente como faz o
comentarista anônimo - aliás, ele (ou ela), vai além, e diz claramente que os
EUA (e, portanto, todos os que morreram) tiveram o que mereceram.
O que tem a ver Hiroshima e
Nagasaki com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Nada, claro. A
não ser se você for um papagaio repetidor de slogans e platitudes
antiamericanas, para quem qualquer ato de terror cometido contra os EUA, por
pior que seja, é justificado. Outro dia, respondendo a uma amiga minha que,
provavelmente sem o saber, endossou o discurso anti-EUA por trás da lembrança
de "outros setembros", afirmei que tal discurso, ao contrapor fatos
como o golpe no Chile em 1973 à tragédia de dez anos atrás em Nova York e
Washington, visava tão-somente a miniminizar e, em última instância, a anular a
lembrança dos ataques terroristas. O mesmo digo agora dessa tentativa tosca de
contrapor - é esse o verbo - Hiroshima e Nagasaki ao 11 de setembro (aliás, o
autor do comentário não tem do que se queixar: as bombas atômicas sobre o
Japão, ao contrário do que ele afirma, são um dos fatos mais lembrados e
repisados da História).
Do mesmo modo, somente sendo
muito cretino e tendo o cérebro totalmente lavado pela vulgata esquerdóide à la
Noam Chomsky para enxergar no 11 de setembro o resultado dos "presentes
que a atrapalhada política americana deu ao mundo". Bin Laden, o Talibã e
Saddam Hussein não são "frutos da burrice imperialista no Oriente
Médio", mas do fanatismo islamita e do totalitarismo, que não precisam de
ninguém para se justificarem. A menos que se considere as figuras citadas acima
como robôs teleguiados, sem vontade própria, ninguém é terrorista ou ditador
devido à vontade alheia. Não foram os EUA, até onde sei, que criaram Kadafi,
Ahmadinejad ou Bashar al-Assad. Também não foi o Pentágono ou a CIA que
engendraram o Hamas e o Hezbollah. O envolvimento direto dos EUA nos assuntos
do Oriente Médio começa em 1958, quando Eisenhower enviou soldados ao Líbano. A
Irmandade Muçulmana, organização-mãe do Hamas, surgiu em 1928 - trinta anos
antes. Portanto, mesmo cronologicamente, tentar atribuir a culpa pelo fanatismo
islamita aos EUA é coisa de quem vê chifre em cabeça de burro.
(Aliás, se há alguém a se
culpar pela formação de Bin Laden, não são os EUA, mas a finada URSS, pois foi
a hoje quase esquecida invasão do Afeganistão pelo exército soviético em 1979
que levou o milionário saudita a deixar sua terra natal e a aderir à jihad
contra os "infiéis". Mas, como não houve americanos na parada, disso
ninguém lembra, ninguém fala.)
Ainda que os ataques
terroristas de 11/09 fossem uma "resposta" à política norte-americana
no Oriente Médio - notem bem: ainda que -, seria necessário um grau de
canalhice muito grande para afirmar que os EUA "colheram o que
plantaram" (pois é isso que se está dizendo). Seria o mesmo que dizer que
as cerca de 3 mil pessoas que morreram tostadas e esmagadas nas Torres Gêmeas e
nos aviões MERECIAM morrer, pois teriam sido um alvo "legítimo". Ora,
por que não dizer que os mortos em Hiroshima também "mereceram
morrer"?
É claro que dizer isso seria
uma estupidez enorme, até mesmo para um antiamericano. Por isso esse discurso
vigarista precisa vir coberto de um verniz "humanista", lembrando
tragédias passadas - como se estas justificassem o terror. Em qualquer caso,
trata-se de algo típico de delinquentes morais, em busca de um bode expiatório
- e que melhor bode expiatório pode existir do que os EUA, que muitos odeiam e
todos invejam?
Já disse e repito: o que
incomoda gente como o anônimo que me mandou o comentário (e que está
"indignado" por causa disso...) é que ele não pode negar que, em 11
de setembro de 2001, os EUA foram VÍTIMAS, e não autores, de um ataque hediondo
- simplesmente o maior ataque terrorista da História. Isso essa gente não pode
conceber, ou entender, porque quebra radicalmente o esquema mental em que estão
presos. Estão tão acostumados a ver o mundo de forma maniqueísta, em termos de "bem"
e "mal" (sendo o "mal" o satã imperialista norte-americano,
e o "bem", por conseguinte, todos os que se oponham a ele), que as
noções de bem e de mal, de justo e injusto, já se misturaram em suas cabeças
deformadas, invertendo-se completamente. Simplesmente não conseguem sair desse
atoleiro mental porque não conseguem enxergar além do ódio que sentem pela
pátria de Jefferson e Lincoln. Não percebem, ou não querem perceber, que os bin
ladins não odeiam os EUA e o Ocidente pelo que estes fizeram, mas pelo que são.
Talvez por partilharem desse mesmo ódio. Os devotos da seita antiamericana
podem até tentar disfarçar, mas sempre deixam esse ódio vir à tona. Enquanto eu
estiver aqui, faço questão de retirar-lhes a máscara.
Título e Texto: Gustavo, no Blog “Do Contra”
Os grifos são meus, não pude resistir!
Colaboração: Gracialavida
Leia também, por favor, para melhor compreender o que Gustavo escreve:
Justiça Social, Igualitarismo e Inveja
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Justiça Social, Igualitarismo e Inveja
Nossa! Adorei! Você escreveu TUDO que eu penso! Coragem, lucidez, boas informações. Parabéns! Você tem Facebook?
ResponderExcluirOlá, "Anônimo"!
ResponderExcluirO artigo é de Gustavo, do blog "Do Contra".
Nosso facebook está aqui na barra lateral direita.
Obrigado./-