quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O “ataque à liberdade de expressão”, não deve monopolizar a reflexão sobre as verdadeiras origens do que está a suceder em França e na Europa…

Murphy
Por que tem vindo a Europa, particularmente a França, a revelar-se terreno fértil para estes “extremistas islâmicos instantâneos”? A sua revolta contra o Ocidente, contra o Mundo, alicerça-se em quê?!

O que estará a Europa a fazer de errado, que possa estar a fomentar, nomeadamente, entre jovens que nasceram dentro das suas próprias fronteiras, o surgimento destes casos de semelhante ódio  e sentimentos de revolta,  de magnitude capaz de desencadear acontecimentos como os de ontem? E o jornalismo, pode ter algum papel nisto?

1 - O Estado Social francês…

Vinte anos depois do aprofundamento da globalização económica, a difusão generalizada na Europa de uma linha de pensamento político mais à esquerda, da qual o jornalismo europeu é próximo, que o Estado Social tudo deve assegurar e garantir –  vide Ana Gomes
–, conduziu a uma cultura de vitimização generalizada que é utilizada para angariar simpatizantes e votos.

Quando estes jovens constatam que não conseguirão ter um estilo de vida ao nível dos sonhos que projetam, esta ideia de vitimização que recorrentemente perpassa nas declarações das forças políticas mais à esquerda - que em cada cidadão existe um oprimido, um explorado, um roubado  – é susceptível de alimentar essesentimento de revolta ou não?

2 - Israel vs Palestina. A posição da Europa…

A posição europeia sobre o conflito israelo-árabe é abertamente pró Palestiniana. Mais uma vez, esta é a posição que a elite intelectual do jornalismo europeu defende e o tratamento mediático do tema é um óbvio sinal disso. O realce mediático sistematicamente destaca os palestinianos, os muçulmanos, como vítimas deste conflito. E muitos são!

Mas, não perceber, ou não querer mostrar, que os palestinianos radicais, por quererem o desaparecimento de Israel em vez de uma solução de compromisso entre as duas nações, são provavelmente o maior obstáculo à resolução do conflito atualmente, pode contribuir para alimentar o sentimento de revolta e de vitimização das comunidades muçulmanas ou não?


Recordar que, em Israel, valores como a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, existem e não são questionados. Aliás, existem esses valores e outros e, pessoalmente, acho que muito do que se discute nesse conflito é precisamente o modelo de sociedade que desejamos que prevaleça: o modelo do designado mundo ocidental ou o modelo dos estados islâmicos?

Curiosamente, nas reportagens que tratam este conflito, a cobertura jornalística não envolve esta vertente de defesa dos direitos cívicos. Ouve-se por vezes algo do género "não podemos impor a visão ocidental ao mundo árabe", mas estas escolhas não estão presentes quando somos chamados a tomar uma posição sobre este assunto? 

Assumirá plenamente o jornalismo todas as consequências das causas que defende? 

Para finalizar, homenagem às vítimas deste crime horrendo e profundos sentimentos às suas famílias. Independentemente da profissão, se jornalista, se cartoonista, se polícia ou porteiro, isso importa?

Será o assassínio de jornalistas por radicais islâmicos, mais grave que os assassínios  cometidos pelos mesmos radicais - de seres humanos apenas por serem cristãos? 

A vida humana não é toda igual? 

Nota final:
Supostamente, estes radicais exibem um profundo “respeito pelo Profeta” e um rigoroso cumprimento dos princípios do Islão. Se é mesmo assim, tinha curiosidade de saber quantos muçulmanos em França se recusam a receber os apoios sociais por virem de um estado laico.

Como podem esses devotos suportar o recebimento de “euros infiéis”?... Enfim, suspeito que, quando convém, estes radicais conseguem vislumbrar no “seu islão” alguma flexibilidade para, seletivamente, se adaptarem ao que o Ocidente lhes pode oferecer. 
Título e Texto: Murphy, “Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...”, 8-1-2015

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