terça-feira, 9 de junho de 2015

O perigo dos sublimes ideais, ou a nova inquisição

Vitor Grando

Todos já devem ter visto a mais nova representação de escárnio ao cristianismo apresentada pelo movimento LGBT na Parada Gay de São Paulo. Mais um crime contra o sentimento religioso, conforme expresso pelo art. 208 do Código Penal, mais especificamente "Vilipêndio público de ato ou objeto de culto religioso".

Tem que ser muito bocó pra achar que toda oposição ao movimento LGBT se dá em razão de um suposto ódio aos homossexuais resumido na mais poderosa palavra de ordem do mundo moderno: homofobia. O terror de qualquer pessoa pública é ser acusado de "homofobia". Esses termos de carregado poder retórico servem justamente para dizimar e massacrar reputações e não tem a menor correspondência com o sentido etimológico do termo ou com algum diagnóstico psiquiátrico enquadrado como "fobia".

O Império Romano era implacável contra os cristãos, que morriam aos montes nos dentes de leões ou nas chamas das fogueiras. Alguns séculos depois da conversão de Constantino e a decorrente instituição do cristianismo como religião oficial do império, os outrora perseguidos cristãos passaram a perseguidores. É claro que frente à perseguição romana aos cristãos ou a perseguição dos revolucionários franceses aos seus opositores, a "Santa" Inquisição foi brincadeira de criança - mas é fato que os cristãos perseguiram. Houve perseguição por parte do pedófilo Maomé e seu séquito. 

Europeus, especialmente cristãos, tornaram-se escravos do Império Otomano. Veio, então, a suposta era das luzes: 1789 na França e, como já dito, o Grande Terror da Revolução fez qualquer inquisidor parecer um monge tibetano. E quando o mundo tornou-se ainda mais "iluminado" (sim, eles disseram), vieram Lênin, Stálin, Hitler, Pol Pot, Mao Tse-Tung, Fidel Castro, Ceaușescu.

É curioso notarmos que absolutamente nenhum desses crimes foi cometido em nome do mal. Todos foram cometidos em nome dos mais elevados e sublimes ideais. Como permitir que aqueles perigosos cristãos ameaçassem a unidade do Império recusando-se a prestar culto ao imperador? Como permitir a ação perversa de bruxas obviamente responsáveis por grandes males nesta Terra? Como, Deus do céu, permitir que permaneçam incólumes aqueles que sozinhos são responsáveis pela manutenção da ordem injusta e perversa persistente da sociedade?

Mas como já nos ensinava o sapientíssimo autor de Eclesiastes, "Não há nada novo debaixo do sol". O sublime ideal da vez é o combate a essa coisa chamada "homofobia" por meio da qual algumas "bruxas" são inteiramente responsáveis pela condição de insatisfação vivida por cada homossexual que não tem sua orientação plenamente aceita em nossa sociedade e - pasmem! - não admitem que a concepção de casamento seja reconstruída permitindo a união de "toda forma de amor". Inadmissível essa sociedade seguir uma concepção de matrimônio universalmente aceita desde que o mundo existe mesmo por sociedades mais tolerantes com a prática da homossexualidade. O que outrora sempre foi amplamente aceito, num período de menos de 10 (dez) anos tornou-se prova categórica de intolerância, dogmatismo ou até mesmo doença psiquiátrica - a fobia. Isso faz mesmo sentido?

Há cristãos sendo perseguidos aos montes em países muçulmanos e comunistas. Crucificados, queimados, degolados, vendidos à escravidão ou à prostituição. Esse mesmo Islã persegue homossexuais lançando-os de altos prédios para gáudio de uma platéia sedenta por sangue. Mas é com a islamofobia que a intelligentsia se preocupa. Junta-se a esquerda com o islã e dirigem seus canhões contra o cristianismo. É evidente como a luz do dia que a razão não é uma legítima preocupação com os oprimidos. É uma vigarista razão ideológica somente. Nenhuma outra razão pode explicar a leniência da esquerda com uma religião intrinsecamente violenta, machista, homofóbica e opressora como o Islã.

É curioso que o Malafaia não tenha o direito de ser idiota e preocupar-se com aquilo que deveria ser secundário para nós cristãos, mas o movimento LGBT pode abusar da imagem de Cristo, enfiar imagens religiosas nas partes íntimas, degolar uma figura do Papa no pátio da PUC-SP, acusar toda a comunidade evangélica de cúmplice em supostos assassinatos de homossexuais, invadir missa em Copacabana com os seios à mostra gritando "Papa, vai tomar no c*", usar imagens de santos católicos em trajes homossexuais, um artista criar uma obra de arte onde o Cristo crucificado é mergulhado em urina, podem perseguir o CEO do Mozilla por aderir à concepção de família tradicional, perseguir gays que se opõem ao movimento (Thiago Oliveira, Smith Hays, o finado Clodovil, Dolce & Gabbana, e outros) etc, etc, etc (a lista de sandices é extensa e supera qualquer bobagem que Malafaia/Feliciano falaram/falarão).

Tais manifestações não geram em pingo um pingo sequer de indignação. Suponho que lá de seu trono Cristo deve olhar tudo isso como um adulto que olha com indiferença a rebeldia sem causa de um adolescente bobalhão. Mas diferente de fanáticos como Jean Wyllys, acredito que todos têm a liberdade de serem idiotas e isso inclui o boicote ao Dolce & Gabbana, à Barilla, ou o "protesto" na Parada Gay usando a imagem do Cristo crucificado. O Estado não deveria se intrometer nisso. Deveria ser uma questão de bom senso e repúdio público. No entanto, há uma legião de piedosos católicos e evangélicos que se sentem profundamente indignados e ofendidos com tais manifestações e merecem o devido respeito e merecem ser defendidos pelos tão iluminados progressistas que tanto se preocupam com os oprimidos.

Um peso, duas medidas. De um lado o Malafaia que propõe um bobo e contraproducente boicote ao Boticário, de outro há uma turba de evangélicos tolos capitaneados por José Barbosa Jr. e Danilo Fernandes do Genizah que desesperadamente querem fugir de qualquer associação ao Malafaia manifestando mais um reflexo de uma necessidade patológica de se mostrar que não é "feio, chato e bobo" como o Malafaia do que uma preocupação legítima com os discriminados.

É tal como o adolescente em instável processo de formação de imagem que precisa demonstrar desesperadamente que não é tão ultrapassado, brega, cafona como seus pais. Gostaria de ver esses tão iluminados senhores manifestando-se contra a perseguição a gays e cristãos em países árabes, contra o crescimento vertigionoso do radicalismo islâmico no seio da Europa, contra o escárnio ao sentimento religioso dos cristãos, contra a intolerância fanática do Dep. Jean Wyllys e contra o mesmo deputado e a Dep. Érica Kokay que propõe cirurgia de mudança de sexo financiada pelo SUS a despeito da vontade de seus pais. Eles não o farão. Eles preferem alvos fáceis e aderir ao coro da homofobia é a forma perfeita de tornar-se subitamente "inteligente" segundo os demais "inteligentes". É aderir à nova ortodoxia. Qualquer adolescente de 15 anos já sabe bradar contra a Igreja, o cristianismo, o capitalismo, a homofobia, o machismo. Agora é preciso maturidade e coragem para se manifestar a favor da Igreja, do cristianismo, do capitalismo, da distinção de gêneros, do casamento tradicional e contra o fanatismo LGBT, do Islã, das feministas e demais militantes.

Não é à toa que Jesus disse que os filhos dos homens são mais sábios que os tolos filhos da luz. Lembrem-se, senhores, tolerância pressupõe discordância. Tolerância não é sinônimo de concordância. Diferença não é inimizade. Têm todo meu repúdio fanáticos como Jean Wyllys, Érica Kokay, Luiz Mott, de um lado; e os tolos cristãos que no afã de dizer aos pecadores "Vá", esquecem-se do "Não peques mais".

A Parada Gay não representa os gays.

O movimento ‘Jesus Cura a Homofobia’ não representa os cristãos. 
Título, Imagem e Texto: Vitor Grando, 9-6-2015

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