Portugal garante equilíbrio
das contas externas
Vítor Norinha
As contas externas portuguesas passaram de menos 10% do PIB até 2010
para menos 1% em 2012. O país tem
praticamente as contas externas equilibradas, sobretudo devido ao choque da
procura por parte de empresas e famílias, a par do crescimento das
exportações.
Este foi um dos argumentos
fortes que Carlos Moedas, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro,
apresentou na conferência da AT Kearney, realizada ontem e subordinada ao tema
"Competitividade e crescimento". O governante fez a defesa da
política do Governo a nível de ajustamento macroeconómico.
Em contraste, gestores e
economistas criticaram duramente a ausência de políticas de crescimento ou as
más decisões com impacto no consumo. Vítor Bento, Filipe de Botton ou Paulo
Azevedo, presentes na mesma conferência, foram verrinosos na análise das opções
políticas.
Paulo Azevedo, CEO da Sonae,
disse, à margem do evento, que a mexida na TSU é "má". Disse que,
para uma empresa, como a Sonae, que está dependente do consumo português
"é óbvio que a medida é má".
Em contraste, o gestor Pires
de Lima, CEO da Unicer e presidente da mesa do conselho geral do CDS, disse pensar
que os portugueses "estão preparados para mais austeridade, se perceberem
o sentido dessa austeridade, que é uma austeridade justa". Sem entrar em
discursos políticos, Pires de Lima disse que "ninguém está preparado para
fazer sacrifícios perpetuamente sem entender o sentido, o resultado e o
objetivo desses sacrifícios".
Portugal surpreende ao colocar
mais dívida e com juros mais baixos
OJE/Lusa
O Estado colocou hoje mais
dois mil milhões de euros de dívida no mercado, mais 250 milhões de euros que o
máximo indicativo estipulado e pagando
juros consideravelmente mais baixos que nas últimas operações com prazos
semelhantes.
De acordo com a Agência de
Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública o Estado colocou 1.291 milhões de
euros na linha com maturidade a 18 meses, a segunda vez que coloca dívida em
Bilhetes do Tesouro com este prazo.
A operação com o prazo mais
longo de BT viu ainda o juro baixar
consideravelmente face ao último (e primeiro) leilão com prazo semelhante,
realizado a 4 abril, conseguindo agora
uma taxa de juro média de 2,967%, quando na altura havia sido de 4,537%.
A procura foi ligeiramente
mais baixa, representando 2,4 vezes a oferta, quando em abril havia sido de 2,6
vezes, mas o valor colocado desta vez foi mais elevado, face aos mil milhões de
euros.
No prazo mais curto, a seis meses,
Portugal colocou 709 milhões de euros, pagando
uma taxa de juro de 1,7%, contra os 2,292% registados na última operação
com prazo semelhante, realizada em julho.
A procura foi ligeiramente
inferior, fixando-se em 3,1 vezes a oferta, contra as 3,8 vezes registadas no
último leilão.
Num breve comentário ao
leilão, o diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva,
considera a operação um sucesso e salienta a falta de impacto da situação
política em Portugal nesta operação.
"A emissão foi um sucesso
e demonstra que o eventual aumento do risco político de Portugal não afetou, em
nada e por agora, os investidores, que continuam com muito interesse em comprar
dívida pública portuguesa de curto prazo. Prova disso, é o facto de o Estado
ter emitido dívida num montante total de 2000 milhões de euros, superior ao que
tinha anunciado fazer (1500-1750 milhões de euros)", afirmou.
Filipe Silva salienta ainda o melhor
resultado alcançado com leilões de Bilhetes do Tesouro a 18 meses que nas
colocações de linhas a um ano.
"Outro facto relevante a
sublinhar é que os BT 1 18 meses, apesar de terem um prazo mais longo, já têm
uma taxa de juro implícita inferior à das Obrigações a 1 ano, ou seja temos uma
dívida mais longa mais barata que uma emissão a um prazo mais curto. Acho que
correu bastante bem", concluiu.
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