Reinaldo Azevedo
O elevado Costa e Silva fere a
sensibilidade democrática de Fernando Haddad…
|
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), não
passa de um demagogo barato — e exerce, ora vejam, o pior tipo de demagogia,
que é aquela voltada para as minorias radicalizadas que o aplaudem, pouco
importa a causa que abracem. Provoca em mim aquela estranha sensação da
“vergonha alheia”. Sempre que o vejo, eu me penso em seu lugar, indagando-me:
“Que diabos, afinal, eu estou fazendo aqui?”. Agora ele decidiu que a cidade
precisa mudar o nome de logradouros públicos que homenageiem pessoas que
colaboraram com o regime militar. Vou demonstrar por que não passa de um
farsante político. Antes, algumas considerações.
Haddad é ruim pra fazer creches. Haddad é ruim pra
fazer casas próprias. Haddad é ruim pra fazer corredores de ônibus. Haddad é
ruim pra fazer ciclofaixas — sim, elas são verdadeiros atentados ao
planejamento, ao urbanismo e à segurança de eventuais ciclistas e dos
pedestres.
Haddad é um discurso em busca de eficiência.
Haddad é uma militância em busca de uma causa.
Haddad é um reformador em busca do desacerto do
mundo.
Haddad é um político em busca de uma política.
Haddad é um desocupado em busca de uma ocupação.
Haddad é o petismo na sua fase de esclerose.
Haddad é a minoria chique cansada do que considera
vulgaridade dos pobres.
Haddad é o Pestana municipal do conto “Um Homem
Célebre”, de Machado de Assis. Ele gostaria de ser o criador de uma sinfonia
administrativa, mas de seu cérebro travesso não saem senão polcas: ideias
mixurucas e malsucedidas.
Haddad não é nem uma inteligência em busca de um
caráter nem um caráter em busca de uma inteligência. Haddad não se mede por
esses critérios; tampouco devemos forçar a sintaxe para pôr em relação
transitiva esses dois substantivos.
Cheguemos ao ponto. Não podendo oferecer creches,
casas ou corredores de ônibus, o prefeito resolveu mudar o nome de logradouros
da cidade. Quer banir homenagens a pessoas que colaboraram com a ditadura. O
objetivo parece nobre e certamente cairá no gosto das minorias radicalizadas
que o aplaudem. Amplos setores da imprensa babarão de satisfação.
O projeto, como tudo de sua lavra, tem um nome
pomposo para uma tese cretina: “Ruas da Memória”. A primeira proposta já foi
encaminhada para a Câmara Municipal e quer trocar o nome do Viaduto 31 de Março
por viaduto Therezinha Zerbini, uma das pessoas que lutaram pela anistia no
país.
Notem! Todos os dias surgem uma ou mais destas
coisas: ruas, praças, vias, canteiros, parques, jardins, escolas, postos de
saúde… Escolham aí. Não me oponho a que Therezinha Zerbini e outros possam ser
homenageados. Mudar, no entanto, o nome de um logradouro frauda a história em
vez de resgatá-la. Ora, é preciso que se tenha claro — e isto também faz parte
da nossa trajetória — que houve um tempo em que se batizou um viaduto
homenageando a data de um golpe militar.
Eu gosto disso? Eu não! Mas, até aqui, Haddad só
está sendo estúpido. Ainda não provei ser um farsante político nessa questão.
Vou provar já, já. Falo ainda um tanto mais da estupidez. Embora não seja da
alçada municipal, pergunto: devemos lastimar todas as vezes em que lemos o nome
“Fundação Getúlio Vargas”? Alguém nega que tenha sido um ditador? Alguém nega
que o Estado Novo tenha matado e torturado mais do que a ditadura militar?
Alguém nega o caráter obviamente autoritário do seu primeiro período à frente
da Presidência?
O que Haddad quer? Seguir os passos de uma escola
na Bahia, que mudou o seu nome de Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu
Médici para Colégio Estadual Carlos Marighella, de sorte que saiu o ditador
para entrar, em seu lugar, um assassino?
Reitero: à luz da história, mesmo eventos dessa
natureza história são. Não se pode reinventá-la, ainda que se possa
reescrevê-la com vieses distintos.
O farsante
Mas esse é só terreno da estultice teórica do professor Haddad. Há a farsa política. Na lista dos logradouros cujo nome ele quer alterar está o Elevado Costa e Silva, conhecido país afora como “Minhocão”, um monumento ao horror arquitetônico erguido na cidade por Paulo Maluf e inaugurado no dia 25 de janeiro de 1971. O nome é uma homenagem ao general ditador que governou o Brasil entre 15 de março de 1967 e 31 de agosto de 1969. O homem que assinou o AI-5 ganhou o agrado, anunciado quando ainda estava vivo, porque foi quem indicou Maluf para a Prefeitura.
Mas esse é só terreno da estultice teórica do professor Haddad. Há a farsa política. Na lista dos logradouros cujo nome ele quer alterar está o Elevado Costa e Silva, conhecido país afora como “Minhocão”, um monumento ao horror arquitetônico erguido na cidade por Paulo Maluf e inaugurado no dia 25 de janeiro de 1971. O nome é uma homenagem ao general ditador que governou o Brasil entre 15 de março de 1967 e 31 de agosto de 1969. O homem que assinou o AI-5 ganhou o agrado, anunciado quando ainda estava vivo, porque foi quem indicou Maluf para a Prefeitura.
Haddad, este grande amante dos direitos humanos,
ora vejam, não quer um elevado com o nome de Costa Silva, mas tem justamente em
Paulo Maluf, um dos políticos que colaboraram mais ativamente com a ditadura,
um de seus principais aliados na cidade. Haddad quer mudar o nome do elevado,
mas entregou a Maluf as chaves da companhia municipal de habitação, a Cohab,
com orçamento de mais de R$ 200 milhões e mais de 100 cargos de confiança, de
livre nomeação.
A aliança do bom garoto com
Maluf, que deu nome ao elevado, é ética superior
|
Ainda agora, Maluf está empenhado em impedir que o
apresentador José Luís Datena se lance candidato a prefeito pelo PP porque quer
manter os cargos na Prefeitura até a undécima hora. Acha que nem Datena nem
Haddad vencerão, mas não quer largar o osso antes da hora.
O prefeito que trocou afagos com Maluf nos jardins
da Babilônia da casa do velho matreiro, com a mediação de outro velho matreiro,
Lula, sabe que as Mafaldinhas & Remelentos de esquerda se contentam com a
troca do nome de um viaduto. Que importa que a área de habitação esteja
entregue àquele que batizou o elevado com o nome do general? Haddad chuta os
beneficiários mortos da ditadura militar e se ajoelha diante dos beneficiários
vivos. Homem corajoso!
Haddad é a fraude política mais engomadinha que
São Paulo já produziu. É mais uma das heranças malditas de Lula. Mas terá vida
política curta. Por seus próprios méritos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-