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Dilma Roussef discursa no Senado Federal, 29 de agosto de 2016. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado |
Excelentíssimo Senhor
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski
Excelentíssimo Senhor
Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros,
Excelentíssimas Senhoras
Senadoras e Excelentíssimos Senhores Senadores,
Cidadãs e Cidadãos de meu
amado Brasil,
No dia 1º de janeiro de 2015
assumi meu segundo mandato à Presidência da República Federativa do Brasil. Fui
eleita por mais 54 milhões de votos.
Na minha posse, assumi o
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, bem como o de observar
as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a
integridade e a independência do Brasil.
Ao exercer a Presidência da
República respeitei fielmente o compromisso que assumi perante a nação e aos
que me elegeram. E me orgulho disso. Sempre acreditei na democracia e no Estado
de direito, e sempre vi na Constituição de 1988 uma das grandes conquistas do
nosso povo.
Jamais atentaria contra o que
acredito ou praticaria atos contrários aos interesses daqueles que me elegeram.
Nesta jornada para me defender
do impeachment me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu
reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também críticas duras ao meu
governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram
adotadas. Acolho essas críticas com humildade.
Até porque, como todos, tenho
defeitos e cometo erros.
Entre os meus defeitos não
está a deslealdade e a covardia.
Não traio os compromissos que
assumo, os princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado. Na luta contra a
ditadura, recebi no meu corpo as marcas da tortura. Amarguei por anos o
sofrimento da prisão. Vi companheiros e companheiras sendo violentados, e até
assassinados.
Na época, eu era muito jovem.
Tinha muito a esperar da vida. Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no
meu corpo e na minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de
terror que começava a me engolir, na escuridão dos tempos amargos em que o país
vivia. Não mudei de lado.