Luciano Ayan
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Os primeiros minutos foram
incômodos – ele estava na defensiva – mas daí em diante o candidato republicano
mudou a postura e adotou um tom mais ofensivo, motivo pelo qual venceu. No
primeiro debate – que ele perdeu – Trump havia resolvido apanhar feito cachorro
ladrão. E por que eu digo que ele “resolveu” perder o primeiro debate? Simples:
é porque ele tinha munição de sobra, como agora.
Na questão dos escândalos
sexuais, Trump pediu desculpas ao público. Lembrou que tudo se tratava de
“conversa privadas”. Assim, ele começou na defensiva, gastando tempo demais
para dizer o que “ele não era”.
Logo de cara, Hillary saiu
batendo com gosto, tratando-o como um monstro contra as mulheres. Certo momento
ela, após rotulá-lo, disse: “Este é Donald Trump”. Concluiu: “Isto é o que nós,
americanos, não somos”. Foram quase dois minutos de pauladas para cima de
Trump, quase como se ela estivesse dizendo-lhe: “entendeu como é que adultos
jogam na política?”.
Ele finalmente acordou.
Ao rebater, Trump finalmente
citou a diferença entre “palavras ditas” e atos cometidos, lembrando que
nenhuma outra pessoa que ocupou a Casa Branca abusou mais de mulheres do que
Bill Clinton. Paula Jones, abusada por Bill, estava na plateia. Pouco antes do
debate, Trump apresentou quatro mulheres que haviam sido vítimas de agressões
sexuais de Bill Clinton. Trump também lembrou que Hillary não apenas atacou as
vítimas dos ataques sexuais de Bill Clinton, como também citou o caso dos
ataques feitos por ela, enquanto advogada, direcionados à uma mulher vítima de
estupro aos 12 anos. Em suma, na questão dos escândalos, ele nadou de braçadas.
Em relação aos 33 mil e-mails
deletados, Hillary novamente foi para as cordas. No melhor momento do debate
(para Trump), Hillary alegou que seria ruim se Trump fosse para a presidência.
Trump afirmou que a esquerdista tinha razão, pois com ele na Casa Branca ela
estaria presa. Em toda a questão dos e-mails, ela fugiu, chegando a dizer que
“foi um erro”, pedindo desculpas ao público. Nessas duas questões, Donald já
vencia por 2×0.
Em relação ao Obamacare,
nenhum dos dois venceu. Ele atacou duramente o programa, enquanto ela apontava
o republicano como “desumano, inimigo dos pobres”. Mas como não havia nada de
novo, podemos dizer que o placar aqui seria de 3×1. Quanto aos muçulmanos, ela
se deu melhor ao citar as ofensas de Trump – feitas em agosto deste ano – à
família de um oficial americano muçulmano morto em combate. Aqui, tínhamos
Trump 3×2.
Ele pontuou de novo ao tratar
os diálogos de Hillary com banqueiros de Wall Street. Ela foi questionada se
teria “duas caras”. Tentando se safar, citou Abraham Lincoln e não conseguiu
dar uma resposta coerente. Trump bateu forte ao dizer que há uma grande
diferença entre “Honest Abe” e ela, que mentiu deliberadamente para o povo. Foi
fácil para Trump. Trump 4×2.
Outra questão estava
relacionada ao pagamento de impostos para ricos. Respostas mornas de ambos os
lados. Trump 5×3.
Surpreendentemente, Trump se
saiu bem de novo em uma questão internacional: a da Síria. Ela começou citando
o menino de 4 anos que apareceu sangrando em uma foto. O problema é que ela foi
secretária de defesa durante muito tempo, facilitando a vida de Trump que
colocou a tragédia nas costas dela. Vale lembrar que, ao contrário da maioria
das outras questões, é bom dizer que o adversário é “incompetente” para a
geopolítica. Nas demais questões, sempre é melhor apontar a má intenção – ao
invés da incompetência. Trump 6×3.
Outra vitória de Trump se
relacionou às declarações de Hillary dizendo que os eleitores de Trump eram
“deploráveis”. O candidato republicano pôde lançar mão do shaming, o que a fez
ir para a defensiva. Ela disse que “se referia às ideias dele, e não aos
eleitores”. Ficou fácil para Trump chamá-la novamente de mentirosa, pois ela
realmente chamou seus eleitores de “deploráveis”. Nesse momento, os
apresentadores tentaram intervir em favor de Hillary – como fizeram várias
vezes durante o debate -, mas Trump não deu margem nem para a dupla de desonestos.
Outro lance sensacional de
Trump foi quando ele disse que Hillary “tem muito ódio” por ter dado essas
declarações. Finalmente, hein? Estão vendo como não é difícil apontar o “ódio”
do oponente? Trump 7×3.
Surgiu daí em diante uma
questão inusitada, sobre a “disciplina” de um líder, a respeito de uma twittada
feita por Trump às 3 da manhã, onde não tivemos vencedores. Em outra questão,
com relação à nomeação de um juiz para a Suprema Corte, Trump também mandou bem
ao citar que nomearia um juiz como Antonin Scalia. Em relação à uma questão
sobre energia, tudo ficou muito morno, mas Hillary se saiu melhor. Digamos que
até aqui tínhamos Trump 10×6.
Pena que no final a questão
pedia para o adversário fazer um elogio ao outro. Hillary foi cínica e elogiou
“os filhos de Trump”. Quer dizer, não apontou um elogio ao adversário. Trump
caiu na armadilha e fez um elogio à Hillary: “ela é uma lutadora”. Aqui ela se
deu bem. No resultado final, Trump 11×7.
No fim das contas, o resultado
foi bem melhor do que eu esperava. Resta saber se ele vai manter esse tipo de
tom ofensivo até o final e se irá ainda mais para a ofensiva no último dos três
debates. Se o fizer, há chances de que o placar – ainda desfavorável a ele –
seja revertido. A ver.
Título, Imgem e Texto: Luciano
Ayan, Ceticismo
Político, 10-10-2016
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