Até à década de 1970, o
paradigma há muito dominante na história da ciência era o da ciência triunfante
e da religião em conflito permanente e feroz com aquela. Este é o paradigma que
ainda persiste nos principais meios de comunicação e em algumas publicações
académicas. Todavia, há uma nova geração de historiadores da ciência e
historiadores da religião que se tem debruçado sobre os episódios destas duas
disciplinas, analisando-os à luz dos valores e conhecimentos dos respectivos
protagonistas.
Este livro é fruto de algumas
dessas investigações. Juntamente com
outros vinte e quatro académicos que se dedicam a esta nova história da
ciência, Ronald L. Numbers esclarece vinte e cinco mitos – que define
simplesmente como «afirmações falsas» -, contrariando a ideia de que ciência e
religião estão perpetuamente numa luta sem quartel. Cada um dos capítulos de
Galileu na Prisão mostra o quanto temos a ganhar em ver para além dos mitos.
Numa obra simultaneamente informativa e lúdica, os autores – que incluem agnósticos,
ateus e cristãos - desmontam ideias que têm sido apresentadas sob a capa de
verdade histórica, desde o encarceramento de Galileu à conversão de Darwin no
leito de morte, passando pela crença de Einstein num Deus pessoal que «não joga
aos dados com o universo». Sendo o obscurantismo o maior inimigo do
conhecimento, a leitura deste livro que o enfrenta é imprescindível.
Autor:
RONALD L. NUMBERS é professor
de História da Ciência e da Medicina na Universidade de Wisconsin-Madison.
Desempenhou funções como presidente da Fundação para a História da Ciência e da
Sociedade Norte-Americana de História da Igreja. Atualmente é presidente da
União Internacional de História e Filosofia da Ciência, secção de História da
Ciência e da Tecnologia.
Aconselharia a ler este livro
e a pensar sobre estes 25 «mitos». Haverá toda a vantagem em descontextualizar
alguns e relativizar a sua importância.
1 - A ascensão do cristianismo
foi responsável pela morte da ciência antiga.
2 - A Igreja medieval impediu
o desenvolvimento da ciência.
3 - Os cristãos medievais
ensinaram que a Terra era plana.
4 - A cultura islâmica
medieval foi hostil à ciência.
5 - A Igreja medieval proibiu
a dissecação humana.
6 - A teoria de Copérnico
desalojou os seres humanos do centro do cosmos.
7 - Giordano Bruno foi o
primeiro mártir da ciência moderna.
8 - Galileu foi preso e
torturado por advogar a teoria de Copérnico.
9 - O cristianismo gerou a
ciência moderna.
10 - A revolução científica
libertou a ciência da religião.
11 - Os católicos não contribuíram
para a produção científica.
12 - René Descartes criou a
distinção mente – corpo.
13 - A cosmologia mecanicista
de Newton eliminou a necessidade de Deus.
14 - A Igreja denunciou, com
fundamentos bíblicos, a aplicação de anestesia nos partos.
15 - A teoria da evolução
orgânica baseia-se num raciocínio circular.
16 - O evolucionismo destruiu
a fé de Darwin no cristianismo – até aquele se converter no leito da morte.
17 - Huxley derrotou
Wilberforce no debate sobre evolução e religião.
18 - Darwin aniquilou a
teologia natural.
19 - Darwin e Haeckel foram
cúmplices da ideologia nazi.
20 - O caso Scopes terminou em
derrota do antievolucionismo.
21 - Einstein acreditava num
Deus pessoal.
22 - A física quântica
demonstrou a doutrina do livre-arbítrio.
23 - O «design inteligente»
representa um desafio científico para a evolução.
24 - O criacionismo é um
fenómeno exclusivamente americano.
25 - A ciência moderna
secularizou a cultura ocidental.
Concuída a reeleitura em 23 de julho de 2024.
ResponderExcluirMuito bom! Recomendo vivamente!
Eles são enfáticos: o livre-arbítrio não é mais que uma ilusão.
ResponderExcluir“O livre-arbítrio é uma idealização que torna possível o jogo da ética.”
Continuariamos, assim, a viver no mundo descrito por Cássio em Júlio César. “Há momentos em que os homens são donos de seu fa...
Leia mais em: https://veja.abril.com.br/ciencia/o-livre-arbitrio-nao-existe-dizem-neurocientistas
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/10945/1/2014_dis_fhcfelix.pdf
ResponderExcluir👍
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