Donald Trump consegue mesmo na situação
mais sombria, em que todos já julgam a derrota ou o descalabro iminente, uma
solução que se revelará brilhante e ganhadora – a que acrescenta a lucidez para
dilucidar quais são as inquietações, os intentos, os medos e os sonhos das
pessoas
João Lemos Esteves
Foi um discurso brilhante,
no conteúdo e na forma. Na palavra escrita e na execução perante o Congresso –
e os milhões de cidadãos americanos que seguiram com interesse e entusiasmo o
discurso do Estado da Nação na noite de ontem (madrugada de hoje em Portugal).
Aliás, foi curioso notar que,
nas redes sociais, nas horas que antecederam o discurso, muitos comparavam o
discurso à final do “Super Bowl” pelo interesse e expectativa gerados: o que,
por si só, já é um feito. Isto porque
historicamente os discursos dos Presidente dos EUA perante o Congresso vão
perdendo a sua capacidade mobilizadora dos norte-americanos à medida que se
avança no mandato: as alocuções antes das eleições primárias registam elevados
índices de audiência; os demais passam despercebidos, sendo considerado uma
mera prática político-constitucional da democracia norte-americana, mais
simbólica do que efetiva.
Daí que raramente tais discursos se eternizem nos livros da Histórica: nas últimas décadas, os discursos do “State of the Union” da segunda metade do mandato têm- se pautado mais pelo carácter conjuntural do que estrutural, perdendo-se o seu interesse na espuma dos dias. Pois bem, o discurso de ontem foi diverso: o Presidente Donald Trump proferiu um discurso – o terceiro, se incluirmos a declaração à sessão conjunta do Congresso de 2017 – que será recordado nos anos vindouros, quer pela forma como foi proferida, quer pelo seu significado político.
O Presidente Trump não se
focou apenas na estrutura, no longo prazo –mas também não se perdeu na
conjuntura: pelo contrário, o Presidente Donald Trump assinalou, sem
tergiversações, que pretende construir a perenidade a partir da atualidade
(ou, se preferirmos, agir na atualidade para não perder a hipótese de afirmar
a supremacia do sonho americano na perenidade).
Porque, no fundo, falar de
perenidade do legado do Presidente Trump é falar na durabilidade e resgate do
sonho americano: Donald Trump (é pena que os média e os adversários políticos
não o percebam; a discussão política seria bem mais séria e bem mais frutuosa
para os democratas e para a República
constitucional norte-americana) entende, acredita e é um personificador do
“Americanismo”.
Isto é, o Presidente Trump é o
Presidente – diríamos que, pelo menos, desde Ronald Reagan – mais em sintonia
com a história, os valores e o significado da excepcionalidade (que não
necessariamente do excepcionalismo) americana. Excepcionalidade e
excepcionalismo não são irrefragavelmente a mesma realidade: excepcionalismo
corresponde a uma doutrina política e pensamento estratégico que consiste na
pretensão de exportar os valores que fazem dos EUA uma nação grandiosa para
diferentes povos, mesmo que estes não o queiram; excepcionalidade, significa
antes a crença no sistema de valores que fazem a América o sítio mais cobiçado
do mundo, que ainda hoje suscita sonhos e aspirações pessoais e profissionais
vários e por diversas latitudes e longitudes, partilhados mesmo por aqueles que
tanto criticam os EUA – que deverá ser defendido no plano internacional, mas
não necessariamente imposto a outros povos.
A excepcionalidade América
traduz-se, pois, na defesa dos valores da liberdade, da iniciativa privada, da
democracia e do individualismo solidário; na defesa intransigente destes
valores dentro do território americano; na defesa deste sistema de valores nos
fóruns de princípio multinacionais, como a ONU; na promoção deste sistema de
valores nas relações bilaterais dos EUA com os seus aliados; na tomada de
posição firme contra Estados hostis aos EUA que fazem perigar a segurança
internacional e, logo, a própria segurança do território norte-americano; no
apoio - de geometria variável de acordo com os casos, as situações e os protagonistas
- a povos que queiram partilhar o
referido sistema de valores (repare-se que foi a aplicação/defesa da
excepcionalidade americana que esteve subjacente à certeira decisão do
Presidente Donald Trump de apoiar Guaidó como Presidente da Venezuela: o
primeiro a fazê-lo, levando os seus congêneres europeus a seguir o seu exemplo
– mais uma vez, os líderes europeus precisaram da lucidez e da coragem
decisória de Trump para perceber o óbvio…).
Dito isto, reiteramos o que
escrevemos no nosso livro sobre a vitória do Presidente dos EUA, “Dia D – Dia
de The Donald”: Donald Trump é uma pessoa inteligentíssima, que combina
exemplarmente uma inteligência prática com uma inteligência empática. Donald
Trump consegue mesmo na situação mais sombria, em que todos já julgam a derrota
ou o descalabro iminente, uma solução que se revelará brilhante e ganhadora – a
que acrescenta a lucidez para dilucidar quais são as inquietações, os intentos,
os medos e os sonhos das pessoas.
Todavia, não se despreze a
capacidade intelectual de Trump: muitos apontaram a sua instabilidade para
antecipar o pior cenário para os EUA sob a sua presidência. Ora, se há político
que tem apresentado posições teóricas coerentes entre si e consistentes com a
sua prática política, esse político é o Presidente Trump; evoque-se que Donald
Trump escreveu, há cerca de trinta anos, um artigo no “The New York Times” a
reclamar uma política externa com mais “backbone” e a alertar para os perigos
do peso da dívida pública norte-americana - ideias que retomou, em 2012, no
livro “Time to Get Tough”, depois de já as ter advogado em livro anterior “The
American We Deserve”, publicado em 2000; ideias que desenvolveu no livro
“Crippled America”, publicado em 2015, reeditado em 2016 com o título “Great
Again” – e, desde 2016, está implementando tais ideias, desenvolvidas nos
últimos trinta anos, na “White House”.
Mais: Donald Trump
acrescenta à inteligência, dois trunfos que tendem a ser desprezados pelos
políticos – o senso comum e a coragem.
Coragem, essa, que tem uma
faceta com a qual os democratas lidam terrivelmente: a capacidade de intuir
aquilo que os adversários estão à espera – e fazer exactamente o contrário. Ou
seja, o Presidente Trump é muito rápido a pensar, a agir e a surpreender.
Pois bem, os democratas
contavam com um discurso do “State of the Union” centrado no ataque a Nancy
Pelosi pela sua intransigência na viabilização dos recursos financeiros
necessários para a construção do muro na fronteira do sul dos EUA – todavia, o
Presidente Trump apostou num tom de concórdia, de colocar os interesses
partidários de parte e prosseguir o interesse colectivo da Nação americana.
Nenhum partido ganha quando o
povo americano perde – eis a frase mais sonante do discurso de ontem.
De forma sintética, podemos
afiançar que o discurso do “State of the Union” encerra o “fantastic four” da
agenda política de Donald Trump para continuar a fazer a América “Great Again”:
Americanismo: orgulho na
história, confiança no presente e esperança inabalável no futuro dos EUA. O
Presidente Trump não quer que a América se converta numa potência imperial; mas
não abdica de um protagonismo, no plano internacional, à medida da grandeza
americana. Se outros países – com declaradas pretensões imperialistas –
continuam atuando com a cumplicidade da comunidade internacional, os EUA, sob
a liderança do Presidente Trump, não ficarão impávidos e serenos às novas rotas
que ameaçam a segurança americana (e mundial) e a civilização ocidental.
O Presidente dos EUA, como o
líder de qualquer país, deve estimular os agentes econômicos a “buy american
and hire american” e criar medidas para fixar os centros de produção industrial
em solo norte-americano – é um corolário do nacionalismo econômico advogado por
Steve Bannon, que não é exclusivo, mas sim inclusivo: apenas se define pelo
vínculo de cidadania e não pela pertença a um qualquer grupo ou a uma ideia
mítica de nação.
Ora, a defesa dos valores que
integram o código genético dos EUA inspirou o Presidente Trump para a sua
proclamação histórica: a América jamais será um país socialista (perante a
indefinição dos democratas, que não sabiam se haviam de aplaudir ou ficar
sentados – isto é, se deveriam manifestar o seu compromisso de fidelidade com a
América ou o seu compromisso com as tiradas eleitorais de Novembro passado em
que defenderam, pelo menos alguns, o cenário de os EUA se transformarem na nova
Venezuela…);
Segurança: o Presidente
Trump não abdicará de reforçar a segurança na fronteira sul dos EUA, garantindo,
assim, a protecção dos cidadãos americanos, sobretudo dos mais vulneráveis. O
plano ideal será um acordo bipartidário, atendendo à essencialidade da matéria
para o bem-estar colectivo da nação americana: não o sendo possível, parece-nos
que a mensagem subliminar do discurso de ontem é que o Presidente Donald Trump
invocará o estado de emergência nacional para concretizar a sua promessa
eleitoral – e que é tão importante, porque com a segurança (atenção, “cabritas
jamaicanos” desta vida) não se brinca.
Tal como referiu Trump, se
Nancy Pelosi e outras celebridades (políticas e não políticas) acham importante
tão importante construir muros e vedações em torno das suas casas, então também
devem garantir a segurança do povo americano face aqueles que desafiam as leis
internas democraticamente aprovadas;
Igualdade: Trump é o
Presidente que mais tem feito pela “igualdade na liberdade” das últimas
décadas. Desenvolveremos esta ideia em prosa autónoma: para já, mencione-se que
a política de condenação da imigração ilegal não é contra os imigrantes
enquanto pessoas dotadas de direitos à luz do Direito Internacional – é, antes,
em defesa dos imigrantes legais e dos cidadãos americanos.
É a defesa do direito à igualdade de
oportunidades daqueles que cumprem a lei: a imigração ilegal descontrolada
retira postos de trabalho aos americanos de grupos mais vulneráveis, como os
afro-americanos, e torna-os mais pobres (porque os salários sofrem uma pressão
no sentido descendente). Acresce, ainda, que o Presidente Trump obteve uma vitória que todos julgavam
impossível, até porque Obama tentara e não conseguira: a reforma do sistema
prisional, juntando ao elemento retributivo (dominante nos EUA – retributivo,
significa que a pena é encarada como um castigo) o elemento de socialização
(preparar o condenado para uma segunda oportunidade na vida, em virtude de
méritos próprios por si revelados no processo de ressocialização).
Ora, esta medida visa,
essencialmente, corrigir desigualdades gritantes perpetrados pela justiça
criminal que punem a população afro-americana: estes são os maiores
beneficiários (e justamente) da medida pela qual o Presidente Trump tanto
lutou.
Isto já para não mencionar o
reforço da legislação contra o tráfico de seres humanos (que visa sobretudo
proteger as mulheres dessa ameaça sinistra que é o tráfico para exploração
sexual) e a aprovação da legislação que prevê a licença parental de seis
semanas por nascimento de criança ou constituição de vínculo adoptivo
(reivindicação das associações de defesa dos direitos das mulheres e das
famílias, desde há muito – Obama tentara e não conseguira). O Presidente Trump
congratulou-se com o facto de o desemprego entre a população feminina ser o
mais baixo desde há muito; o salário médio da população feminina é o mais
elevado desde há décadas; e o número de mulheres a desempenhar cargos de topo
em empresas e instituições públicas nunca fora tão elevado. Mérito, neste
ponto, para o trabalho dedicado e sempre competente e inspirador de Ivanka
Trump;
Diversidade: a democracia
americana está mais forte do que nunca, com a mobilização do povo americano
para a defesa de causas públicas. O Presidente Trump assinalou, ontem, como é
tão importante que, não obstante as divergências ideológicas e partidárias, o
Congresso dos EUA tenha hoje uma representação recorde da população feminina –
e, pela primeira vez, tenha uma representante islâmica.
É a confirmação daquilo que o
Presidente vem afirmando desde a sua tomada de posse: não interessa a religião,
o género, a orientação sexual ou a origem – as suas políticas visam favorecer
todos os cidadãos americanos.
Dois momentos históricos do
discurso de ontem, em matéria de diversidade: primeiro, a união – que colocam
em causa a ideia de uma América irremediavelmente dividida – expressa no grito,
em uníssono e genuíno, “exaltador dos EUA – “USA! USA! USA!” – que juntou, a
uma só voz, o Presidente Trump, Occasio-Cortez, Kamala Harris, Bernie Sanders,
Nancy Pelosi, Chuck Schumer e Ilhan Omar e todos os demais membros do Congresso.
Segundo: o momento que deve
ser visto, revisto e revisto de novo, de
homenagem às vítimas do Holocausto, com a presença, lado a lado, de um
sobrevivente da barbárie Nazi (que só não foi para o campo de concentração de
Dachau, porque os soldados americanos pararam e libertaram o comboio que para
aí se dirigia) e do soldado que interveio na liberação desse comboio.
O Presidente Trump não se
limitou a falar do passado: antes, chamou a atenção para o problema que temos
nas sociedades atuais que é o recrudescimento do antissemitismo.
É que, ao contrário de outros
tipos de discriminação, a discriminação, o discurso de ódio contra a comunidade
judaica continua a ser tolerada - nunca
é demais ouvir, fixar e difundir a história e o exemplo de Judah Samet, judeu
que sobreviveu ao Holocausto e – ironia trágica da vida – ao atentado à
sinagoga “Tree of Life” em Pittsburgh, Pensilvânia, no ano transacto (e que,
ontem, completou oitenta e um anos de vida, com direito a cântico comemorativo
em pleno Congresso, durante o “State of the Union”).
Nós não esquecemos – e é pela
defesa da memória e da justiça histórica que o Presidente Trump fez questão de
enaltecer a decisão irreversível (prometida por tantos Presidentes e nunca
concretizada) de mudar a Embaixada dos EUA para Jerusalém, a CAPITAL de Israel!
Em síntese: um discurso
notável – o melhor do Presidente Trump e certamente um dos melhores das últimas
longas décadas – que merece ser devidamente compilado em livro brevemente. Mais
um passo, seguro e firme, rumo a Keep America Great em 2020…E os cidadãos
americanos partilham da nossa opinião: até a CBS – crítica acérrima de Trump –
divulgou uma sondagem segundo a qual mais de 70% dos que acompanharam o
discurso avaliaram-no como “Muito Bom”!
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL,
6-2-2019
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