Deputados ainda votarão destaques que podem
suprimir pontos do texto
Eduardo Piovesan e Carol
Siqueira
O Plenário da Câmara dos
Deputados aprovou em segundo turno, no início da madrugada desta quarta-feira
(7), o texto-base da reforma da Previdência (PEC 6/19). Foram 370 votos
favoráveis e 124 contrários.
Os deputados precisam votar
ainda os destaques apresentados ao texto, em sessões a partir das 9 horas desta
quarta-feira. No primeiro turno, foram 379 votos a 131.
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Foro: Cleia Viana/Câmara dos Deputados |
Na regra geral, o texto
estabelece idade mínima para aposentadoria: 62 anos para mulheres e 65 para os
homens. O tempo de contribuição necessário é de 15 anos, mas para receber um
benefício maior o trabalhador precisará contribuir por mais tempo – com 40 anos
de recolhimento, ficará com o total da média de todos os salários de
contribuição.
A proposta também aumenta
alíquotas previdenciárias. Esses dispositivos foram preservados na votação
desta quarta.
A análise do texto, iniciada
na noite desta terça-feira (6), foi encerrada na madrugada de quarta
após obstrução de partidos contrários. O líder da Oposição,
deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), destacou que a proposta “ainda tem muitas crueldades” e
ressaltou que os destaques tentarão mudar alguns pontos na votação em segundo
turno.
Para o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), a
proposta foi aperfeiçoada pela Câmara e vai ser o pontapé para o crescimento do
País. “A proposta equilibra as contas públicas e dá novo salto para o ajuste
fiscal”, afirmou.
Confira os pontos pendentes
de votação:
- destaque do PT pretende
manter o cálculo atual das aposentadorias pela média dos 80% maiores salários
de contribuição, em vez da proposta, que determina a média de todos os salários
de contribuição;
- destaque do Novo quer
excluir a transição para servidores públicos e segurados do INSS na qual se
exige “pedágio” de 100% do tempo de contribuição que faltar para cumprir esse
requisito;
- destaque do PDT pretende
excluir a exigência desse “pedágio”, mantendo apenas os requisitos de idade e
tempo de contribuição;
- destaque do PT permite
contar o mês de contribuição mesmo que o recolhimento feito pelo segurado seja
sobre valor inferior ao salário mínimo;
- destaque do PCdoB pretende
excluir dispositivo que permite o pagamento de pensão por morte de valor
inferior a um salário mínimo se o beneficiário receber outra renda formal;
- destaque do PSB propõe
excluir o aumento de pontos exigidos do trabalhador sujeito a agentes nocivos
(químicos, biológicos e físicos) na regra de transição. Esses pontos são a soma
de idade e tempo de contribuição;
- destaque do Psol quer manter
a regra atual de pagamento do abono do PIS/Pasep para quem recebe até
dois salários mínimos. A PEC propõe pagar esse abono a quem recebe até um
salário;
- destaque do PT quer excluir
da PEC regra que restringe o recebimento do Benefício de Prestação Continuada
(BPC) a pessoa idosa ou com deficiência de família com renda mensal per capita
inferior a um ¼ do salário mínimo.
Acusações
Os debates em Plenário também foram marcados por acusações de que o governo conseguiu votar a matéria apenas depois de enviar ao Congresso Nacional projeto com recursos da ordem de R$ 3 bilhões para liberação de emendas orçamentárias que teriam sido prometidas em troca da votação da reforma.
Os debates em Plenário também foram marcados por acusações de que o governo conseguiu votar a matéria apenas depois de enviar ao Congresso Nacional projeto com recursos da ordem de R$ 3 bilhões para liberação de emendas orçamentárias que teriam sido prometidas em troca da votação da reforma.
“Uma emenda parlamentar acaba
rapidamente, mas a desgraça na vida dos trabalhadores fica, a desgraça na vida
das viúvas fica. Como é que nós podemos defender uma proposta em que as viúvas
perdem mais de 40% daquilo a que teriam direito?”, questionou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
Para o deputado Marcelo Nilo (PSB-BA),
essa situação “é o toma lá, dá cá mais vergonhoso da história do Brasil”.
Já o deputado Silas Câmara (PRB-AM) defendeu
o texto da PEC e destacou que o governo editou uma portaria para que as viúvas
não sejam prejudicadas. “Está garantido o salário mínimo de pensão desde que
não haja uma renda formal. O governo foi além e determinou que também não será
considerada renda menor do que o salário mínimo. Uma viúva que, por trabalho
intermitente, ganhe R$ 600 terá garantido o mínimo na pensão”, afirmou.
Já a líder da Minoria,
deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), contestou. “Essa portaria sobre pensão por morte não
resolve o problema das mulheres brasileiras, das pensionistas brasileiras. É
bom que a bancada feminina, que os evangélicos, que todos ouçam isso. A
portaria não resolve a questão que está garantida hoje na Constituição”,
afirmou.
Pontos inalterados
Como o prazo para apresentação de destaques já se encerrou, vários pontos sobre os quais não houve proposta de exclusão permanecem no texto que será enviado ao Senado quanto a votação for concluída.
Como o prazo para apresentação de destaques já se encerrou, vários pontos sobre os quais não houve proposta de exclusão permanecem no texto que será enviado ao Senado quanto a votação for concluída.
Confira alguns desses pontos
já aprovados no texto-base do segundo turno:
- volta da alíquota de 20% da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos. Essa alíquota
estava vigente até dezembro de 2018, quando passou a ser de 15%;
- alíquotas escalonadas da
contribuição do segurado do INSS e do servidor público (ativo, aposentado e
pensionista);
- regras de transição por
pontos (idade + tempo de contribuição), de “pedágio” de 50% do tempo que faltar
para se aposentar na data de publicação da reforma (INSS), de idade (INSS) e de
tempo de contribuição (INSS);
- regras para detentores de
mandato eletivo;
- todos os artigos que
desconstitucionalizam regras sobre Previdência Social, remetendo novas
alterações a leis;
- regras sobre fundo
complementar de servidores públicos;
- regras de transição sobre
policiais, agentes penitenciários e socioeducativos federais;
- cobrança de Previdência
sobre indenização recebida por anistiados políticos; e
- regras sobre acumulação de
pensões por morte.
Título e Texto: Eduardo Piovesan e Carol Siqueira; Edição: Pierre
Triboli – Agência Brasil, 7-8-2019
E continua obrando (contra, claro!):
ResponderExcluirMudanças na Previdência são injustas, concordam debatedores na CDH
Paulo Paim continua obrando – contra!
ResponderExcluirO presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), disse esperar que a reunião “tenha impacto positivo e sensibilize não só o relator, como também os senadores e senadoras” para não aprovarem a reforma como ela está.